Pela primeira vez no Brasil, Su Yeon Kim se apresentou no Pará no domingo. Programa de seu recital em BH tem Brahms, Chopin e Mozart -  (crédito: Kyungwon Lee/Divulgação)

Pela primeira vez no Brasil, Su Yeon Kim se apresentou no Pará no domingo. Programa de seu recital em BH tem Brahms, Chopin e Mozart

crédito: Kyungwon Lee/Divulgação


Aos 30 anos, a pianista sul-coreana Su Yeon Kim ostenta currículo invejável. Já se apresentou em casas como o Teatro alla Scala, de Milão; Herkulessaal, de Munique; Franz Liszt Hall, em Budapeste; Hamarikyu Asahi Hall, em Tóquio, e o Kennedy Center, em Washington, entre outros.

 


Colaborou com a Royal Philharmonic Orchestra da Inglaterra, Orchestra dell'Accademia Teatro alla Scala, Slovak Philharmonic, Krakow Philharmonic e a Orquestra Sinfônica de Fairbanks, da cidade homônima do Alasca. Em 2021, venceu o concurso de Música Internacional de Montreal, no Canadá; e, no ano anterior, ficou em segundo lugar no International Mozart Competition Salzburg, uma das maiores competições do mundo tendo como foco a obra do austríaco.

 


Nesse périplo pelos mais diversos países dos seis continentes, Su Yeon Kim nunca tinha vindo ao Brasil. A situação só foi mudar no domingo passado (25/8), quando ela desembarcou em Belém, no Pará, para se apresentar na Fundação Amazônica de Música. Em curta turnê pelo país, a pianista chega a Belo Horizonte nesta terça-feira (27/8) para abrir a 12ª edição da Série de Concertos Minas Tênis Clube.

 


“Tudo – o cenário, a comida, a cultura – é novo para mim”, diz Su Yeon Kim. “Mas o que mais gostei foi das pessoas. Eu trouxe um programa com peças que adoro e que têm muito a dizer, e o público recebeu tudo com muito amor e carinho, de coração aberto”, acrescenta.

 


O programa desta terça será o mesmo que foi apresentado no Pará. Peças de Brahms, Chopin e Mozart, compositor que Su Yeon Kim gravou no ano passado, no álbum “Mozart recital”.

 


“Nós costumamos dizer que Mozart é o definidor dos concursos. Na maioria dos concursos internacionais, as obras dele são escolhidas para serem interpretadas na etapa final, porque ele tem um repertório muito específico, que explora o refinamento do artista”, explica a pianista e professora da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais Celina Szrvinsk.

 


Curadoria

Ela é a curadora da Série de Concertos do Minas Tênis Clube desde a primeira edição, em 2013, sendo a principal responsável pela escolha das atrações. Desde o início, conta a professora, sua maior preocupação foi manter o alto nível artístico, com diversificação de programas e contemporização de nomes estrangeiros e nacionais.

 


Até novembro, quando termina a temporada, vão se apresentar o harpista russo Alexander Boldachev, os brasileiros do Quinteto Macam (sopro e cordas), o pianista paulista Fabio Martino, e OVO – Orquestra de Formação e Transformação.

 


Chama a atenção nesta edição a quantidade de músicos jovens. Embora estejam abaixo dos 40 anos, eles contam com boa experiência nos palcos.

 


Alexander Boldachev, por exemplo, tem 36 anos e já foi solista convidado do Teatro Bolshoi e se apresentou com o Royal Conservatory de Toronto, Royal Academy de Londres e Ferenc Liszt Academy de Budapeste. Na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2018, dividiu palco com Robbie Williams e Aida Garifullina. Na ocasião, tocou um solo para harpa de sua autoria composto exclusivamente para a cerimônia.

 


Fabio Martino, que tem a mesma idade de Boldachev, conquistou o público europeu com suas interpretações de peças de Prokofiev, Rachmaninoff, Beethoven, Mozart, Gershwin, Tchaikovsky, Ravel e Bartók. Também se apresentou em importantes palcos, como a Sala Verdi de Milão, Herkulessaal de Munique e no Theatro Municipal de São Paulo.

 


“Essa temporada está mais focada nos artistas jovens”, diz Celina Szrvinsk. “No entanto, isso não significa que a série de concertos só contempla músicos mais novos. Nós não nos esquecemos dos artistas que fizeram história e que vêm contribuindo para o cenário da música há mais tempo”, diz, lembrando que uma das principais atrações da temporada de 2023 foi o pianista Eduardo Hazan, de 87 anos. Junto com a também pianista Berenice Menegale, ele ajudou a criar a Fundação de Educação Artística (FEA), que oferece formação musical para todas as faixas etárias, desde 1963.

 


Ao longo de 12 anos, a Série de Concertos Minas Tênis Clube já se consolidou no circuito de música de concerto e desenvolveu sua própria identidade, que, de acordo com a curadora, é a variedade de artistas da música de concerto, sem focar num único instrumento.

 


“Isso faz com que a gente alcance um público cada vez maior e com interesses diversos. Desde o início, temos visto uma presença cada vez mais ativa de pessoas de Belo Horizonte e, muitas vezes, de outras cidades, que chegam aqui para assistir ao vivo artistas que muito provavelmente não vão conseguir ver de novo”, conclui Celina.


PRÓXIMOS CONCERTOS

• 3/9 – Alexander Boldachev (harpa)
• 8/10 – Quinteto Macam (sopros e piano)
• 5/11 (terça-feira) – Fabio Martino (piano)
• 19/11 (terça-feira) – OVO Orquestra de Formação e Transformação

 

SÉRIE DE CONCERTOS MINAS TÊNIS CLUBE
Abertura da temporada, com apresentação da pianista sul-coreana Su Yeon Kim. Nesta terça-feira (27/8), às 20h30, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Últimos ingressos à venda por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), na bilheteria ou pelo site Sympla. Informações: (31) 3516-1360.