Com uma mistura entre história, arte e literatura, começa nesta quarta-feira (28/8) a segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu. Criado em 2023 por Afonso Borges, o evento promove cinco dias de atividades culturais gratuitas na cidade do Noroeste de Minas.

 




Este ano, a principal novidade é a expansão das atividades, que agora acontecem em 10 pontos espalhados pelo Centro Histórico do município, localizado a 500km de Belo Horizonte. A mudança foi necessária após a interdição da Igreja do Rosário, sede das principais ações da edição passada, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). Atualmente, o local passa por reformas estruturais.

 

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Para o idealizador do evento, o aumento na escala do festival só foi possível graças ao aprendizado adquirido na edição anterior. “No ano passado, aprendemos muito porque este é um festival que funciona e acontece nas ruas. É um festival que trabalha com a comunidade, com as ruas, com as pessoas. A comunidade da cidade é incluída o tempo todo em tudo”, afirma Afonso Borges.


Estrangeiros

 

Até 1º de setembro, Paracatu receberá grandes nomes da literatura nacional e internacional, que vão participar de palestras, sessões de autógrafos e ciclos de debate. Ao todo, mais de 60 autores foram convidados pelo trio de curadores Sérgio Abranches, Tom Farias e o já citado Afonso Borges. Destaque para Anielle Franco, Conceição Evaristo, Eliane Alvez Cruz, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório e Marcia Tiburi.

 

 

Entre os convidados internacionais, estão a escritora italiana Igiaba Scego, o francês Emmanuel Arioli e a cubana Teresa Cárdenas. A portuguesa Djaimilia Pereira de Almeida estava confirmada, mas desmarcou sua participação no início da semana por motivos de saúde.


Pelo segundo ano consecutivo, o Fliparacatu tem como patrono o jornalista e escritor paracatuense Afonso Arinos (1868-1916). Imortal pela Academia Brasileira de Letras (ABL), Arinos foi um precursor da literatura regionalista, retratando temas relacionados à vida e a cultura do sertão mineiro em suas obras.


Conceito de ética

 

De acordo com Afonso Borges, a ética é o conceito que norteia toda a programação desta edição do festival. “Essa palavra, meio em estado de desuso, é a única na língua portuguesa que comporta todas as outras que a gente trabalha: diversidade, pluralidade, sustentabilidade, acessibilidade. Tudo isso está dentro do nosso festival. Não é um festival limitado às falas dos autores. É um festival democrático, ético, que tem equidade; a gente procura contemplar a questão da diversidade não só na palavra, mas também no conteúdo”, explica.

 


Neste ano, o Fliparacatu homenageia Ailton Krenak e Lucas Guimaraens. Com Krenak, o festival celebra a ancestralidade; com Guimaraens, a poesia herdada de uma família que reúne nomes como Bernardo Guimarães e Alphonsus de Guimaraens.


Natural de Mariana, Lucas Guimaraens será homenageado hoje com o lançamento de um audiolivro contendo 33 poemas do poeta, lidos na voz da atriz Julia Lemmertz. Além disso, os versos de Guimaraens ganharam vida no projeto Pão e Poesia, sendo estampados em embalagens de pão distribuídas em estabelecimentos de Paracatu.


Já Ailton Krenak, imortal da Academia Brasileira de Letras, trará ao festival reflexões sobre temas essenciais para entender a sociedade atual. Além disso, o autor comemora seus 71 anos de idade, amanhã (29/8), no evento.


Atividades paralelas

 

O Fliparacatu oferece ainda uma série de atividades paralelas, com programações específicas para crianças, adolescentes e adultos. A Fundação Casa de Cultura, por exemplo, recebe a exposição “Objetos de fé”, de Angela Gutierrez. No sábado (31/8), o Largo da Jaqueira será palco de uma apresentação da Orquestra Ouro Preto com o espetáculo “Gonzagão”.


A exposição “Muros invisíveis – Professores negros” também faz parte do festival. Nela, curadores foram convidados a escolher 25 professores e professoras negras, cujas histórias são contadas em fotos de três metros de altura, exibidas na Praça do Largo do Rosário. “Isso muda a vida de uma pessoa que está invisibilizada dentro de uma escola pública há 40 anos e, de repente, ela vai para a praça principal numa foto linda contando a história dela”, afirma Borges.


O projeto também promove o Prêmio de Redação e Desenho para estudantes de 4 a 18 anos, matriculados nas escolas públicas e privadas da cidade, com o objetivo de estimular a criação literária e artística das crianças e jovens. Os finalistas receberão troféus e prêmios em dinheiro.


Afonso Borges diz que a experiência de participar do FLI é transformadora para o público. “Passar cinco dias ouvindo pessoas interessantes do Brasil, uma após a outra, é uma experiência educacional e cultural incrível. Isso transforma uma pessoa”.


Autores em destaque

Escritores presentes na Fliparacatu

• Anielle Franco
• Conceição Evaristo
• Eliane Alvez Cruz
• Itamar Vieira Junior
• Jeferson Tenório
• Marcia Tiburi


FLIPARACATU
Segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu. Desta quarta-feira (28/8) a 1º de setembro, no Centro Histórico de Paracatu. Entrada gratuita. Programação completa em: @fliparacatu.

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