Há quase uma década, o cantor e compositor paulista Zé Luiz Mazziotti, de 75 anos, foi chamado para se apresentar em Belo Horizonte durante evento em praça pública. “Não me lembro exatamente do ano em que isso aconteceu, nem do nome da praça. No dia do show, caiu uma chuva muito forte. O organizador pediu para que cantasse mesmo assim, e acabou que me apresentei para três casais, que ficaram na frente do palco segurando uns guarda-chuvas”, relembra.

 


Para quebrar a sina e voltar a ter boas recordações da cidade, Mazziotti retorna à capital para se apresentar no projeto “Sarau em casa”, na Pampulha, neste sábado (6/7). “Tenho muitos amigos em BH: Bob Tostes, Márcio Lott, Ana Espí e Marcelo Kamargo. Sempre vim à cidade visitá-los. Teve uma vez, inclusive, que me vi sozinho com o Milton Nascimento na casa dele”, conta.

 




 

Em formato intimista, voz e violão, Mazziotti vai repassar a carreira, que teve início em 1965, quando integrou o quarteto vocal Canto 4. Em 2020, lançou o disco de inéditas “A Roma”.

 


O repertório trará releituras, além de canções dos álbuns “Zeluis” (1979), com arranjos de Dori Caymmi e Gilson Peranzzetta, “Sinais” (1981), “E o amor falou” (1984), “José Luiz Mazziotti” (1995), “Pra Fugir da Saudade – com Célia” (2002) e “Canções de Chico Buarque na interpretação de Zé Luiz Mazziotti” (2004), além de “A Roma”.

 


Um tanto reservado, o que poderia facilmente ser confundido com timidez, Mazziotti ostenta currículo de peso. Trabalhou com Elizeth Cardoso, Ângela Maria, Zezé Gonzaga, Alaíde Costa e Jamelão. Discos dele trazem os convidados Nana Caymmi, Célia, Leny Andrade, Rosa Passos e Fátima Guedes, entre outros.

 


Em 1974, Mazziotti gravou “Até quem sabe”, com arranjos de César Camargo Mariano, no disco da trilha de “Os inocentes”, novela da Tupi. Em 1977, interpretou a canção “Dona Benta”, de Ivan Lins e Vitor Martins, no LP “Sítio do Pica-pau amarelo”, trilha sonora do programa infantil da Globo.

 


Depois do “Sítio”, Mazziotti foi chamado por diferentes estúdios para gravar jingles ao lado de Marcos e Paulo Sérgio Valle, Ivan Lins, Djavan, Tavito e Eduardo Souto Neto. Numa dessas gravações, Gilson Peranzzetta recorreu a ele porque precisava de uma voz masculina para backing numa faixa da artista que estava produzindo. Mazziotti gravou. A música era “Estrela, estrela” (Vitor Ramil). A cantora, Gal Costa.

 

Em 1992, o paulistano ganhou o prêmio de melhor intérprete no Novo Festival da MPB, da TV Record. Nessa época, já morava na Europa, onde viveu de 1984 a 1995. Veio ao Brasil apenas para participar do concurso.

 

Felipe Bedetti vai participar do sarau do ídolo Zé Luiz Mazziotti, neste sábado (6/7)

Marcella Mendes/divulgação

 

 

Na apresentação deste sábado, Mazziotti pretende valorizar a poesia da MPB produzida entre as décadas de 1960 a 1990. “Estou querendo mostrar a qualidade que a gente tem. Os letristas espetaculares, como Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e tal. Quero apresentar canções que tenham, ao mesmo tempo, qualidade literária e musical”, ressalta, citando também Chico Buarque, a quem dedicou um álbum.

 


O veterano critica o cenário atual da música brasileira. “Dá vontade de desistir. É muito difícil lutar contra o que está aí, essa estrutura de mercado que não dá espaço para artistas de outras vertentes”, diz, referindo-se ao padrão dos rankings “das mais tocadas”.

 

Felipe Bedetti

 

No sarau, ele terá como convidados Ana Espí, Marcelo Kamargo, Márcio Lott e Felipe Bedetti, jovem de Abre Campo que tem se destacado na cena de BH.

 

“O Bedetti diz que tem 24 anos, mas ele tem uns 82. Ele é velho”, brinca Mazziotti. “Não digo isso com uma conotação ruim. Ele é velho no sentido de ter inteligência e sabedoria acima da média, gostos musicais que não condizem com o pessoal da idade dele. Trabalha e corre atrás das oportunidades, além de ter uma técnica incrível para tocar violão e cantar”, elogia.

 

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O jovem mineiro retribui o carinho. “É um cara que conheci como fã e depois virou um grande parceiro”, ressalta Bedetti.

 

Zé Luiz Mazziotti não pretende ficar mais 10 anos sem voltar à capital mineira. Conta que está para lançar em breve um álbum com o repertório de Dick Farney. “Um dos primeiros lugares onde quero me apresentar é BH”, promete. 

 

“SARAU EM CASA”


Show de Zé Luiz Mazziotti. Participações de Ana Espí, Marcelo Kamargo, Márcio Lott e Felipe Bedetti. Neste sábado (6/7), às 21h, na Rua Expedicionário José Assumpção dos Anjos, 385, São Luiz. Reserva: R$ 95 (inclui entrada, petiscos e jantar) pelo WhatsApp (31) 99954-8206, com Ana Espí.

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