Compositora, cantora, arranjadora e pianista, Claudia Castelo Branco lança o álbum “Viva Sivuca” (Mills Records). O trabalho é tributo ao compositor e instrumentista paraibano morto em 2006, aos 76 anos.
Com 12 faixas, o disco, que traz as participações de Pedro Miranda (voz em “João e Maria”), Marcos Suzano (percussão) e Fred Ferreira (baixo), já está rodando nas principais plataformas. Estão lá as clássicas “Feira de mangaio”, “Adeus Maria Fulô” e “João e Maria”.
“Escolhi o repertório a partir daquilo que me causa arrebatamento. Portanto, todas as músicas me tocam em algum lugar especial, seja por memórias de infância ou adolescência”, explica Claudia. Ela revela, inclusive, que “Feira de mangaio”, na voz de Clara Nunes, foi o forró que marcou a sua juventude.
A cantora afirma que tentou mesclar composições mais conhecidas de Sivuca, que já estão no imaginário popular, com músicas que ela ainda não conhecia.
‘‘Canção que se imaginara”, que ele fez para Nara Leão, é uma delas. Também quis tocar duas instrumentais, “Cabaceira mon amour” e “Um tom pra Jobim”.
Choro e bossa nova
Claudia explica que, além de canções que trazem a sonoridade do Nordeste, buscou gravar outros ritmos.
“Sivuca escreveu muito choro, coisas mais voltadas para a bossa nova, na relação que teve com o Rio de Janeiro. Ele morou lá e bebeu nessa fonte.” Um exemplo, segundo a artista, é “Estrela guia”, música do paraibano com Paulo César Pinheiro, gravada por Clara Nunes.
A artista destaca que com Pedro Miranda gravou “João e Maria”. “A gente fez como se fosse também o dueto da Nara e do Chico. Fizemos diferente, claro, mas é homenagem não só ao Sivuca, como aos 80 anos de Chico Buarque”, explica.
Para gravar o álbum, Claudia pediu que ele fosse na formação que ela queria, ou seja, com piano, percussão e baixo. “Quis gravar exatamente como seria ao vivo. Até porque gravo com todos tocando juntos, como se fosse mesmo um show, pois não gosto de gravar separado”, detalha.
Piano versus sanfona
Ela explica a ausência da sanfona no álbum. “Quando fui montá-lo, pensei: ‘É sobre o meu piano’. De repente, me dei conta de que agora não haveria sanfona, porque é um piano ‘sanfônico’, digamos assim. Embora a sanfona seja um instrumento que me abraça, porque é acolhedor e traz muita memória, ele sairia do propósito.”
A pianista acrescenta: “É legal entender como neste disco a gente faz Sivuca sem sanfona. Mas conseguimos fazer um trabalho bacana e bonito. Quem ouvir vai gostar, com certeza.”
Cláudia ressalta que montou um mosaico a partir de sua ótica em “Viva Sivuca”. “É mais ou menos isso, um equilíbrio que busquei” , observa.
Quanto ao show – “gostaria muito de apresentá-lo em BH” – , Claudia diz que não será centrado apenas no artista paraibano, porque o álbum é uma reflexão sobre o compositor brasileiro.
“No show, falo sobre Glorinha Gadelha (ela foi casada com Sivuca), que fez várias letras com ele. Ou seja, o Sivuca traz outras inspirações.”
“VIVA SIVUCA”
. Disco de Cláudia Castelo Branco
. 12 faixas
. Disponível nas plataformas digitais
REPERTÓRIO
- “ADEUS MARIA FULÔ” (Sivuca e Humberto Teixeira)
- “FEIRA DE MANGAIO” (Sivuca e Glorinha Gadelha)
- “AMOR VERDADEIRO” (Sivuca e Luiz Bandeira)
- “JOÃO E MARIA” (Sivuca e Chico Buarque). Participação de Pedro Miranda
- “CHEIRINHO DE MULHER” (Sivuca e Glorinha Gadelha)
- “CABELO DE MILHO” (Sivuca e Paulinho Tapajós)
- “CAPIM DO VALE” (Sivuca e Paulinho Tapajós)
- “CANÇÃO QUE SE IMAGINARA” (Sivuca e Paulinho Tapajós)
- “UM TOM PARA JOBIM” (Oswaldinho do Acordeon e Sivuca)
- “ESTRELA GUIA” (Sivuca e Paulo César Pinheiro)
- “CABACEIRA MON AMOUR“ (Sivuca)
- “ABOIO” (Sivuca)