O papa Francisco encoraja jovens padres a ler e revela seu gosto pelas grandes tragédias em uma carta publicada no último domingo (4/8) pelo Vaticano.
“Como podemos falar ao coração dos homens se ignoramos, relegamos ou não valorizamos 'aquelas palavras' com que queriam expressar e, por que não, revelar o drama da sua própria vida e sentimento através de romances e poemas?”, destacou o pontífice em sua carta de 17 de julho aos futuros padres.
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No extenso texto, repleto de referências a escritores como C.S. Lewis, Marcel Proust, T. S. Eliot e Jorge Luis Borges, Francisco destacou "a importância da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal", crucial não só para quem ingressa no sacerdócio, mas para todos os cristãos.
Observando que o apóstolo Paulo era um grande leitor, o papa Francisco afirmou que "encontrar um bom livro pode ser como um oásis que nos afasta de outras atividades que não nos fazem bem".
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“A leitura pode abrir em nós novos espaços de internalização que nos impedem de nos fechar naquelas ideias obsessivas anômalas que inevitavelmente nos perseguem”, acrescentou.
“Um bom livro, pelo menos, nos ajuda a enfrentar a tempestade, até conseguirmos ter um pouco mais de serenidade”, escreveu o jesuíta argentino de 87 anos.
Francisco lamentou o fato de a literatura não ser considerada essencial na formação de sacerdotes. Em um comentário pessoal, o pontífice lembrou ter ensinado literatura no ensino médio em uma escola jesuíta quando tinha 28 anos e de ter encontrado resistência por parte de alunos que não queriam ler determinadas obras.
Argumentando que mesmo os textos difíceis ou enfadonhos têm valor, disse que as pessoas deveriam abordar a leitura com “a mente aberta e disposta a ser surpreendida”.
"Eu, por exemplo, adoro artistas trágicos, porque todos pudemos sentir suas obras como nossas, como expressão de nossos próprios dramas. Chorando pelo destino dos personagens, choramos no fundo por nós mesmos e pelo nosso próprio vazio, nossas próprias deficiências e nossa própria solidão", enfatizou.
Humanidade
Ver a vida através dos olhos de quem escreve obras literárias leva a maior perspectiva de humanidade, escreveu Francisco.
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"Submergimos na existência concreta e interior do verdureiro, da prostituta, da criança que cresce sem os pais, da mulher do pedreiro ou da idosa que ainda acredita que encontrará o seu príncipe encantado", enumerou. "Talvez, durante a leitura, daremos conselhos aos personagens que mais tarde nos serão úteis", destacou.