Vovó Arlete (Gloria Pires), que luta kung fu, é mãe de Marina (Cleo). As duas mantêm relação distante, mas se aproximam por causa dos filhos e netos -  (crédito: Stella Carvalho/Divulgação)

Vovó Arlete (Gloria Pires), que luta kung fu, é mãe de Marina (Cleo). As duas mantêm relação distante, mas se aproximam por causa dos filhos e netos

crédito: Stella Carvalho/Divulgação

 

 

Uma aventura de férias com a avó distante, passeios em contato com a natureza, proibição de eletrônicos e lutas de kung fu estão presentes em “Vovó ninja”, filme brasileiro que estreia nesta quinta-feira (5/9) nas salas de cinema do país.

 

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A comédia infantojuvenil mistura fantasia, lutas e abordagem sensível sobre as complexidades das relações familiares, discutindo também pautas feministas.

 

 

 


O diretor Bruno Barreto, de 69 anos, conta a história de como três crianças reaproximam a mãe da avó. “O título indica que é só filme infantil, mas não é isso. Mesmo você sendo adulto, você se envolve na história, e essa foi a minha preocupação com as cenas”, destaca Barreto.

 

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No início do filme, Marina (Cleo Pires) e seu marido decidem enviar os três filhos – João (Michel Felberg), Elis (Luiza Salles) e Davi (Angelo Vital) – para passar as férias escolares no sítio da avó Arlete (Gloria Pires), mulher rígida e reclusa. Devido à relação conturbada da própria mãe com a avó, as crianças inicialmente rejeitam a ideia de conviver com uma pessoa que elas não conhecem bem.

 


A situação muda quando Arlete defende sua casa, com habilidades impressionantes, de um assalto. O caçula Davi testemunha a luta e passa a acreditar que sua avó é ninja, o que leva a criançada a descobrir um quarto repleto de fotos e troféus de Arlete como mestre do kung fu.

 

 

 


Impressionados, os netos decidem se tornar aprendizes da arte marcial e, a partir das aulas, entram em harmonia com a avó, aprendendo a aproveitar o local e a companhia de Arlete.

 


Gloria Pires afirma que praticou kung fu quando era mais nova e poder revisitar essa prática foi um desafio interessante. “Achei tão divertido também ser justamente a avó anciã que pratica artes marciais. É uma novidade que a pessoa velha do grupo traga essa surpresa, que é uma situação considerada fora da caixa”, acrescenta a artista.

 


Aos 61 anos, ela está retornando aos cinemas após o longa “Desapega” (2023) e diz que o filme chamou a sua atenção instantaneamente.

 


“Gostei da proposta dessa avó ausente que vira uma personagem na cabeça dos netos. O filme surgiu para mim em um momento muito bom. Poder filmar naquela fazenda, quando estávamos voltando da pandemia, e em contato com as crianças, foi muito restaurador”, relata Gloria Pires.

 

Olhar feminino

 

Além das aventuras, “Vovó ninja” se aprofunda em diversos momentos nas dificuldades que surgem nas relações femininas, seja entre Arlete e Marina, Marina e Elis ou até mesmo Arlete e Elis. Entre os netos, a menina é a mais influenciada pela complexidade da relação entre as mulheres, o que a leva a desafiar a autoridade da avó.

 


Gloria e Cleo Pires, que atuam pela primeira vez como mãe e filha neste filme, destacam a importância das cenas finais, gravadas em take único, em que as duas personagens buscam resolver as desavenças. “Foi uma experiência muito rica. Acho que todos os relacionamentos profundos têm complexidade e poder atuar com a minha mãe nas cenas finais foi muito importante para nós duas”, afirma Cleo.

 


Gloria também reflete sobre esta questão: “Foi interessante principalmente por a escolha entre a maternidade e a carreira ser uma situação que hoje ainda afeta as mulheres. Estamos em um lugar em que temos que escolher e ainda sermos perfeitas em tudo o que fizermos. Então, esse foi um momento importante para mim como mãe da Cleo e para essa história, que se encerra com muita poesia, muita verdade e muito sentimento”.

 


“VOVÓ NINJA”


(Brasil, 2024, 96 min.) Direção: Bruno Barreto. Com Gloria Pires e Cleo Pires. Estreia em Belo Horizonte nesta quinta-feira (5/9) nas salas das redes Cineart, Cinemark e Cinépolis.


* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro