Animação

Animação "Icamiabas na cidade Amazônia", de Otoniel Oliveira, será exibida no próximo sábado

crédito: Otoniel Oliveira/divulgação

 


As diversas faces do Pará e da Amazônia são exploradas em mostra no Cine Humberto Mauro, que começa nesta terça-feira (20/8), com entrada franca. Curtas e médias-metragens revelam a produção audiovisual daquele estado, por meio da curadoria que buscou priorizar diferentes gêneros e estilos.

 

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“O cinema do Pará é tão antigo quanto o cinema do Brasil, tem mais de 100 anos”, explica o curador Ramiro Quaresma, professor e pesquisador. “Primeiramente, eram produções relacionadas à natureza, criadas por realizadores como Silvino Santos e Ramón de Baños, viajantes que vieram ao Brasil justamente para fazer filmes”, explica.

 

 


A partir da década de 1960, filmes carregados de sentimentos e histórias do Pará passaram a ser rodados, “misturando temas do folclore e do universo amazônico com questões mais contemporâneas”, continua Quaresma.

 

 


 

A mostra “Cinema do Pará: Amazônia em movimento” foi dividida em cinco eixos temáticos. “Encantarias” reúne filmes relacionados a crenças e ao folclore; “Batidas e ritmos” se concentra na música, forte expressão cultural do Pará; “Ribeirinhos” traz os povos que vivem às margens dos rios para o centro da narrativa; “Belém do Pará” tem a capital paraense como tema central; por último, “Animações amazônicas” apresenta produções voltadas ao público infantil.

 

 


“Tentamos contemplar o máximo de gêneros, porque produzimos de tudo no Pará. Toda a complexidade da região amazônica é refletida na seleção. Somos urbanos, mas também somos do interior. É uma mistura de ambientes interessante. Estamos no meio de uma cidade caótica e logo depois chegamos à beira do rio”, observa Ramiro Quaresma.

 

 

 


A estreia, com o tema “Encantarias”, será nesta terça, às 16h. “Os filmes tratam do universo mágico e místico da Amazônia, algo presente nas crendices populares da região, abordando o tema de formas variadas. Algumas são mais humoradas, outras densas e violentas. A Amazônia também tem essa característica. Apesar da paisagem idílica, o Pará é terra de confrontos e isso é refletido no cinema”, diz Quaresma.

 


A mostra é resultado de pesquisas de Quaresma sobre o cinema paraense. Professor do Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, ele se mudou para Belo Horizonte para fazer doutorado na Escola de Belas-Artes da UFMG.

 

 


O curador destaca a importância de valorizar os cineastas paraenses. “Desde que me mudei para fazer meu doutorado, percebi muitas semelhanças nas dificuldades de se fazer audiovisual no Pará e em Minas Gerais. É difícil fazer cinema no Brasil, principalmente quando falamos da busca por recursos e da luta pelo direito de contar nossas próprias histórias. Por isso, um evento como esta mostra é tão importante. Exibir esses filmes para novos públicos é ideal para que as pessoas se conectem ao nosso universo”, afirma Ramiro Quaresma.


NESTA TERÇA (20/8)

16h: “Covato – Desenterre seus segredos”, de Emanoel Franklin
“Juliana contra o jambeiro do diabo pelo coração de João Batista”, de Roger Elarrat
“Raimundo Quintela, caçador de vira porco”, de Robson Fonseca
“A ilha”, de Mateus Moura

 

“CINEMA DO PARÁ: AMAZÔNIA EM MOVIMENTO”

Até 31 de agosto, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca, mediante retirada de ingressos na bilheteria. Programação completa no site CineHumbertoMauroMais.

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria