Mais de uma década e meia depois do lançamento de “Estômago” (2008), filme que logo se tornou objeto de culto, o diretor Marcos Jorge resolveu retomar a história de Raimundo Nonato, personagem interpretado por João Miguel. A motivação, ele explica, foi a repercussão ampliada que o longa obteve quando chegou ao streaming, com uma expressiva renovação de público. O resultado é “Estômago 2 – O poderoso chef”, que estreia no circuito comercial brasileiro nesta quinta-feira (29/8).

 



 

A sequência se aproxima da produção original na medida em que repete a fórmula de trabalhar com duas linhas do tempo simultâneas, de passado e presente. No novo filme, contudo, Raimundo Nonato perde o protagonismo. O foco, agora, recai sobre o personagem de Nicola Siri, um ator fracassado que se torna o chefão da máfia italiana Dom Caroglio, que acaba vindo parar no presídio em que o primeiro “Estômago” é parcialmente ambientado.

 

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Outro personagem que ganha mais espaço é Etcétera, o veterano líder dos detentos vivido por Paulo Miklos. Agora, cabe a Raimundo Nonato, que se tornou o chefe dos cozinheiros do presídio, fazer a costura entre as duas forças opostas que lutam para ter o controle da situação. Marcos Jorge diz que a produtora topou o projeto de ampliar a franquia, mas sem fazer mais do mesmo – razão pela qual cenários e personagens italianos ganham mais espaço. O país europeu, diga-se, já figurava como coprodutor do primeiro longa.

 


"Achamos interessante misturar o tempo que transcorreu entre o 'Estômago' original e este novo trabalho. O personagem Etcétera, por exemplo, cumpre um arco temporal muito significativo”, diz, destacando que os elementos da Commedia Dell'Arte estão presentes em ambas as produções. A novidade é que “Estômago 2”, como o próprio subtítulo entrega, incorpora de forma explícita elementos característicos dos filmes de máfia italianos.


O diretor explica que esse direcionamento atendeu a um desejo de ampliar uma dimensão binacional que já havia no primeiro longa. A linha do tempo presente mostra o dia a dia no presídio, enquanto a do passado, ambientada na Itália, mostra o percurso que o personagem de Siri cumpre até se tornar Dom Caroglio. Marcos Jorge diz que ele e os corroteiristas Bernardo Rennó e Lula Silvestre descobriram, durante as pesquisas, que os mafiosos de hoje em dia recorrem a filmes como referência do que é ser um mafioso.

 


"No primeiro filme, tem uma busca de identidade por parte do Raimundo Nonato. Resolvemos fazer isso de novo, mas agora com relação ao personagem do Nicola Siri, tendo 'O poderoso chefão' (Francis Ford Coppola, 1972) como referência absoluta. Tem citações literais”, diz. O filme divide-se de forma equilibrada entre cenas italianas e brasileiras, o que também se aplica à partilha de idiomas. “Estômago 2” almeja o mercado externo tanto quanto o interno, de acordo com o diretor.


Paulo Miklos

 

Paulo Miklos festeja a ampliação do espaço de seu personagem. “No primeiro filme, o convite era para uma participação especial. Cheguei no set dois dias antes do início das filmagens. Caí de paraquedas e foi maravilhoso. O 'Estômago' original é um dos filmes mais importantes do cinema nacional, tem uma legião de fãs. Agora, fiquei muito feliz de ser convidado para aprofundar meu personagem nessa história, que é bastante movimentada, para dizer o mínimo”, ressalta.


Nicola Siri, por sua vez, lembra que já havia trabalhado em uma trama que envolvia a máfia italiana – a telenovela “Poder paralelo”, exibida pela Record entre 2009 e 2010. “É uma coisa da qual, de uma forma ou de outra, sempre estive perto. Um dos momentos mais críticos da história da Itália, com a máfia concentrando grande poder, eu vi aquilo acontecer, é uma coisa que, para nós, italianos, é um soco no estômago”, diz, destacando que o subtítulo “O grande chef” alude a dois personagens – o seu e o de João Miguel.


“ESTÔMAGO 2 – O PODEROSO CHEF”
(Brasil, 2024, 131 min.) Direção de Marcos Jorge. Com Nicola Siri e João Miguel. Em cartaz em salas de cinema das redes Cineart, Cinemark e Cinépolis, além do Una Cine Belas Artes.

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