M (Drica Moraes) e H (Fábio Assunção) propõem "joguinhos" à plateia com base em suas aventuras na Colômbia -  (crédito: Bruno Lemos/divulgação)

M (Drica Moraes) e H (Fábio Assunção) propõem "joguinhos" à plateia com base em suas aventuras na Colômbia

crédito: Bruno Lemos/divulgação

 

 

Durante 25 anos, H e M viveram um relacionamento saudável e proveitoso. Souberam resolver os conflitos da vida conjugal, educaram bem a família, não tiveram grandes preocupações. Para comemorar as bodas de prata, os filhos decidem pagar um cruzeiro pelo Caribe para os pais. Contudo, durante o passeio, H e M são expulsos do navio e vêem sua relação em xeque.

 

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H e M são, respectivamente, Fábio Assunção e Drica Moraes na peça “Férias”, que faz curta temporada na capital mineira neste sábado e domingo (24 e 25/8), no Cine Theatro Brasil Vallourec. O espetáculo, que estreou em São Paulo no mês passado, marca as quatro décadas de carreira da atriz e sua volta aos palcos depois de seis anos.

 


“Já vinha querendo voltar, mas com uma comédia”, conta Drica. “Eu vinha de trabalhos muito dramáticos, trágicos e íntimos. Estava com saudade de soltar a franga”, brinca.

 

 

Afastada dos palcos, ela participou das séries “Sob pressão” (2019), “Sob pressão: Plantão COVID” (2020) e “Os outros” (Globo); da novela “Travessia” (2022), também da emissora carioca; e dos filmes “O banquete” (2018), “Rasga coração” (2018), “As verdades” (2022) e “Pérola” (2023), este último adaptação da peça homônima de Mauro Rasi (1949-2003).

 


“O texto do Rasi toca exatamente no ponto a que eu queria chegar de alguma maneira, que é a família classe média brasileira. O homem e a mulher comuns, com seus filhos, sonhos de futuro e o presente enorme para viver”, conta.

 


Pensando em criar algo parecido, a atriz leu textos de Rasi e de outros autores que despontaram na década de 1990, procurando o humor típico daquela época sob o contexto da classe média. Ligou para o dramaturgo Jô Bilac, explicou a ideia e encomendou uma peça.

 

Drica Moraes é a estrela de "Pérola", adaptação da peça de Mauro Rasi para o cinema

 


Jô topou o desafio. Em “Férias”, deu protagonismo ao casal que passa por situações em que o público é levado a refletir sobre questões filosóficas mais profundas. Além das cenas hilárias e imprevisíveis, há espaço para considerações a respeito da dimensão do amor na vida a dois e para reflexões sobre a ideia de viver a vida verdadeiramente, do filósofo Seneca.

 


Nada disso, no entanto, tira o caráter de comédia de “Férias”. O elemento cômico surge já no início, com a assimetria do comportamento do casal. M é extrovertida e aberta a novas experiências, quer viajar e aceita de pronto o convite dos filhos. H, retraído e esquivo, prefere ficar em casa vendo televisão, ao invés de entrar na aventura em alto-mar. Por fim, ele cede e o casal embarca no cruzeiro.

 


Feito adolescentes apaixonados, M e H fazem sexo em todo o navio, até serem flagrados por uma câmera de segurança e convidados a se retirar em uma praia da Colômbia.


Naquele país, dividem apartamento com Y e X (também vividos por Drica e Fábio), mochileiros que ganham dinheiro gravando suas transas para compartilhá-las na internet. Há vídeos também com outros parceiros.

 

Y e X, jovens apaixonados, aos poucos vão ganhando a afeição de M e H. Levam o casal de coroas para a balada, propõem programas que são verdadeiras novidades para a dupla. M e H até se vêem tentados a participar da “baguncinha” que Y e X gravam para a internet.

 


“É claro que existem várias possibilidades de leitura para esse texto”, diz Drica Moraes. “Mas acho que o casal jovem não deixa de ser a projeção que M e H fazem deles mesmos. Pode ser uma quimera, um sonho, uma invenção ou o desejo de voltarem a ser jovens. Só que eles (M e H) vão entrando em situações desastrosas e se perdendo”.


Convite ao público

 

Em “Férias”, os atores não necessariamente representam o momento que está sendo contado. É como se narrassem o que viveram, recurso dramatúrgico que possibilitou aos diretores Enrique Diaz e Débora Lamm promover interações com a plateia.

 


“A gente propõe o jogo dos atores com o público, tendo algumas marcações com a plateia”, conta Diaz. “Como o texto tem a ver com a gente, tem a ver com o que a gente é capaz de fazer, as pessoas se identificam e querem participar”, acrescenta.

 


Neste jogo com o público tem de tudo, ele diz. Inclusive cena de nudez. “Mas é a nudez sem a nudez”, avisa. “Não posso dar muitos detalhes, senão perde a graça. Mas é um jogo muito prazeroso. É muito excitante, sem constranger o público”, conclui Diaz.

 


“FÉRIAS”


Texto: Jô Bilac. Direção: Enrique Diaz e Débora Lamm. Com Drica Moraes e Fábio Assunção. No próximo sábado (24/8), às 18h e às 21h; domingo (25/8), às 17h. Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça Sete, Centro). Inteira: R$ 160 (plateia 1A), R$ 140 (plateia 2A) e R$ 120 (plateia 2B), à venda na bilheteria ou na plataforma Eventim. Meia-entrada na forma da lei. Informações: (31) 3201-5211.