Foram dois anos de turnê do disco “Pra gente acordar”, com shows no Brasil, Estados Unidos e Europa. No início, José Gil, Francisco Gil e João Gil – respectivamente, filho e netos de Gilberto Gil, que formam a banda Gilsons – tocavam em casas pequenas, com capacidade para cento e poucas pessoas. Pouco a pouco, conquistaram o próprio espaço. E agora, com o último giro de “Pra gente acordar”, o saldo final não poderia ser melhor.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 


No show realizado em Portugal na semana passada, o trio fez cerca de 20 mil pessoas cantarem “Love, love” a capella, momento registrado nas redes sociais da banda.

 

 



 

“Foi no Festival de Paredes de Couras. Surreal!”, comenta João, em entrevista por videochamada. “A gente saiu de lá maravilhado. É um festival muito incrível, daqueles europeus onde a turma vai, acampa por lá, toma banho no rio que passa ali embaixo... Vira uma grande comunidade mesmo”, acrescenta.


Peça e aula

 

A próxima parada do trio será em BH, neste sábado (24/8), para se apresentar no BeFly Hall, antiga Arena Hall. Embora seja a mesma turnê que veio à cidade em 2022 (no Palácio das Artes), o show não é o mesmo.

 


“É como a peça de teatro encenada várias vezes ou a aula que o professor dá por muitos anos. À medida que você vai repetindo a mesma coisa, essa coisa vai tomando outras formas que a gente nem sequer pensava inicialmente”, compara João.

 


Isso ocorreu de maneira natural, pois os shows do trio, cujos integrantes se alternam nos instrumentos, permitem dinâmica menos engessada. A confiança e a segurança conquistadas ao longo dos últimos dois anos também influenciaram as performances ao vivo.

 


Ao longo da turnê, foram introduzidas ideias menos ortodoxas, como o considerável tempo dedicado ao solo de percussão, tendo um berimbau entre os instrumentos.

 

 

 


Além disso, de 2022 para cá, foram lançados os singles “Bateu” (2023), “Céu rosé” (2023), “Feito a maré” (2024) e “Me liga” (2024), incorporados no repertório do show. Assim, a estrita turnê de divulgação das canções de “Pra gente acordar” virou uma espécie de coletânea ao vivo.

 


A metamorfose da turnê reflete o processo de produção e divulgação de “Pra gente acordar”. A banda já tinha em mente fazer novo álbum de inéditas na esteira do sucesso de “Várias queixas” (2021). Porém, ao contrário do que ocorreu na estreia, “Pra gente acordar” foi lançado parte a parte.

 


“Começamos esse projeto (o álbum) lançando dois singles. Depois, gravamos mais três músicas e vimos que já teríamos um EP. Em seguida, gravamos mais quatro e juntamos tudo num disco só”, afirma João.

 


O álbum não trouxe a mesma quantidade de hits do anterior (“Várias queixas”, “Love, love” e “Vento alecrim”). No entanto, foi responsável por fazer o Gilsons alcançar a marca de três milhões de ouvintes mensais no Spotify.

 

 

 


A popularidade do trio rendeu parcerias com músicos influentes da nova geração. Gilsons compôs e lançou “Índia” com Julia Mestre; “Algum ritmo” com Jovem Dionísio; o remix de “Love, love” com Alok; e “Céu rosé” com os mineiros do Lagum.

 


“A gente é muito camarada do pessoal do Lagum”, ressalta João. “Nossa relação começou por causa do Fran (Francisco Gil). Ele conheceu um dos caras pela internet, ficou amigo da banda inteira e apresentou pra gente as músicas deles”.

 

Fora do eixo

 

Não demorou para que João e José virassem fãs. Não só das composições do grupo mineiro, que em certa medida se assemelha à sonoridade do Gilsons, mas pela trajetória da banda formada fora do eixo Rio-São Paulo, que alcançou projeção nacional, permaneceu na cidade de origem e não abandonou suas raízes.

 


“Eles mantêm aquela coisa clássica das bandas, a formação tradicional com baixo, bateria e guitarra, mas, ao mesmo tempo, isso traz uma modernidade ao som deles e à própria maneira como interagem com o público. É uma banda que a gente adora. A gente adora a forma como eles construíram e vêm construindo a carreira”, diz João.

 

"Trabalhamos a todo vapor", diz Pedro Calais sobre os 10 anos da banda Lagum

 


A relação com o Lagum é tão profunda que, no Festival Viva Brasil do ano passado – quando estava previsto que o Gilsons dividiria o palco apenas com Gilberto Gil –, o trio carioca surpreendeu o público ao chamar os mineiros para cantar “Céu rosé”.

 


Para o show desta noite, João não menciona surpresas. A julgar pela trajetória do trio e das imprevisibilidades com as quais costuma presentear os fãs, a única certeza é a de que a apresentação deste sábado será completamente diferente das anteriores na capital mineira.

 


GILSONS


Show “Pra gente acordar – Sessão final”. Neste sábado (24/8), às 22h, no BeFly Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Inteira: R$ 240 (front stage), R$ 200 (cadeira superior ouro) e R$ 160 (cadeira superior prata). Meia-entrada válida para doadores de 1kg de alimento não perecível. Ingressos à venda na bilheteria e na plataforma Eventim.

compartilhe