Em se tratando de tempo rítmico, o número sete é considerado antinatural. Enquanto compassos quaternários e ternários são mais comuns, peças musicais que seguem movimentos além disso, como o 7 por 8 (com andamento mais rápido), chegam a ser raras pela dificuldade de execução.
Isso explica por que o “Concerto para quatro saxofones e orquestra”, composto por Philip Glass em 1995, não foi interpretado tantas vezes.
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No Brasil, a obra permaneceu inédita por 29 anos. A primeira audição no país vai ocorrer neste sábado (10/8), como parte do concerto “Um americano em Paris”, da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. O convidado especial da noite será o quarteto de saxofones espanhol Sigma Project.
A apresentação marca a estreia da Sinfônica na Sala Minas Gerais, a casa da Filarmônica. O programa conta também com “Fanfarra para um homem comum”, de Aaron Copland (1900-1990); a abertura da ópera “Candide”, de Leonard Bernstein (1918-1990); “Rhapsody in blue” e “Um americano em Paris”, composta por George Gershwin (1898-1937).
“É uma pequena amostragem da música americana de concerto dos últimos 100 anos”, ressalta Ligia Amadio, regente titular e diretora musical da Sinfônica.
Todo o programa foi pensado a partir da primeira audição do “Concerto para quatro saxofones e orquestra”, aproveitando a vinda do Sigma ao Brasil. “Eles apresentam esta obra com regularidade, de maneira requintada. Vale dizer que não é fácil encontrar saxofonistas que executem o concerto de Glass. Então, para tornar a apresentação mais atrativa para o público, acrescentamos outros compositores ao programa”, afirma a regente.
São nomes relevantes da música de concerto contemporânea. Copland foi um dos líderes do setor nos EUA em meados do século passado, protetor e incentivador de toda uma geração de novos músicos daquele país.
Gigante da composição, Bernstein uniu diversos estilos e formas, além de se destacar na direção orquestral, educação musical e ativismo em prol dos direitos humanos.
Por sua vez, Gershwin foi um dos compositores mais inovadores do século 20, responsável por unir jazz e música clássica, como fez na seminal “Rhapsody in blue”, que completa 100 anos neste 2024. Hoje à noite, a peça será apresentada tendo como convidado o pianista Nahim Marum.
“O que Gershwin fez foi um marco”, afirma Amadio, referindo-se à conciliação de jazz e música clássica.
“Evidentemente, existem os puristas que o criticaram na época em que ‘Rhapsody in blue’ foi lançada e o criticam ainda hoje. Mas esta obra fala por si mesma e se mantém viva por 100 anos, executada por orquestras ao redor do mundo”, conclui.
“UM AMERICANO EM PARIS”
Concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Convidados: Sigma Project e Nahim Marum. Neste sábado (10/8), às 18h, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria e no site instituto-cultural-filarmonica.byinti.com. Informações: (31) 3219-9045