Apresentação de Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Alceu Valença no  BeFly Hall é desdobramento do Breve Festival, que trouxe o show à capital mineira em 2022 -  (crédito: Leo Aversa/Divulgação)

Apresentação de Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Alceu Valença no BeFly Hall é desdobramento do Breve Festival, que trouxe o show à capital mineira em 2022

crédito: Leo Aversa/Divulgação

A caminho de completar três décadas desde sua primeira edição, em 1996, o projeto “O grande encontro”, que originalmente congregava Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Elba Ramalho, segue emergindo volta e meia.

 

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Sem a presença de Zé, Belo Horizonte recebe mais uma vez, em única apresentação no BeFly Hall, neste sábado (10/8), essa impávida celebração da cultura nordestina, guiada pelas composições de Alceu, Geraldo e outros autores, como Luiz Gonzaga, que Elba gravou.

 

O projeto chega a bordo do Breve Drops, um desdobramento pontual do Breve Festival, que em sua edição de 2022 recebeu “O grande encontro”, junto com outros ícones da MPB, como Ney Matogrosso e Gal Costa. Alceu destaca que essa bem-sucedida reunião ocupa um lugar “muito sentimental” em sua trajetória artística, o que se justifica pelo fato de se conhecerem e trabalharem juntos há décadas.

 


“Geraldo foi meu primeiro parceiro, logo quando chegamos ao Rio de Janeiro. O primeiro disco que lancei, 'Quadrafônico', em 1972, foi dividido com ele. Elba chegou um pouco depois. Nos anos 1980, eu a encontrava com muita frequência no Leblon”, diz Alceu. Ele observa, ainda, que Pernambuco – sua terra e também de Geraldo – e Paraíba, de onde vêm Elba e Zé Ramalho, são estados irmãos, que compartilham de uma mesma cultura.

 

Sobre a longevidade do projeto, ele afirma: “São quase 30 anos, o tempo passou rápido demais, mas eu tenho uma relação com o tempo que é muito doida, porque, para mim, é passado, presente e futuro, tudo ao mesmo tempo. Lembro de quando o projeto estreou e penso que é agora, quando estamos juntos novamente”.

 


Alceu e Geraldo se conheceram em 1969, quando se encontraram em um bar do Recife. No ano seguinte, a amizade se aprofundou quando se reencontraram no Rio de Janeiro, em aproximação orquestrada por Carlos Fernando, parceiro constante de Geraldo. Um mostrou o próprio repertório ao outro. Já no segundo dia, compuseram juntos “Talismã”. Outras músicas foram nascendo, até que estrearam juntos com “Quadrafônico”, que conjugava música de raízes nordestinas e rock psicodélico.

 

Escolha do repertório

Nessas quase três décadas de “O grande encontro”, os artistas já formataram roteiros com diferentes repertórios, o que é possível graças à vastidão da obra dos envolvidos. O que guia as escolhas, segundo Alceu, é a percepção que cada um tem sobre sua própria obra ou sobre a obra alheia registrada ao longo da discografia, no caso de Elba. “Eu faço meu repertório, Geraldo faz o dele e Elba faz o dela, porque cada um tem o seu momento solo no show.”

 

Ele revela ter incluído no roteiro para o show de amanhã “Solidão”, porque foi composta em Belo Horizonte. “Fiz, na primeira metade dos anos 1980, um show maravilhoso no Palácio das Artes, com uma participação muito calorosa do público. Depois voltei sozinho para o hotel, peguei o elevador, abri a porta do meu apartamento e fiquei numa tristeza danada. Compus 'Solidão' imbuído desse sentimento, olhando o céu pela janela”, conta.

 

 

O roteiro da apresentação inclui muitas parcerias, como “Táxi lunar”(Alceu, Geraldo e Zé Ramalho) e “Caravana” (Alceu e Geraldo). O show começa com os três em cena. Depois de algumas músicas, Elba se retira. Mais adiante, é Alceu que deixa o palco para o momento solo de Geraldo, que, após alguns números, chama Elba de volta. Encerrado o dueto, é o momento de a cantora ficar sozinha diante da plateia.

 

“Volto, canto com Elba duas músicas, faço minha parte solo e, no final, nos juntamos, os três, para o encerramento”, adianta Alceu, pontuando que o trio é acompanhado por uma banda formada por muitos músicos, “todos maravilhosos”. Ele ressalta que, com tanto tempo de estrada, “O grande encontro” ainda guarda a instância da camaradagem e da amizade, a despeito de o convívio entre os três na intimidade ter se tornado raro com o passar dos anos.

 

 

“É muito complicado a gente se encontrar, porque cada um tem sua agenda. A gente se apresenta em Belo Horizonte e, no dia seguinte, já estou em Brasília com meu show 'Alceu dispor'. Com 'O grande encontro', a gente nem passa o som, a banda se incumbe disso. Geraldo chega de um canto, Elba chega de outro e eu de outro, nos encontramos no palco e, quando o show acaba, já é tarde, cada um vai para o seu quarto. O tempo de bate-papo descontraído é no camarim. Vida de artista é assim mesmo.”

 

BREVE DROPS APRESENTA “O GRANDE ENCONTRO”


Show com Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho, neste sábado (10/8), às 21h, no BeFly Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Ingressos com preços variando entre R$ 144 (meia entrada e meia social, mediante doação de 1kg de alimento não perecível, para pista) e R$ 550 (inteira para cadeira ouro, de frente para o palco), à venda no Sympla.