Como cantor, o inglês Ozzy Osbourne, de 75 anos, ajudou a cunhar clássicos do rock e do heavy metal à frente do Black Sabbath – foram nove álbuns de estúdio com o grupo britânico, entre eles “Paranoid” (1970) e “Sabbath bloody sabbath” (1973) – e na carreira solo, com 12 discos de estúdio com músicas próprias, vide “Bark at the moon” (1983) e “No more tears” (1991).

 


Nascido John Michael Osbourne, o vocalista, no entanto, não se destacou somente por seu trabalho musical e carisma no palco. Protagonizou histórias surreais. Várias delas como extensão de sua irreverência, outras decorrentes dos abusos de álcool e drogas.

 


O Estado de Minas convidou o jornalista, crítico musical, escritor e criador da revista Poeira Zine, Bento Araújo, para listar e comentar polêmicas envolvendo a figura do cantor.

 

 



 

“Carreirinha” de formigas

 

Durante turnê com a banda norte-americana Mötley Crüe, em 1984, Ozzy teria cheirado uma “carreirinha” de formigas no hotel onde os músicos estavam hospedados. A cena está presente no filme “The dirt – Confissões do Mötley Crüe” (2019). Ozzy confirmou o fato, ao ser indagado pelo filho Jack no podcast “The Osbournes”: “Sim, fiz isso. Eu estava bêbado.”

 

Crocante como McDonald’s

 

Em 20 de janeiro de 1982, fã atirou um morcego de verdade no palco do Veterans Memorial Auditorium, em Iowa, nos Estados Unidos, onde Ozzy se apresentava. Foi a deixa para o cantor arrancar com os dentes a cabeça do animal. “Ele pensou que era morcego de borracha e precisou ir para o hospital tomar vacina antirrábica”, relembra Bento.


Em entrevista ao jornal “The Times”, em 2008, o vocalista recordou o episódio: “Tentei tirá-lo rapidamente da minha boca, e a cabeça se separou do corpo. Era meio quente e crocante, tipo um McDonald’s.”

 

 

 

 

Paz nas trevas

 

Apelidado de “Príncipe das Trevas”, Ozzy já havia vitimado outro animal com asas. Em 28 de março de 1981, durante evento organizado pela gravadora CBS, Sharon Arden, empresária e futura esposa do cantor, levou pombas brancas para que Ozzy as soltasse, na tentativa de relacionar o símbolo da paz à imagem do ex-Black Sabbath.

 

Porém, uma das pombas teve a cabeça arrancada por Ozzy. “Minha mulher ficou maluca quando chegamos em casa e fui banido do prédio da minha própria gravadora”, disse ele no livro “Barulho infernal: a história definitiva do heavy metal” (Conrad, 2015).

 

“Número 2” no saguão

 

Ao longo de sua carreira, Ozzy Osbourne coleciona episódios escatológicos, como Bento Araújo relata. “Em uma ocasião, ele urinou no (Forte) Álamo, no Texas. Foi banido, não pôde pisar no estado durante uns 10 anos. Ele também defecava em vários lugares, como saguões e elevadores de hotéis onde ficava hospedado.”

 

“Tem uma ocasião lendária, pouco falada e que está na biografia ('A fast ride out of here: confessions of rock's most dangerous man', de 2018) do Pete Way (1950-2020), baixista do UFO, que tocou na banda do Ozzy durante a turnê do disco 'Diary of a madman', de 1981. Estavam ensaiando no estúdio ao lado da casa do Bryan Ferry, vocalista do Roxy Music. O Pete Way contou ao Ozzy que a casa ao lado era do Bryan, e Ozzy foi cagar na porta dele”, revela Bento.

 

 

 

Traição no Japão

 

Em algumas entrevistas, Sharon Osbourne contou como lidava com as traições de Ozzy. “Ele sempre teve groupies, eu estava muito acostumada com isso. Mas quando ele sabe o nome da pessoa, onde ela mora e onde trabalha, é uma coisa totalmente diferente, porque você está emocionalmente envolvido. Tomei não sei quantos comprimidos”, relatou ela a uma publicação do jornal “Mirror”, referindo-se a quando tentou se suicidar, sem citar o ano.


Em uma ocasião, Bento recorda, “Ozzy estava no Japão, conheceu uma groupie (fã que segue passos do artista, chegando até a se relacionar com ele) e a levou para o quarto do hotel. Só que a Sharon estava na cama dormindo. Quando acordou, deu umas porradas na groupie e quebrou um quadro na cabeça do Ozzy”.

 

Brincando com fogo (e com a religião)

 

Nos anos 1970, o vocalista do Black Sabbath “gostava de atear fogo nas coisas”, afirma Bento Araújo. “Incendiava jornais que as pessoas estavam lendo nas ruas e no metrô, além da barba do Bill Ward (baterista do Sabbath).”

 

Numa dessas “travessuras”, segundo Bento, “ele saiu rasgando 'Bíblias' pelos hotéis de estados mais tradicionalistas e religiosos dos Estados Unidos. Tony Iommi (guitarrista do Sabbath) descobriu e deu uma porrada na cara do Ozzy.”

 

O crítico musical compara tais episódios a “histórias cinematográficas de comédia”, embora ressalte que muitas tenham ocorrido devido ao abuso de drogas.

 

“É um milagre o Ozzy estar aí até hoje. Conseguiu ter uma carreira tão longeva, com shows e discos, mesmo com essa vida tão desregrada, esses excessos, essas loucuras todas. (...) No começo dos shows, ele falava: ‘Let the madness begin’ (‘que a loucura comece’). E nunca se sabia como acabaria o show.” 

 

 

ENTRE ACORDES


A série do Estado de Minas conta histórias e
curiosidades do mundo da música e seu impacto na cultura pop. Oito reportagens são focadas em
grandes nomes do rock mundial.

 

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