Em 2017, o mineiro Cleber Rosa, natural de Cambuí, estava cansado das intermináveis chuvas no Sul do estado. De maneira despretensiosa, pegou o controle remoto da parabólica, usou-o como telefone e reclamou dos temporais com uma moça imaginária.

 

A brincadeira caiu no gosto dos internautas. As reclamações bem-humoradas de situações cotidianas deram origem ao quadro “Reclamação do dia”, que também dá nome ao canal no YouTube e à página no Instagram de Cleber Rosa. Juntas, as redes dele ultrapassam 3 milhões de seguidores.

 

 


 

 

“O politicamente correto permeia meu trabalho até hoje”, conta o comediante. “Uso um humor familiar limpo e de fácil entendimento. Naquele primeiro vídeo mesmo, brinco com a chuva, mas também falo que é algo de que a gente precisa para encher os mananciais e os reservatórios. Logo em seguida, digo que podia chover só de madrugada para não me atrapalhar a passear com o cachorro e andar de bicicleta.”

 

As piadas feitas na internet ganharam também os palcos. No show “Nem que vórte o cheque”, em cartaz nesta quinta (15/8), no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, e na sexta (16/8), no Teatro Monte Carmo, em Betim, Cleber Rosa interpreta seu personagem mais famoso: Chico da Tiana.

 

 

O homem de botinas, camisa xadrez e cabelo penteado ao meio representa o caipira de vida simples do interior. No espetáculo com classificação livre, Chico interage com a plateia e conta causos da vila fictícia Cadela Moiada e de seus habitantes.

 

“Queria um personagem que tivesse um nome que remetesse ao interior”, afirma Cleber Rosa. “No interior tem muito disso. Sempre existe um tal de Messias da Farmácia, Zé da Venda, Bastião do Mercado, Chico da Tiana… Todo mundo tem uma referência no nome. A identidade da Tiana no começo era um mistério, mas depois o Chico revela que ela é sua mulher.”

 

Chico da Tiana ficou tão famoso nas redes que, conforme Rosa, as pessoas passaram a confundir criador e personagem. O comediante afirma que eles são bem diferentes, principalmente no estilo. Enquanto Cleber é cheio de tatuagens, usa brinco e gosta de coque samurai, Chico é o típico “cara da roça”.

 

“Muitas pessoas não diferenciam o Chico de mim. Nos comentários de vídeos em que não estou caracterizado e até no meu dia a dia, por exemplo, muitos me chamam só de Chico”, conta.


O humorista Cleber Rosa revela que sua ideia é tentar levar o “clima gostoso” de Minas Gerais para várias partes do Brasil, utilizando em seu show o humor sem palavrões, apropriado para espectadores de todas as idades.


Piadas familiares

 

“Trago casos do cotidiano, interajo com a plateia e conto algumas piadas de salão. As piadas muitas vezes se transformam em causos da vila da Cadela Moiada, onde o Chico e todos os personagens do seu universo vivem. Meu público vai de crianças de 4 anos a senhoras de 90. O show sai da mesmice do humor de hoje, que só fala do que está em alta e gera piadas parecidas. O Chico transforma todos os assuntos em coisas da roça, levando as pessoas daquele teatro para a realidade do interior.”

 

 

Além das piadas, Rosa destaca a importância da interação com a plateia durante as apresentações. Muitas vezes, o nome diferente de um espectador ou o lugar de onde ele vem vira brincadeira ecoada no microfone. O personagem conta casos endereçados ao público que concorda em participar, conferindo ao espetáculo aquele tom de conversa informal entre amigos da roça.

 

“Nas interações, faço piadas familiares, sem agredir a pessoa, para que ela fique imersa no show. Alguns colegas de profissão geralmente brincam com a aparência do espectador, mas minhas brincadeiras não são assim. Quando escolho uma pessoa da plateia para interagir de forma leve, todo o público se sente prestigiado”, conclui o humorista.


“NEM QUE VÓRTE O CHEQUE”
Com Cleber Rosa. Nesta quinta (15/8), no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315 – Centro), às 19h30. Sexta-feira (16/8), no Teatro Monte Carmo (Av. Juiz Marco Túlio Isaac, 1119 – Ingá Alto), em Betim, às 20h. Ingressos para show em BH à venda no site Eventim: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Ingressos para o show em Betim disponíveis no Sympla a R$ 90 (inteira), R$ 45 (meia) e R$ 65 (mediante doação de 1kg de alimento).

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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