A arte produzida pelos humanos durante a pré-história recebeu o nome de rupestre por estar gravada em superfícies rochosas, como paredes e tetos de cavernas. Durante o paleolítico – período que vai de 2,7 milhões de anos até 10 mil anos atrás –, os seres humanos registravam momentos do cotidiano nos locais em que se abrigavam.

 



 

Cenas de caça e rituais religiosos traçados com carvão, sangue de animais e minerais triturados, por exemplo, podem ser encontrados em sítios arqueológicos brasileiros, como o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, e a Serra da Capivara, no Piauí.


Higo José, de 30 anos, é cearense, natural de São Benedito, cidade que faz divisa com a Serra da Capivara. Devido à proximidade geográfica, o artista cresceu em contato com um dos maiores acervos de arte rupestre das Américas.


Formado em artes visuais, Higo José utiliza o bordado como principal meio para realizar suas obras.

 

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Animais, seres humanos e a relação entre eles durante a pré-história é tema da mostra “Rupestres”, que o artista cearense inaugura nesta terça (23/7), às 19h30, na Casa Fiat de Cultura. A exposição conta com 16 peças bordadas e esculturas têxteis. Na aberturatrazje, haverá visita mediada e bate-papo com Higo José.


“Meu contato com o bordado veio da minha avó, que me ensinou o ponto russo quando eu ainda era criança. Nesse processo de retomar coisas do passado que eram importantes para mim, me aproximei novamente da técnica, que hoje é meu principal meio de produção. As esculturas, de certa forma, também vêm do bordado, porque uso a mesma linha para envolver moldes que faço em espuma. Quando o molde está pronto, enrolo com o fio até alcançar o resultado final, que adquire um aspecto de tecido”, detalha Higo José.


De acordo com o artista, apesar de seu empenho em estudar vários sítios arqueológicos espalhados pelo Brasil, a série exposta na Casa Fiat traz um olhar mais voltado para a Serra da Capivara e o Vale do Peruaçu.

 

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“As pinturas rupestres do Vale do Peruaçu são marcadas pelo uso de várias cores, característica chamada policromia. Esse traço das pinturas é muito forte nos sítios arqueológicos de Minas Gerais, em específico, pela grande quantidade de minerais disponíveis para fazer tinta. Em outros lugares do Brasil, a arte rupestre geralmente possui apenas tons de vermelho, preto e branco”, explica.


Oficina

 

Higo José conta que seu interesse pelos artefatos pré-históricos aumentou com o entendimento aprofundado dos sambaquis e zoólitos.


O primeiro, estruturas enormes que podem chegar a 40m de altura e 100m de diâmetro, é resultado do depósito planejado de conchas e restos de alimentos pelas civilizações que ocuparam regiões litorâneas entre 8 mil e 2 mil anos atrás.


Os zoólitos, por sua vez, são esculturas em formato de animais esculpidos em pedra durante o período neolítico. Figuras que se assemelham a peixes, aves e mamíferos eram frequentemente recuperadas por arqueólogos nos sambaquis.

 

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Temas como o processo de criação das peças que compõem “Rupestre”, bem como a importância da proteção e valorização do patrimônio histórico brasileiro, serão discutidos por Higo José no bate-papo de hoje. No sábado (27/7), às 15h30, o artista ministra oficina dedicada ao bordado arqueológico, na Casa Fiat de Cultura.


“No Brasil, nós não damos muita importância à arte pré-histórica. Quando frequentamos museus, principalmente aqueles que apresentam as peças cronologicamente, percebemos como o acervo parte do suposto descobrimento do Brasil. Há muita coisa anterior à chegada dos portugueses ao país que deve ser explorada, como a arte ameríndia e paleoindígena. É preciso valorizar as expressões artísticas anteriores a 1500 e preservar os locais que abrigam as pinturas rupestres”, conclui o artista.


“RUPESTRES”
Exposição de Higo José. Abertura nesta terça (23/7), às 19h30, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10, Funcionários), com visita mediada e bate-papo com o artista. Até 8 de setembro. Visitação de terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Entrada gratuita.


* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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