Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha. Fazendo valer o dito popular, a produtora mineira Filmes de Plástico anuncia a estreia da distribuidora Malute em 26 de setembro. A ideia é impulsionar o lançamento de filmes brasileiros independentes que circulam por festivais, fazem sucesso nesse circuito e ganham prêmios, mas raramente chegam ao grande público.

 


Batizada com o apelido da mãe do cineasta André Novais Oliveira e do ator Renato Novaes – Maria José de Novaes Oliveira, a dona Zezé –, Malute chega ao mercado com o lançamento do longa “O dia que te conheci”, dirigido por André, que entra no circuito comercial em setembro. A coordenação da distribuidora está a cargo da atriz e produtora cultural Élida Slipe.

 

 



 

O nome Malute foi decisão unânime dentro da Filmes de Plástico, formada por André Oliveira, os cineastas Gabriel e Maurilio Martins e o produtor Thiago Macêdo Correia. Morta em 2018, dona Zezé foi figura essencial na trajetória da produtora, além de presença constante como artista. Rodou os filmes “Ela volta na quinta”, “Quintal” e, claro, “Nossa mãe era atriz”.

 

 

Dona Zezé, a Malute, no set de "Ela volta na quinta", produzido pela Filmes de Plástico

Tulio Santos/EM/D.A Press - 23/7/13

 


Malute chega ao mercado com a comédia romântica “O dia que te conheci”, sobre Zeca (Renato Novaes), bibliotecário de uma escola prestes a perder o emprego devido a atrasos recorrentes. Vivendo em bairro distante do serviço, ele precisa acordar cedo para conseguir pegar o ônibus na hora certa.

 


Aparentemente pouco promissor, o argumento se revela alvissareiro com o desenrolar da história. Sobretudo após a chegada de Luísa (Grace Passô), funcionária da escola onde Zeca trabalha. Aos poucos, ela vai ganhando a confiança do bibliotecário, a ponto de trocarem confidências.

 


“A gente quis criar a distribuidora desde 2016, mas não tínhamos filmes para lançar”, conta Maurilio Martins. A frase soa contraditória, pois a Filmes de Plástico estreou 10 títulos desde 2017. Entre eles, “Temporada” (2018), de André Novais; “No coração do mundo” (2019), de Gabriel e Maurilio Martins; e “Marte Um” (2022), de Gabriel Martins, representante do Brasil no Oscar 2023.

 


“Todos esses filmes foram contemplados por editais. Uma das exigências é a vinculação do projeto a alguma distribuidora. Então, tínhamos de procurar distribuidora que já existisse antes de rodar o filme”, explica o cineasta.

 

Outra lógica

 


Essa lógica se rompeu com “O dia que te conheci”. O longa foi planejado fora dos padrões dos editais e, portanto, estava sem distribuidora.

 

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Os sócios da Malute conhecem bem os desafios pela frente. Vão ter de brigar para colocar filmes nas salas de cinema do país, concorrendo com gigantes internacionais como Sony, Warner Bros., Disney, Paramount e Universal.

 


“Esta é a ponta do funil, a pior de todas no Brasil”, avalia Maurilio. “A gente entra no problema da disputa por espaço e horários, mas estamos dispostos a encarar a briga. Não montamos distribuidora para brincar de lançar filme. Estamos entrando num mercado incerto com a consciência de que poderemos dar de cara com portas fechadas, mas vamos tentar. Queremos investir em pessoas que, hoje, são o que a gente, da Filmes de Plástico, foi há 15 anos”, afirma.

 


Com o eventual sucesso da distribuidora, os sócios pretendem incorporar títulos estrangeiros com a mesma essência das produções de seu catálogo. “Nosso sonho é fazer com que a Malute ganhe vida própria, sem necessidade de estar vinculada à Filmes de Plástico”, conclui Maurilio Martins.

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