Um dos principais violoncelistas do mundo, Antonio Meneses, de 66 anos, anunciou o afastamento dele dos palcos e da Universidade de Berna, na Suíça, onde leciona. Um comunicado divulgado neste domingo (7/7) nas redes sociais informa que o músico brasileiro tem um tipo agressivo de tumor cerebral, chamado gliobastoma multiforme, e recebe cuidados paliativos. Ele se apresentaria com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais em 17 e 18 de outubro, em Belo Horizonte.

 

O concerto “Meneses e o amor impossível” ocorreria na Sala Minas Gerais, sob a regência de Fabio Mechetti, reunindo peças de Camargo Guarnieri, Edward Elgar e Sergei Prokofiev.

 

 


 

“Antonio Meneses é não só o maior violoncelista brasileiro, mas exemplo absoluto de profissionalismo, humanismo e devoção à causa da música erudita. Desejamos neste momento que tenha conforto junto a sua família e a certeza do apoio de seus amigos e admiradores”, afirmou o maestro Mechetti, por meio da assessoria de imprensa da Filarmônica.


Aniversário em BH



Sempre com agenda internacional lotada, o violoncelista tem forte ligação com Minas Gerais. Em agosto de 2022, comemorou seu aniversário de 65 anos em Belo Horizonte, no palco do Centro Cultural Unimed-BH Minas, onde fez duas apresentações de “Antonio Meneses & amigos”. O repertório reuniu peças de Beethoven e Villa-Lobos, executadas com a pianista Celina Szrvinsk.

 
“Fisicamente, o músico não tem a mesma força, a agilidade do jovem. Mas aí você vem com a experiência, compensando com técnicas novas de executar o instrumento”, afirmou ele ao Estado de Minas, ao comentar a nova idade.

 

Em dezembro de 2023, Meneses ganhou homenagem na Sala Minas Gerais, com a estreia do “Concerto para violoncelo”, escrito para ele por André Mehmari e executado junto da Filarmônica. Os dois se conheceram em BH, em 2015. A dupla lançou o álbum “AM 60 AM 40” (Selo Sesc) em 2017. O título se refere às iniciais dos nomes de ambos e às respectivas idades naquela época.

 

Em 2023, Meneses e o pianista Cristian Budu se apresentaram em Ouro Preto, na Escola Saramenha de Artes e Ofícios, onde ministraram master classes. O violoncelista também participou de projetos e concertos da Fundação de Educação Artística (FEA), na capital.

 

“O público brasileiro sempre foi fiel, querendo não só me ouvir, mas todos os grandes que vêm de fora. Nunca faltou público. O que falta, por causa da pandemia, é relembrar que temos que voltar aos teatros, às salas de concerto. Nada que você veja na tela ou ouça em disco ou no Spotify se compara com o ao vivo”, disse Meneses ao EM, em 2021.

 

 


Menino-prodígio


Nascido no Recife e criado no Rio de Janeiro, Antonio Meneses ingressou na Sinfônica Juvenil do Theatro Municipal do Rio de Janeiro perto de completar 12 anos. Aos 14, foi contratado pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB).

 

Alguns anos depois, mudou-se para Düsseldorf, na Alemanha, onde estudou com o violoncelista italiano Antonio Janigro. Passou dificuldades financeiras, mas perseverou. A carreira só decolou em 1982, quando venceu o tradicional Concurso Internacional Tchaikovsky, em Moscou. Foi a primeira vitória de um estrangeiro no certame criado em 1958. Desde 1989, mora na Suíça.

 

Meneses integrou Beaux-Arts Trio de 1998 a 2008. Apresentou-se com Filarmônica de Berlim, Sinfônica de Londres, Filarmônica de Nova York e Concertgebouw de Amsterdã, entre outras orquestras mundialmente prestigiadas. Colaborou com os maestros Herbert von Karajan, Claudio Abbado e Gerd Albrecht.


Violoncelista aclamado, é convidado regular de festivais ao redor do mundo, como o Pablo Casals, em Porto Rico; Salzburgo e Viena, na Áustria; Sviatoslav Richter, na França; e Praga, na República Tcheca.

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