Rafael Lovisi (escrita e vocal), Marconi Lovisi (contrabaixo) e Lulu (guitarra e sintetizador) formam a banda Poemátrio, que vai lançar o álbum autoral “Perturbações planetárias” em show com participação dos grupos Divergência Socialista, Geleia Generativa, Música Mínima e Nódoa no Brim. O espetáculo está marcado para o próximo sábado (10/8), às 19h, na Casa Circo Gamarra.
Em suas performances, Poemátrio se propõe a expandir a relação entre música e poesia. Versos se misturam ao canto falado em meio a beats e acordes, explica Rafael Lovisi.
“Somos um trio que se autointitula banda de poesia. Digamos que há no poema um lugar mátrio de nascença, de força essencial, e, ao mesmo tempo, a ideia do átrio como espaço comunicante e vital ligado às composições”, afirma o vocalista.
Finalizado recentemente, o projeto começou há três anos. “Voltei a escrever poesia com alguma frequência durante a pandemia. Fiz oficina de escrita com Maurício Salles de Vasconcelos, professor da USP, que se tornou referência importante para o nosso trabalho”, conta Lovisi.
Veja performance da Poemátrio:
Um encontro virtual da oficina foi inspirador. “A ideia que caracteriza a banda é fugir do formato de sarau recitativo, da apresentação convencional de poesia. Trabalhamos uma forma de composição que liga o poema à musicalidade, à sonoridade de experimentação”, explica.
“Sempre trabalhamos na linha autoral, todos os poemas foram escritos por mim e musicalizados, digamos assim, pelos companheiros”, afirma Lovisi.
“Perturbações planetárias” é fruto dos impasses enfrentados pela humanidade neste século 21. Da pandemia e dos abalos do ecossistema ao vazio existencial, passando pela crise do capitalismo. “O título vem com a ideia de abraçar todas essas crises”, observa Rafael.
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Doutor em literatura e professor, ele destaca a forte conexão da Poemátrio com as artes plásticas. O álbum traz influências do artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980) e do poeta Waly Salomão (1943-2003), defensores deste diálogo entre as artes.
O trio não se encaixa nos parâmetros da canção convencional. Quase sempre, as composições têm origem no poema escrito. “A partir dele, são criadas a sonorização, a experimentação e as misturas entre beats e linhas de contrabaixo, formando o ambiente para aquele poema. É um pouco diferente de ter a letra e musicá-la criando harmonia e melodia”, detalha Lovisi.
“Gosto de dizer que estamos entre o canto e a enunciação da palavra, entre a música e a experimentação com outros sons.”
Os convidados para o show de sábado têm afinidades com a proposta estética da Poemátrio. “É o caso da Divergência Socialista, que nasceu com o poeta Marcelo Dolabela no fim dos anos 1980, e do Nódoa no Brim”, conclui Rafael Lovisi.
POEMÁTRIO
Show de lançamento do disco “Perturbações planetárias”. Sábado (10/8), às 19h, na Casa Circo Gamarra (Rua Conselheiro Rocha, 1.513, Santa Tereza). Convidados: Divergência Socialista, Geleia Generativa, Música Mínima e Nódoa no Brim. Ingressos: R$ 15, à venda na plataforma Sympla.