Há 22 anos o mundo se despedia de Chico Xavier (1910-2002). O médium expoente do espiritismo costumava dizer que queria fazer sua “passagem” num dia em que o povo brasileiro estivesse muito feliz. Foi o que aconteceu. Após sofrer uma parada cardiorrespiratória, Chico partiu no mesmo dia em que a Seleção Brasileira conquistou o pentacampeonato.

 




O episódio é o ponto de partida do espetáculo “Os mundos de Chico Xavier”. A montagem desembarca em Belo Horizonte neste sábado (17/8) para apresentação única, às 19h, no Cine Theatro Brasil Vallourec.

 

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Com texto de Miguel Filliage, a peça mostra Chico (João Signorelli) já no plano espiritual e ele percebe que está em um lugar desconhecido. Quando olha para o lado, se depara com Bezerra de Menezes (Carlos Meceni), médico e figura importante para a disseminação da doutrina espírita no Brasil.


Amor e desapego

 

Durante o encontro fictício, Chico e Bezerra falam sobre o amor, a importância da escuta e o desapego com as coisas do mundo material. A partir daí, os personagens embarcam em uma jornada espiritual que pretende mostrar ao público uma nova perspectiva sobre a espiritualidade.

 

 

Idealizada pelos próprios atores e tendo Carlos Meceni também na direção, o espetáculo nasceu do desejo de mostrar a simplicidade por trás da vida do médium, considerado mito por muitos. “É um espetáculo muito simples, feito sem malabarismos, porém muito profundo e gostoso de assistir”, garante Meceni.


Ainda segundo o ator e diretor, o diferencial do espetáculo é revelar um lado ainda desconhecido do médium mineiro por grande parte do público, já que a vida de Chico Xavier rendeu diversas obras dedicadas à trajetória dele, como livros, filmes, séries e até mesmo outras peças.


“Chico tinha particularidades que só a família sabia e que agora podem ser conhecidas pelo público através da peça”, diz Meceni. O filho adotivo do médium, Eurípedes Humberto, foi quem ajudou na construção do texto da montagem, trazendo detalhes da rotina do pai, que, apesar de todo o reconhecimento que tinha, levava uma vida simples.


“O filho dele se tornou um grande amigo. Ele nos contou histórias pessoais que só ele sabia, coisas da intimidade mesmo do Chico Xavier. Ele nos disse muito sobre o humor que ele tinha, falou da história de como ele foi adotado, as coisas que o pai gostava de comer… A gente conta todos esses detalhes na peça”, completa João Signorelli.

 


Signorelli conta que além do aval do filho adotivo, o texto também foi aprovado por um grupo de pessoas da convivência do médium, composto pela cozinheira, o motorista, um casal de amigos e a atual presidente do centro espírita fundado por ele.


Em cena, o ator usa roupas, óculos e peruca que pertenciam ao próprio Chico Xavier. “Para nós esse foi um presente gigantesco cedido pela família dele”, comemora Signorelli. “Fico muito feliz em poder mostrar esse figurino para o público através da arte. Isso torna o personagem ainda mais real na peça”, completa.


A primeira apresentação do espetáculo aconteceu no final de 2021, em Uberaba, cidade onde o médium, natural de Pedro Leopoldo, passou grande parte da vida. Filho de pais analfabetos, Chico Xavier foi autor de mais de 400 livros psicografados. Vendeu cerca de 50 milhões de cópias, mas nunca ficou com nenhum lucro das vendas, pois dizia que a autoria das obras não lhe pertencia.


Humanização

 

Ao longo de uma hora de duração da montagem, o público se conecta com um protagonista bem-humorado, mas que também aborda temas relacionados à espiritualidade. Em uma das passagens, por exemplo, Chico fala sobre quando viu um espírito pela primeira vez e começou a entender sua missão de vida.


Na visão do ator que interpreta o protagonista, o grande diferencial do espetáculo é a abordagem humanizada de Chico Xavier. “A gente focou em trazer uma conversa de dois homens comuns, não uma beatificação ou uma adoração. Procuramos trazer o Chico para o mundo, mostrar que ele é uma pessoa normal”, destaca Signorelli.

 

“OS MUNDOS DE CHICO XAVIER”
Neste sábado (17/8), às 19h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315 – Centro). Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) à venda pelo Eventim e na bilheteria local.

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