O multiartista Ricardo Aleixo na Academia Mineira de Letras, onde tomou posse em junho deste ano -  (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

O multiartista Ricardo Aleixo na Academia Mineira de Letras, onde tomou posse em junho deste ano

crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press

 

 

Na cultura angolana, o termo kota se refere à figura respeitada e venerada na comunidade, geralmente homem mais velho, dono de experiência e conhecimento sobre as tradições locais. Este conceito inspirou o novo livro de poemas de Ricardo Aleixo, “Tornei de Luanda um kota” (Impressões de Minas).

 

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Haverá dois lançamentos: neste sábado (24/8), às 11h, no Território de Aquilombamento, e no domingo (25/8), na Virada Cultural.

 


Às 11h10, no Palco Chico Nunes do Parque Municipal, Ricardo Aleixo vai ler poemas e apresentar canções autorais acompanhado pelo guitarrista Alvimar Liberato.

 

 

 


“Tornei de Luanda um kota” encerra o ciclo de cinco publicações que abordam o panorama sociopolítico brasileiro, iniciado há nove anos com “Impossível como nunca ter tido um rosto”.

 


Desde então, Ricardo Aleixo diz ter se tornado ainda mais pessimista em relação ao país. Os outros livros são “Antiboi”, “Extraquadro” e “Diário da encruza”.

 

Jornadas e golpe

 

“Em 2015, o contexto político já era bastante ruim. Tínhamos passado pelas jornadas de junho sem entendê-las. Algo que me ajuda a entender este período são aquelas lembranças do Facebook. Vendo as publicações, me dei conta de que em 2012 eu já escrevia sobre coisas que me cheiravam mal, havia uma movimentação estranha na política brasileira”, observa o escritor.

 

“Isso foi evidenciado pelo golpe de 2016, que fez surgir as piores figuras possíveis… Agora não tenho nenhuma ilusão sobre o momento em que a gente vive”, afirma.

 

 

 

 

Ao comentar a mudança de foco de sua produção literária, Ricardo Aleixo revela o anseio de dar mais atenção à escrita memorialística. Em 2022, ele lançou os livros de memórias “Sonhei com o anjo da guarda o resto da noite” e “Campo Alegre”, este último sobre o bairro na Região Norte da capital onde nasceu e vive até hoje.

 

“Só vou voltar a publicar poesia se tiver algo muitíssimo diferente de tudo o que publiquei nesses cinco livros”, explica Aleixo, que passou a integrar a Academia Mineira de Letras em junho. Com 20 livros lançados, ele recebeu o título de Notório Saber pela UFMG, em 2021.

 

Diversidade

 

O processo de escrita de “Tornei de Luanda um kota” teve início após a viagem do autor ao continente africano, em março do ano passado. “A mesma diversificação temática que marca os meus outros livros está presente no novo”, garante.

 


Um dos temas de Ricardo, de 63 anos, é o envelhecimento. “Isso tem muito significado para mim no momento atual de vida. Kota quer dizer velho. Tenho visto, em muitos momentos, a reflexão e o debate público sobre o que é envelhecer da forma como estou envelhecendo, de um modo prazeroso e criativo. É o que tem acontecido comigo”, diz.

 

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O novo livro trata da celebração da vida, da reverência a artistas como Caetano Veloso e do amor. Outro tema é abordado por ele é a masculinidade tóxica, em analogia com o capitalismo selvagem.

 


Ricardo Aleixo criou ilustrações para a capa do miolo do livro. Enquanto se dedicava a esse trabalho, ele desenvolveu sua primeira exposição individual como artista visual para uma galeria comercial. A abertura está prevista para setembro.

 

Capas de livro de Ricardo Aleixo

Ricardo Aleixo também fez ilustrações para o livro que vai lançar em BH

Reprodução

 


“TORNEI DE LUANDA UM KOTA”


• Livro de Ricardo Aleixo
• Projeto gráfico: Mário Vinícius
• Impressões de Minas e LIRA/Laboratório Interartes Ricardo Aleixo
• 92 páginas
• Lançamento neste sábado (24/8), às 11h, no Kitutu – Território de Aquilombamento (Rua Aarão Reis, 469A, Centro), e domingo (25/8), às 11h10, no Palco Chico Nunes da Virada Cultural (Parque Municipal, Avenida Afonso Pena, 1.377, Centro).