O número oficial de judeus mortos pelo Holocausto é de 6 milhões de pessoas. Metade deste grupo é de judeus poloneses – 90% da população judia que vivia na Polônia. Foi a invasão da Alemanha nazista naquele país, em 1939, que deu início à Segunda Guerra Mundial. Ao fim do conflito, em 1945, o território polonês estava devastado.

 

 

“Somos os que tiveram sorte”, minissérie recém-lançada pelo Disney+, acompanha uma família de judeus poloneses durante a guerra. É uma adaptação do romance homônimo da escritora americana Georgia Hunter (lançado no Brasil pela Record), que escreveu sobre a sua própria família. Somente aos 15 anos ela descobriu a trajetória dos Kurc – sequer sabia que seu avô era judeu polonês.

 




Criada por Erica Lipez (“The morning show”), a produção é estrelada por Joey King (a estrela da franquia teen “A barraca do beijo”) e Logan Lerman (que interpreta o personagem-título de “Percy Jackson”, outra série de filmes jovens). São eles os dois irmãos mais próximos dos Kurc, uma proeminente família de Radom – menos de 300 dos 300 mil residentes judeus daquela cidade conseguiram sobreviver à guerra.

 


Os Kurc tiveram sorte, como indica o título da produção. Mas isto, obviamente, é muito relativo. A saga que a série apresenta mostra como eles conseguiram sobreviver ao jugo nazista. E há muita tristeza e sofrimento na história.

 


“Somos os que tiveram sorte” começa na Páscoa judaica de 1938, a última vez em que todos os Kurc se encontram em casa. São cinco irmãos: Addy (Logan Lerman), um compositor que está retornando de Paris, onde conseguiu emplacar um sucesso; Mila (Hadas Yaron) que está grávida e sonha com uma vida caseira; o fotógrafo e estudante de direito Jakob (Amit Rahav); Genek (Henry Lloyd-Hughes), o mais velho, que passa de uma namorada para outra; e a caçula Halina (Joey King), que avalia se deve seguir uma trajetória conservadora, rumo ao casamento, ou viajar pelo mundo.

 


Naquele momento, a dominação nazista nem passa pela cabeça dos Kurc que, no entanto, estão sentindo o abandono de clientes em sua loja de tecidos. Sem pressa, a história vai mostrando os sonhos dessas pessoas. Um ano mais tarde, a realidade é outra.

 


Mesmo que tenham condições econômicas, os Kurc não podem mais deixar a Polônia. Todos os homens jovens são convocados (o exército nazista mina rapidamente a resistência polonesa) e as mulheres e os mais velhos começam a trabalhar para os alemães.

 


A partir do segundo episódio, a série segue para diferentes lugares. Cada um dos oito episódios é intitulado com o nome de uma cidade. A perseguição os obriga a se espalhar pela América do Sul (há passagens no Brasil), África, Europa Ocidental e União Soviética.

 

Há um casal deportado para a Sibéria; outros membros dos Kurc que ficam presos na Polônia. Há muitas fugas – a pé e pelo mar. E nascimentos de bebês, mortes e relacionamentos amorosos. O que é constante entre eles é a sensação de pavor, sempre crescente. A figura de Halina representa a resistência judaica. A personagem nunca é passiva, mesmo com a morte à espreita.

 


Em alguns momentos “Somos os que tiveram sorte” tem nuances novelescas, com diálogos pueris que se tornam quase infantis diante do cenário em que a trama se desenvolve. Mas a incrível trajetória dos Kurc acaba se sobrepondo a esses deslizes.

 

 

“SOMOS OS QUE TIVERAM SORTE”
• A minissérie, com oito episódios, está disponível no Disney+

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