Uma orquestra composta por apenas cinco músicos. Todos palhaços. Sem grandes pretensões de um dia se tornar sinfônica ou filarmônica, ela lança músicas com acordes modestos e letras de fácil entendimento. É acanhada até no nome: Orquestra Modesta.

 

No entanto, em movimento contrário ao acanhamento, o grupo faz um som potente para a criançada, transitando do baião ao pop rock, passando pelas baladas românticas e marchas. Essa miscelânea sonora forma o repertório do musical “Canções para pequenos ouvidos”, que será apresentado nesta quinta-feira (15/8), no Sesc Palladium.

 



 

 

Em formato de banda de rock, os integrantes da Orquestra Modesta vão sendo apresentados ao público pelo guitarrista e maestro Palhaço Sandoval (Sandro Fontes). Um a um. Entram em cena o baterista Brocolino (Alexandre Maldonado), o trompetista Clóvis (Vinicius Ramos), a sanfoneira Tetéia (Débora Sanders) e a percussionista Guadalupe (Tereza Gontijo).


“Peço licença pro silêncio bagunçar”, anuncia a trupe antes de tocar a primeira música, “Segredinho”, um baião que relembra a época em que era comum serenatas nas janelas da pessoa amada e a correspondência apaixonada de cartas entre amantes.


Bilhetinho de amor

 

“Eu, uma vez, escrevi um bilhetinho de amor para o meu amor”, conta a Palhaça Tetéia. “Peguei minha caneta cheirosa e escrevi o meu sentimento. Embrulhei numa pedrinha preciosa, fui até a casa do meu amor e joguei o bilhete. Aí eu saí correndo e, quando cheguei na esquina, vocês não sabem o que aconteceu… Eu esqueci de assinar o bilhete”, lembra ela em tom de brincadeira.

 

 

O grupo toca ainda as baladas “Atrasadinha estressadinha” e “Passa o tempo”, sobre a relação das pessoas com o tempo e a percepção de que ele passa mais rápido depois que se chega à vida adulta. O repertório continua com "O banho", "Carimbó do peixe folgado", "A fazendinha", "Vovó tem um pé de milho lá no fundo do quintal" e "Marchinha da Orquestra Modesta". Todas foram compostas por Fernando Escrich, que também é o diretor do espetáculo.


“Mesmo que o nosso público seja de crianças, não quer dizer que nosso trabalho é só para elas. A gente fala coisas do universo das crianças, mas que estão entranhadas na memória dos adultos, afinal, eles já foram crianças. Então, nossa ideia é fazer com que a família inteira se conecte com o que estamos apresentando no show”, diz a idealizadora da Orquestra Modesta, Milena Marques.


É a primeira vez que o grupo paulista se apresenta na capital mineira, embora conte com uma belo-horizontina no elenco – Tereza Gontijo, que interpreta a Guadalupe, nasceu e foi criada em BH.


Desde que estreou em 2017, em São Paulo, o espetáculo já foi montado em 18 casas de show ao redor do país para cerca de 30 mil pessoas.


Bailes de carnaval

 

Criada em 2015, a Orquestra Modesta surgiu como uma espécie de ode aos antigos bailes de carnaval de São Paulo, onde a figura do palhaço era recorrente.

 

 

“Na época em que criamos a orquestra, o carnaval de rua de São Paulo ainda era muito incipiente. Nesse contexto, o nosso propósito era justamente ir para as ruas e levar as famílias para brincar o carnaval. E foi a partir daí que fomos desenvolvendo outros projetos até chegar no ‘Canções para pequenos ouvidos’”, explica Milena.


Na esteira do musical, a Orquestra Modesta produziu álbum com as músicas do repertório. Em 2023, lançou o disco “Canções para pequenos ouvidos 2”. Por ora, contudo, ainda não existem planos para transformar este segundo álbum em outro musical.


“CANÇÕES PARA PEQUENOS OUVIDOS”
Direção, cenografia e músicas: Fernando Escrich. Com Sandro Fontes, Alexandre Maldonado, Vinicius Ramos, Débora Sanders e Tereza Gontijo. Nesta quinta-feira (15/8), às 16h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria local ou pelo Sympla. Informações: (31) 3270-8100.

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