Declarado neste ano pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil, o choro, um gênero centenário, cresceu de forma exponencial em Belo Horizonte ao longo dos últimos anos. É com um espírito de dupla celebração, portanto, que o Festival BH Choro chega à sua 13ª edição neste fim de semana, com uma série de shows gratuitos na praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, apresentando grupos representantes de diferentes gerações e estilos.

 




A Velha Guarda do Clube do Choro de BH e a Orquestra de Choro da UFMG são as atrações deste sábado (31/8), a partir das 16h. No domingo (1/9), a partir das 10h, se apresentam a banda base do Clube do Choro de BH e os grupos Regional da Serra e Samba e Choro de Quintal.

 

Paulo Ramos, um dos sócios da Idear Produção Cultural e Artística, responsável pela realização do festival, recorda que a primeira edição ocorreu em 2008, quando o projeto foi selecionado no então recém-lançado programa Natura Musical.

 


Ele diz que a intenção era ampliar os espaços para a execução do choro na cidade. “Naquele momento, era uma prática restrita, em Belo Horizonte e no resto do país, a bares, casas de família e rodas esporádicas de amigos. Com o projeto aprovado pelo Natura Musical, conseguimos levar o choro para a praça, conseguimos que ele viesse a ter o mesmo espaço que o jazz ou a música instrumental tinham, porque era o patinho feio da história. Não inventamos a pólvora, mas tivemos o mérito de ajudar o choro a ser o que é hoje”, diz.

 


Com recursos mais parcos do que em edições anteriores, que contaram com nomes como Hamilton de Holanda e Paulo Moura, o 13º Festival BH Choro concentra a programação em grupos locais. O produtor do evento diz, no entanto, que a cena local sintetiza muito bem tudo o que é feito Brasil afora.

 

Orquestra de choro


“Estamos apresentando, por exemplo, a Orquestra de Choro da UFMG, composta por 25 integrantes. O que acontece no choro, normalmente, é a roda com cinco músicos. Ter uma formação assim, robusta, evidencia a gama de possibilidades do gênero”, afirma. Aproximar os veteranos e os novos representantes do choro em Belo Horizonte, uma premissa do festival, continua em voga.

 


Um exemplo é a Velha Guarda do Clube do Choro de BH, com “todo mundo de cabelo branco”, diz Ramos, ao lado do grupo Regional da Serra, cujos integrantes estão dos 20 aos 30 anos. “Nesta edição, você tem músicos com 90 anos e tem um menino de 16 na programação. “É importante para acabar com o estigma de que choro é música de velho. Não tem idade, não tem faixa etária, e isso aponta para a continuidade do choro”, diz.

 


Ser uma formação consolidada na cidade é um dos critérios que orientam a escolha dos grupos a cada edição. “Existem nesse circuito do choro muitos grupos que são efêmeros, e há uma defasagem de até dois anos entre você aprovar o projeto numa lei de incentivo e efetivamente realizá-lo. Procuramos por isso colocar grupos mais estáveis”, comenta o produtor. Outra critério é a presença do Clube do Choro, seja com a banda de base, seja com a Velha Guarda, em todas as edições.

 

Motor da cidade


“O Clube tem 18 anos e é um motor para o gênero na cidade”, justifica. Por outro lado, o Festival BH Choro procura ser um radar para as novidades, incluindo na programação grupos que ainda não tenham participado de nenhuma edição. Um exemplo este ano é o Choro e Samba de Quintal, derivado do antigo Clube do Choro de Betim.

 


“Não sei de outra capital que tenha choro ao vivo de segunda a segunda. Em Belo Horizonte, se você quiser sair para ouvir, em qualquer dia da semana, vai ter uma roda se apresentando em algum lugar. Isso acontece porque tem demanda”, diz Ramos.

 


O violonista Carlos Walter, de 45 anos, é o mais jovem integrante da Velha Guarda do Clube do Choro de BH, do qual é associado praticamente desde sua fundação, em 2006. “Quando comecei, existiam quatro rodas fixas na cidade, em bares como o Bolão, no Padre Eustáquio, e o Pedacinhos do Céu, no Alto Caiçaras. Aos poucos, a gente viu uma multiplicação desses espaços, arrebanhando cada vez mais jovens ávidos pela troca de experiências com os mais antigos”, diz.

 


Ele observa que a presença expressiva de mulheres no circuito do choro na cidade é um reflexo da expansão do gênero. “A gente teve Chiquinha Gonzaga, uma precursora, no século 19, mas, de lá para cá, teve um hiato grande no que diz respeito à participação das mulheres no choro. Hoje você tem em Belo Horizonte coletivos exclusivamente femininos, como as Choronas e o Abre a Roda, que se apresentam com frequência. Eu vejo tudo isso com muito otimismo”, afirma.

 


13º FESTIVAL BH CHORO

Confira a programação na Praça Duque de Caxias

Sábado (31/8), a partir das 16h


• Velha Guarda do Choro do Clube do Choro BH


• Orquestra de Choro da UFMG


Domingo (1/9), a partir das 10h


• Grupo de Choro do Clube do Choro de BH


• Grupo Regional da Serra


• Samba e Choro de Quintal

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