O Globoplay disponibiliza a série “Um beijo do Gordo”, com quatro episódios que procuram resumir a trajetória e a relevância de Jô Soares e seus 84 anos de vida. E mais: 60 anos de carreira profissional, 28 anos de entrevistas, 14.426 conversas e 1,3 mil episódios de programas de humor, nos quais interpretou cerca de 300 personagens que ele mesmo criou. E, além da TV, seus filmes, peças de teatro e nove livros.

 


Esses números, listados logo no início da série numa locução de Fernanda Montenegro, trazem um atestado do alcance de Jô na cultura brasileira. Mas não eram necessários. O intenso sucesso em várias frentes fez dele uma das poucas unanimidades no entretenimento nacional.

 



 


Dois anos após sua morte, no próximo 5 de agosto, falar de alguém tão querido pode ser trabalhoso, admite o diretor e roteirista Renato Terra.

 


“Talvez ele seja a personalidade mais original da TV brasileira de todos os tempos. Ele conseguiu colocar essa personalidade agradável, expansiva, inteligente e tão culta a serviço de tudo o que fez, nos programas de humor e nos programas de entrevista”, diz.

 


Renato Terra considera o desafio da série escolher o que colocar no documentário para dar a cada episódio uma identidade própria.

 

"Família Trapo"


A divisão é rígida. O primeiro fala do humorista de sucesso, da febre do teatro ao vivo “Família Trapo”, na TV Record, aos vários programas globais, como “Faça humor, não faça a guerra” e “Planeta dos Homens”. O segundo, da mudança para o SBT na busca de ter seu programa de entrevistas, o “Jô Soares onze e meia”, iniciado em 1988.

 


O terceiro traz o retorno à Globo e a consagração do formato talk show no “Programa do Jô”, de 2000 a 2016. O quarto quer surpreender com o lado pessoal do artista, apoiado em longa entrevista de Flávia Pedras Soares, a Flavinha, casada com ele durante 15 anos.

 


A saída de Jô para o SBT foi um tanto traumática, com reação forte de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então todo-poderoso da Globo. Responsável pela chegada de Jô, em 1971, ele não abriu espaço para um talk show e queria seu contratado nos programas de humor.

 

SBT libera cenas

 

Devido à disputa histórica das duas emissoras por audiência, a pergunta para Terra é óbvia: O SBT cedeu sem problemas o material de 12 anos de “Jô Soares onze e meia”?


“Foi tranquilo. O SBT mandou para a gente a lista de todas as entrevistas e fomos selecionando”, responde. Foi cedido também material do “Veja o Gordo”, programa de humor produzido nas três primeiras temporadas de Jô no canal de Silvio Santos.

 

 

 


“Em determinado momento, já no final da produção, o SBT avisou que também está fazendo um documentário sobre o Jô. Eles vão lançar um streaming, o SBT+, onde esse documentário vai entrar. Então, não pudemos usar três ou quatro imagens, reservadas para a produção deles.”

 

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Terra vê em Jô a conexão de entretenimento e jornalismo, sobre uma base constante de humor. Quando começou a carreira de entrevistador, no final dos anos 1980, ele fazia um programa de humor, mas se tornou rapidamente referência de jornalismo.

 


“Como o Marcelo Adnet comenta na série, naquela época você não tinha uma segunda tela. Para você ter uma segunda tela tinha que ir ao cinema. Não havia a explosão de videocasts e podcasts que você tem hoje. O programa nacional de entrevistas era o do Jô, por ali passou o Brasil inteiro.” Não é exagero. A lista de convidados vai de Oscar Niemeyer a Fernando Collor, de Tom Jobim a Pelé.

 


No próximo domingo (4/8), o primeiro episódio será exibido no GNT, às 22h, com os outros apresentados nas três semanas posteriores. (Thales de Menezes)

 

“UM BEIJO DO GORDO”


Direção: Renato Terra. Série com quatro episódios disponível no Globoplay.

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