No início de maio, o CPM 22 mandou uma “pedrada” para as plataformas digitais: o disco de inéditas “Enfrente”, oitavo álbum de estúdio da banda formada em Barueri (SP). Em pouco mais de 40 minutos, o grupo mostra que não perdeu a essência punk que o projetou nacionalmente na virada do milênio.
A diferença é que “Enfrente” conta com canções (14 ao todo) mais politizadas sobre problemas da sociedade contemporânea – intolerância, imediatismo, ódio nas redes sociais – ao mesmo tempo em que aborda o amor e questões sentimentais.
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Em turnê para divulgar “Enfrente”, o CPM 22 desembarca em Belo Horizonte nesta sexta-feira (16/8), no BeFly Hall, antiga Arena Hall. O show é aquecimento para o 2000 Rock Fest, que será realizado em setembro, na Esplanada do Mineirão.
Detalhe: o grupo não está no line-up do festival. “Desde que começamos a conversar com a organização, tínhamos a intenção de participar. Mas eles tiveram de mudar a data e houve conflito com nossa agenda. Para não ficarmos de fora, arranjamos a solução de fazer uma espécie de ‘esquenta’ do festival”, explica o vocalista Badauí.
Nostalgia
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A apresentação de hoje não vai deixar de lado o espírito nostálgico do festival, voltado para sonoridades dos anos 2000. Afinal de contas, “cada show é um momento de lembrança e de confraternização”, de acordo com Badauí.
O setlist passa pela discografia da banda desde “A alguns quilômetros de lugar nenhum” (álbum de estreia, lançado em 1999) até “Suor e sacrifício” (2017). Além, claro, das novidades do “Enfrente”.
Do novo trabalho, devem entrar cerca de cinco canções, adianta Badauí. “São músicas que a gente escreveu a partir de coisas que vivemos e que nos influenciaram de alguma forma. Podem ser coisas positivas ou que a gente abomina”, ressalta.
Ódio e cancelamento
Algo que incomoda Badauí é o ódio nas redes sociais. Isso fica claro na faixa “Covarde digital”. A música, uma das faixas mais críticas do novo disco, fala sobre uma pessoa que diariamente “acorda com raiva do mundo”, “atacando alguém gratuitamente”.
“Não existe ninguém que não sofra hate hoje”, afirma Badauí. “Famoso ou não, todo mundo sofre hate em algum momento da vida. Para qualquer comentário que você faça, vai ter um moleque de 12 anos, alguém sem qualquer instrução ou simplesmente um idiota para te atacar.”
Por essas e outras, o músico é a favor da regulamentação das redes. Ativo no X, antigo Twitter, Badauí, de 48 anos, passou a receber ataques recorrentes depois de criticar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em seu perfil.
“Tem bastante tempo que estou nas redes sociais, aquilo que acontece ali não é a realidade. Você vai a um bar, por exemplo, e está conversando sobre algum tema espinhoso, ninguém vai chegar na sua mesa e te chamar de bosta, te ameaçar ou te bater. Isso só acontece nas redes, porque as pessoas têm a segurança do anonimato”, diz.
“E isso é muito perigoso”, continua. “Uma coisa é criticar, outra coisa é cometer um crime ou estimular o cancelamento severo, que vai impactar o outro a ponto de ele querer tirar a própria vida, como já aconteceu muitas vezes”, preocupa-se o cantor e compositor.
É na música que Badauí procura passar o seu recado. Como é o caso da faixa “Rivais”: “Onde nós vamos parar/ jogando esse jogo? (…)/ Tentem escutar a voz que grita o sofredor/ Força e união/ precisamos ter.”
AQUECIMENTO DO 2000 ROCK FEST
Show do CPM 22. Nesta sexta (16/8), às 22h, no BeFly Hall (Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Inteira: R$ 500 (front stage) e R$ 300 (pista e cadeira superior). Meia-entrada válida para doadores de 1kg de alimento não perecível, entregue no dia. Vendas na bilheteria e no site ingresse.com.