O show mais recente do Metá Metá em Belo Horizonte foi em dezembro de 2018. Outra vida, dirão alguns diante de tudo o que ocorreu desde então – em BH, no Brasil e no mundo. “O povo é que não marca”, diz o saxofonista Thiago França, a ponta mineira do trio formado em São Paulo com a cantora Juçara Marçal e o guitarrista Kiko Dinucci.

 

“A sensação que tenho é de que a gente se recuperou da pandemia, mas ainda não do Bolsonaro. O estrago foi muito profundo no sentido de políticas públicas, de circulação, fomento. Isso demora a reerguer”, continua França. Fato é que cinco anos e meio depois, o trio faz show neste sábado (6/7), n’A Autêntica. A abertura será de Dona Eliza, da Velha Guarda do Samba de BH.

 



 

Faz 16 anos desde que os três se reuniram no projeto que soma as trajetórias individuais e celebra a música livre, com forte influência dos ritmos africanos e da musicalidade brasileira. É jazz, mas pode ter um acento rock também.

 

“O Metá nasceu como um projeto, tanto que no primeiro disco (2011), de quando as pessoas ainda usavam iTunes, os artistas eram o Kiko, a Juçara e eu. ‘Metá Metá’ era o nome do álbum. Somente a partir do segundo (‘Metal Metal’, 2012) viramos banda. Teve um momento de muita demanda, uma época mais prolífica em que ele acabou se tornando o projeto principal de nós três, ocupava a maior parte do nosso tempo. Hoje, eu diria que ainda é um projeto”, continua França.


Na hora


No palco, o improviso rola solto. “Tem tanto o improviso no formato mais clássico, no sentido de ter um solo no meio da música, como também de arranjos. Eles têm certa elasticidade, então a gente muda um pouco o jeito de tocar, uma frase. Nunca é muito estático, tanto que tem coisas que a gente decide na hora. Afinal de contas, faz tempo que a gente toca junto”, diz França.

 

 

O repertório dos shows mais recentes trazem uma inédita. Mas o Metá Metá toca músicas de seus três discos e três EPs, além das trilhas. A mais conhecida, bem sabemos, é a de “Gira” (2017), criada para o Grupo Corpo. Recentemente, informa França, o trio concluiu a trilha de uma série sobre a maconha dirigida por Gabriel Martins.

 

Enquanto o Metá Metá segue, cada integrante continua com sua carreira individual. Até o fim do ano, França lança dois discos. Um solo, “Canhoto de pé”, que ele diz ter sido criado “quase como coletânea”.

 

“Tem muitas frentes de trabalho, mas é um disco protagonizado pelo saxofone. Tenho faixas tocando sozinho quanto outra com a Juçara, por exemplo. Cada uma traz sonoridade diferente”, explica.

 

O outro trabalho é a Espetacular Charanga do França. Projeto folião lançado há mais de 10 carnavais, nasceu como banda e não demorou a se transformar em bloco. Adotou azul e prata, as cores de Ogum e Iemanjá, os padroeiros do bloco, que desfila sempre às segundas-feiras na folia paulistana. “Tirando os anos da pandemia, a gente tem feito um disco por ano”, acrescenta ele.

 

Thiago França nasceu em BH, mas viveu aqui até os 8 anos. Adulto, voltou para a cidade entre 2000 e 2004, época em que tocou no Copo Lagoinha e com muitos instrumentistas da capital. No retorno para São Paulo, não parou mais. Acredita que “Canhoto de pé” seja seu 33º álbum – aí contados tanto os trabalhos solo quanto aqueles com as várias bandas que integra ou integrou.



METÁ METÁ


Show neste sábado (6/7), n’Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312), Santa Efigênia. Abertura: Dona Eliza. A casa abre às 21h. Ingressos de 3º lote: R$ 100 (inteira). Ingresso social: R$ 70. À venda na plataforma Sympla.

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