"Vidas em cordel", um dos destaques da Fliparacatu, volta ao cartaz nesta quinta-feira (5/9) em novo local, a Fundação Municipal Casa de Cultura de Paracatu -  (crédito: Marcelo Ramos/divulgação)

"Vidas em cordel", um dos destaques da Fliparacatu, volta ao cartaz nesta quinta-feira (5/9) em novo local, a Fundação Municipal Casa de Cultura de Paracatu

crédito: Marcelo Ramos/divulgação

 

 


Paracatu – Conte sua história. Conheça a dos outros. Entrelace caminhos, encontre saídas e viva o ritmo do cordel. Em Paracatu, na Região Noroeste de Minas Gerais, moradores e visitantes têm canal e espaço abertos para refrescar as memórias e deixá-las registradas.

 

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Quem não viu a mostra “Vidas em cordel” durante o Festival Literário Internacional (Fliparacatu), encerrado no domingo (1º/9), terá nova oportunidade. A exposição será reaberta desta quinta-feira (5/9) a 13 de outubro, na Fundação Municipal Casa de Cultura, com cabine interativa gratuita para cada um “dar o seu recado”.

 

 


A mostra “proporciona uma experiência que passeia por narrativas individuais apresentadas como obras literárias, ao mesmo tempo épicas e cotidianas”, informa Karen Worcman, diretora do Museu da Pessoa, responsável pela exposição.

 


Logo na entrada, o visitante encontra o cordel, gênero literário popular, com 19 tipos diferentes dos livrinhos contando histórias de vida cordelizadas – cinco delas foram inspiradas em depoimentos de moradores de Paracatu.

 


Mais adiante, há painéis com textos sobre as pessoas “retratadas”, em xilogravura e biografia, a exemplo de “Dona Benzinha Araújo – A grande mãe de Paracatu”. A primeira estrofe diz assim: “Para quem passou a vida, fazendo vida emergir, eu arrisco essa homenagem, se assim me permitir: dona Benzinha, parteira, faça meu verso fluir.”

 

 

Painel da exposição Vidas em cordel homenageia Dona Benzinha Araújo parteira de Paracatu

Dona Benzinha Araújo, parteira de Paracatu, é um dos temas da mostra

Marcelo Ramos/divulgação

 

 

Lembranças

 

Durante a Fliparacatu, patrocinada pela Kinross via Lei Federal de Incentivo à Cultura, a exposição ocorreu na Biblioteca Municipal René Lepesqueur.

 

“O primeiro livro que ganhei na vida foi um cordel dado por meu pai. Era maranhense e faleceu há pouco tempo”, contou, ainda sob a força de emoção, a servidora pública Alessandra Gomes, de 37 anos, residente em Brasília (DF).

 

Na cabine, Alessandra deixou registrada essa narrativa. Ao lado, a irmã Carla Gomes, de 39, professora de educação infantil, preferiu gravar um pouco da sua relação com a natureza.

 

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De acordo com Karen Worcman, “Vidas em cordel” valoriza o legado da cultura popular brasileira por meio de narrativas individuais. Em resumo, “uma herança a ser transmitida e sempre reapropriada”.

 


Virtual e colaborativo, o Museu da Pessoa funciona há três décadas, registrando, preservando e transformando histórias de vida em fonte de conhecimento, compreensão e conexão. Os registros são adicionados instantaneamente ao acervo digital, que soma cerca de 20 mil depoimentos.

 


A curadoria está a cargo do poeta e cordelista Jonas Samaúma, do cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio e da xilogravadora Lucélia Borges.

 


“A exposição traz um cordão de histórias mostrando um Brasil diverso, caleidoscópico, com suas mazelas e injustiças, mas também com suas belezas e encantos. Um verdadeiro tributo à coragem e à resiliência dessas pessoas”, afirma Marco.

 


A xilogravura ganha destaque. Cada gravura esculpida por Lucélia Borges e Artur Soares, de acordo com a curadoria, “dá vida a personagens, cenários e acontecimentos que povoam as histórias selecionadas”. Embora não seja a única técnica usada para ilustrar capas de cordéis, a xilogravura é a mais característica.

 

Duas mulheres sorriem dentro de painel para selfies exposto na mostra Vidas em cordel

Visitantes contam com painel especial para selfies montado na exposição

Marcelo Ramos/divulgação

 

 

A exposição itinerante chegou a Paracatu depois de passagens pelo Memorial Sertanejo, em Santa Cruz da Venerada (PE), pelo Museu Afro-Brasileiro de Salvador (BA), pela IV Festa Literária Internacional do Paiaiá, no povoado de São José do Paiaiá (BA), pela Feira Literária de Mucugê (Fligê) e pelo Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (Flifs). Ainda vai percorrer outros estados este ano.

 


Para Lucas Lara, diretor de museologia do Museu da Pessoa, o evento explora o que há de único e coletivo, banal e extraordinário na vida de cada um de nós.

 


“A exposição nos mostra que, assim como a literatura de cordel, nossas histórias também são patrimônios culturais brasileiros”, afirma Lucas.

 


“Vidas em cordel” dispõe de conteúdos exclusivos on-line que podem ser acessados no endereço memo.museudapessoa.org/vidas-em-cordel. Na lista de conteúdos on-line está o livreto “'Vidas em cordel' para educadores”, destinado a atividades pedagógicas.

 


“VIDAS EM CORDEL”


Exposição do Museu da Pessoa. De quinta-feira (5/9) a 13/10, na Fundação Municipal Casa de Cultura (Rua do Ávila, Núcleo Histórico de Paracatu). Dias úteis, das 8h às 18h. Fim de semana e feriado, das 9h às 15h. Entrada franca.

 

* O repórter viajou a convite da Kinross