Lenine e Marcos Suzano integram a programação com o show que celebra os 30 anos de lançamento do álbum  -  (crédito: Selmy Yassuda / divulgação)

Lenine e Marcos Suzano integram a programação com o show que celebra os 30 anos de lançamento do álbum

crédito: Selmy Yassuda / divulgação

 


Com diretrizes que orientaram a programação do ano passado mantidas e algumas novidades, a edição 2024 da Virada Cultural de Belo Horizonte ocupa diversos pontos da Região Central da cidade neste fim de semana. As primeiras atrações têm início às 18h deste sábado (24/8).

 

A maratona de shows e diversas outras formas de expressão artística segue até o início da noite de domingo. O cardápio sortido oferece teatro, mostra de artes visuais, performances, instalações, feiras e outros ingredientes que convidam a uma imersão.

 


A multiplicidade de linguagens é um dos “conceitos estruturantes” – nas palavras da secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras – herdados da edição 2023. Outro é a prevalência de atrações locais, que se dividem entre convidados e selecionados por meio de edital.

 

 

Dos artistas que vêm de fora do estado, figuram na programação algumas poucas e boas opções, como o show que revisita o álbum “Olho de peixe” (1993), que projetou nacionalmente o pernambucano Lenine e o carioca Marcos Suzano.

 


A dupla ocupa um dos palcos montados no Parque Municipal – batizado Fecomércio, no gramado próximo ao Palácio das Artes – no domingo, às 17h30. Como no álbum, o show deste fim de semana tem formato mínimo, com a voz e o violão de Lenine e o pandeiro de Suzano. O repertório inclui não só as músicas registradas em “Olho de peixe”, mas também temas de álbuns posteriores do cantor, compositor e instrumentista.

 


Roteiro ampliado

“Estamos fazendo agora igual fizemos quando lançamos o disco. O show tinha mais músicas do que as que estão no álbum. O roteiro trazia canções que eu só vim a gravar depois, como 'O dia em que faremos contato' (1997), mas que já existiam comigo e com Suzano, estavam no repertório do lançamento de 'Olho de peixe'. O que vamos mostrar na Virada Cultural repete aquele modelo”, diz Lenine. A ideia de revisitar o disco surgiu por conta dos 30 anos que completou em 2023.

 


Os pedidos insistentes de quem cultua o álbum também foram um estímulo, segundo Lenine. As músicas de “Olho de peixe” sempre estiveram presentes, de forma pulverizada, em suas turnês. “Foi um disco muito importante para mim, para Suzano e para Denílson Campos (produtor), até porque atendeu com êxito a um desejo nosso de realizar um trabalho de forma autônoma. É um álbum que carrega uma série de signos muito consideráveis para nós”, diz.

 


Lenine afirma que “Olho de peixe” representou a “materialização” de quem ele é como artista. “Até então ninguém sabia quem eu era, apesar de algumas pessoas já conhecerem minhas canções nas vozes de outros intérpretes”, recorda.

 


Novas possibilidades

No momento do lançamento, ele observa, “havia uma atenção global a essa música, digamos, étnica. Com 'Olho de peixe', rapidamente começamos a frequentar festivais espalhados por todo o mundo”. Em essência, o álbum não destoa do que o artista identifica como marca registrada de a toda sua discografia, que é o desejo de explorar novas possibilidades. “O sentimento, quando penso no 'Olho de peixe', continua sendo este: ir aonde ainda não fui.”

 


O show comemorativo pelos 30 anos do álbum estreou em abril passado, no Rio de Janeiro, chega agora a Belo Horizonte, ruma para São Paulo no próximo mês e só. Lenine diz que não chega a ser, portanto, uma turnê, mas um encontro pontual que se restringe às três capitais. “Atuo com diversos formatos, às vezes simultaneamente. Neste caso, com Suzano, é uma coisa de celebração mesmo, que se encerra agora, em São Paulo.”

 


O TAMANHO DA VIRADA


Mais de 230 atrações

Mais de 1.000 artistas

Mais de 2.000 profissionais envolvidos

15 espaços públicos e privados utilizados

29 bares e restaurantes participando do Viradão Gastronômico

400 profissionais de segurança pública, brigadistas e SLU


9ª EDIÇÃO DA VIRADA CULTURAL DE BELO HORIZONTE – 2024
Das 18h deste sábado (24/8) às 19h de domingo (25/8), em diversos pontos da Região Central da cidade. Programação completa no site

No “Palco Fecomércio”

 

>>> RAÍZES INDÍGENAS

A cantora, compositora, atriz e pesquisadora sergipana Héloa se une ao grupo indígena de Alagoas Sabuká Kariri-Xocó, ao som de maracas, vozes e tambores, às 21h30 de sábado. Com 16 anos de carreira dedicados a uma música que brota de raízes afro-indígenas, ela coleciona parcerias com grandes nomes da MPB, como Margareth Menezes e Carlinhos Brown.

 

Dentro de um espectro similar, o Comitê Indígena Mineiro realiza o ritual multiétnico “Os caminhos de Pachamama”, que mistura tradições andinas e brasileiras. A atração abre os trabalhos no “Palco Fecomércio”, às 18h de sábado.


>>> SOM AFRO-MINEIRO

O trompetista Juventino Dias, integrante do coletivo Babadan Banda de Rua, pretende colocar em evidência, no domingo, às 10h20, um cenário de música instrumental afro-mineira em plena ascensão no estado. Já a tradição do congado é representada pela banda Congadar (domingo, 11h40), que homenageia a riqueza cultural das comunidades afro-brasileiras.

 

O cantor e compositor Tom Nascimento (domingo, 9h), por sua vez, vai apresentar um show direcionado para o público infantil, intitulado “Sois África mirim”, com repertório composto por músicas autorais e de domínio público.


>>> DO POP AO BREGA

A banda belo-horizontina Graveola convida a cantora Júlia Branco para um show intimista, em que os arranjos vocais são privilegiados, às 13h de domingo. Figura singular no carnaval de rua de Belo Horizonte, Di Souza se une ao projeto Percussão Circular em uma apresentação pautada por forró, samba e maracatu, às 20h de sábado.

 

Esses gêneros e outros ritmos brasileiros também se encontram no caldeirão do grupo Odilara (sábado, 23h30). Já a Orquestra Mineira de Brega promove uma viagem do brega nacional ao internacional com o show “Amor com jeito de Virada” (domingo, 1h).

 

Em “Fio”(domingo, 14h20), a multi-instrumentista, cantora e compositora Nath Rodrigues dedica seu trabalho à canção e à pesquisa dos efeitos da música sobre o corpo, a mente e o espírito.Os ritmos latinos comparecem com o grupo instrumental Mambo Jazz (sábado, 18h50) e a banda Unión Latina (domingo, 2h30).