Entre 2001 e 2006, Gustavo Drummond (voz e guitarra), Jean Dolabella (bateria), Leonardo Marques (guitarra) e Thiago Corrêa (baixo) viveram sua própria versão do conto da Cinderela. À frente da Diesel, realizaram o sonho de qualquer garoto que tem banda de rock. Separados há 18 anos, voltam a se reunir para um único show no dia 17 de agosto, n'Autêntica, para celebrar os 25 anos de seu álbum de estreia, “Diesel”.

 


A história tem lances fantásticos: vencer um concurso e abrir o principal festival do país; viver dentro de uma van em Los Angeles, dormindo no colchão encontrado na rua e de repente assinar com um papa da indústria; gravar disco milionário que nunca foi finalizado; mudar de nome por causa de uma marca de roupas.

 



 


A escolha da Autêntica não é aleatória. Foi em setembro de 2001, no mesmo galpão em Santa Efigênia (na época, Lapa Multshow), que o grupo criado em Belo Horizonte em 1997, pautado por canções em inglês, lentas progressões que explodiam em um rock furioso e melodioso, fez sua despedida dos palcos brasileiros. Nunca mais esta formação se apresentou no Brasil.

 

Quase famosos

 


“Nosso passado merece essa visita, pois a gente nunca teve a chance de tocar de volta na nossa cidade. E foi uma experiência mágica para garotos de 20 e poucos anos realizar o sonho que é um pouco o do ‘Almost famous’ (a referência imediata é o filme “Quase famosos”, de 2000 que acompanha uma banda que poderia ter estourado)”, diz Thiago Corrêa, o TC.

 


Não só a trajetória da Diesel é singular, como também a de seus quatro integrantes. Baterista consagrado que tocou (ou gravou) com uma pá de nomes do primeiro time, Jean Dolabella, de 46 anos, entrou no Sepultura logo depois de sair da Diesel. Ficou até 2011 e saiu porque quis. Mais tarde, esteve à frente da banda Ego Kill Talent e atualmente é baterista de Pitty.

 

 

TC, de 44, e Leo Marques, de 45, mantêm carreiras sólidas como músicos e produtores. Fundaram o Transmissor, banda indie de BH que, depois de um hiato, gravou recentemente uma faixa.

 


Leo está à frente do prestigioso estúdio Ilha do Corvo, é produtor e engenheiro de som. Tem quatro discos solo lançados lá fora. TC é integrante do Graveola e baixista de Lô Borges. Produtor e um dos nomes à frente do estúdio Frango no Bafo, o multi-instrumentista tem carreira solo em paralelo.

 


Fundador da banda e principal compositor, Gustavo Drummond, de 47, seguiu com o grupo com outra formação até 2011. Depois de quatro graduações abandonadas por causa da música, em 2012 fez novo vestibular. Graduou-se em direito e, após concurso, tornou-se procurador da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Mantém a banda Oceania, com dois discos.

 

 


Eles só se reencontraram há pouco mais de três meses. Juntos, os quatro não se viam há anos de perder de vista. “Sabe essa coisa de amizade de muito tempo? Você começa uma conversa que parece que estava no meio do caminho e daí só continua?. Foi bem natural assim”, conta Leo.

 


O primeiro movimento da reaproximação partiu de Jean. No fim de 2023, no carro, o baterista e o filho João, de 17 anos, ouviram uma canção da Diesel. “Ele não conhecia, aí falei que era a banda em que eu tinha tocado e tal. Isso me despertou a vontade de celebrar esta história que foi tão forte e importante para nós quatro”, conta ele.

 


Da nostalgia daqueles tempos veio a vontade de fazer um documentário, projeto que ainda está em seus primeiros passos. As conversas evoluíram e os quatro se reuniram. Lógico que veio a vontade de tocar.

 


“Tive que me revisitar, escutar o disco (lançado em 1999) para ver alguns arranjos. Mas existe a memória quase muscular, então tudo foi acontecendo muito naturalmente”, fala Jean. “Nunca imaginei que tocaria essas músicas de novo. Minha música foi para outro lado nos últimos 20 anos. Mas estava com vontade de fazer um som mais pesado”, acrescenta Leo.

 

 


Quando houve a ideia do show, os ensaios se tornaram regulares. “Nunca diga nunca, mas o que temos agora é este momento pontual. A gente não tem a intenção de retomar a carreira, não tem turnê. O que existe de concreto é esta data de 17 de agosto”, explica TC.

 


Para entender o que significa o reencontro, é preciso compreender o que significou a trajetória da Diesel. Começou em 1997, com Gustavo, Jean e Eduardo Weber (na época baixista do Overdose). Com demo numa fita cassete com duas faixas, Gustavo e Eduardo foram para os Estados Unidos.

 


“Como o Jean não conseguiu o visto, a gente ficou um pouco limitado. A estadia foi em torno de oito meses. O Eduardo preferiu ficar lá, mas eu voltei para o Brasil para continuar com a banda. A grande lição que obtive lá foi que precisávamos de mais cancha”, conta Gustavo.

 

Pós-grunge

 

Diesel fez parte da cena do pós-grunge. Se fizesse a América, seria a segunda banda de BH a realizar tal – a referência óbvia (de trajetória, não de estética) é o Sepultura.

 

No retorno para casa, Gustavo retomou a Diesel com Jean e Ian Dolabella, primo do baterista, no baixo. “Trouxe várias das canções na bagagem já com a influência da época”, conta.

 

O disco foi gravado em 1999 com o trio e Leo, que chegou no fim do processo. Pouco tempo antes do lançamento, em 2000, no Teatro Francisco Nunes, Ian deixou a banda. Foi substituído por TC, que tocou nesta e nas centenas de shows que o grupo fez até 2006, quando a formação se desfez.

 

DIESEL


• Show em 17 de agosto, a partir das 22h, n’Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia).

• Ingressos a partir de R$ 150 (3º lote e meia, estudante ou social), à venda na plataforma Sympla

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