O maestro José Soares rege o programa desta edição do Filarmônica na Praça, que é dividido em duas partes -  (crédito: Alexandre Guzanshe - 12/5/2024/EM/D.A. Press)

O maestro José Soares rege o programa desta edição do Filarmônica na Praça, que é dividido em duas partes

crédito: Alexandre Guzanshe - 12/5/2024/EM/D.A. Press

 


“Barcarola”, peça retirada de “Os contos de Hoffmann” (1881) é, talvez, uma das melodias mais conhecidas no mundo. No entanto, poucos associam-na ao compositor alemão que se radicou na França Jacques Offenbach. Virtuoso do violino, ele compôs obras inventivas, carregadas de humor burlesco para representar a sociedade francesa da segunda metade do século 19, firmando-se como um dos mais destacados compositores de operetas da Era Romântica.

 


“Normalmente, as pessoas pegam o programa de um concerto e têm um estranhamento diante de tantos nomes que elas não sabem pronunciar e sequer imaginam que conhecem obras deles”, afirma o maestro José Soares, regente associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

 


Para desfazer esse estranhamento, a orquestra desenvolveu a série Filarmônica na Praça, que vem promovendo concertos gratuitos ao ar livre em diferentes regiões de Belo Horizonte desde 2008. Neste domingo (8/9), a apresentação será na Barragem Santa Lúcia, com programa que vai de Tchaikovsky a Leonardo Gorosito, passando por Offenbach.

 


“É um repertório que espelha as muitas possibilidades de estéticas de uso da orquestra e que também mostra às pessoas que essas obras estão mais próximas delas do que imaginam”, diz Soares.

 


O concerto abre com a “Suíte nº 2: Farandole”, extraída da “L'Arlésienne”, de Bizet. Depois, segue com “Polonaise”, de Tchaikovsky; “Rondo alla Turca”, de Mozart; a já citada “Barcarola”, de Offenbach; e “Valsa das flores”, do balé “O quebra-nozes”, também de Tchaikovsky.

 

“Se o pessoal gostar e aplaudir, voltaremos para um bis especial que preparamos aqui. Mas não posso dar nenhum detalhe, porque é surpresa”

José Soares, regente associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais


O programa continua com "Acalanto", de Brahms; "Danças polovtsianas", de Borodin; e "Trovão e Relâmpago, polca, op. 324", de Strauss Jr.

 


Tradição europeia


“Aí nós fechamos a primeira parte do concerto”, informa o regente. “Essa primeira parte é um retrato da tradição europeia, que é o local onde as orquestras se desenvolveram”, comenta.

 


No segundo momento, serão apresentadas peças de compositores latinos. Entre elas, “Danzón nº 2”, do mexicano Arturo Márquez; "Malazarte: Batuque", do carioca Lorenzo Fernandez; e “Suíte Bossa: Temas de Baden Powell e João Donato”, obra encomendada pela Filarmônica a Leonardo Gorosito.

 


São nomes que tiveram como referência os clássicos europeus, mas desenvolveram uma identidade própria em suas obras. Arturo Márquez, por exemplo, é um compositor atual com forte presença na pesquisa de materiais de tradição regional no México. Sua “Danzón nº 2” emula tradições de diferentes lugares da América Central.

 


“Já Lourenço Fernandes é de uma segunda geração de compositores brasileiros que começaram a se valer dos materiais de tradição nacional”, aponta o regente. “Ele escreveu um batuque que, nesse caso, não é um batuque de percussão, e sim uma dança que tem uma origem tipicamente brasileira, começando mais lenta e acelerando gradativamente.”

 


Por fim, explica Soares, Leonardo Gorosito é o mais jovem dos três. Tendo trabalhado com a Filarmônica anteriormente, ele desenvolveu um arranjo inédito que mescla temas de “A rã”, de João Donato; “Samba da bênção”, de Baden Powell e Vinicius de Moraes; e “Flor de maracujá”, também de Donato.

 


“Se o pessoal gostar e aplaudir, voltaremos para um bis especial que preparamos aqui. Mas não posso dar nenhum detalhe, porque é surpresa”, graceja o maestro.

 

FILARMÔNICA NA PRAÇA
Concerto da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Neste domingo (8/9), às 11h, na Barragem Santa Lúcia, localizada no Bairro Luxemburgo. Entrada franca.


Outros espetáculos

>>> “ÂNIMA”

No monólogo escrito pela filósofa Lúcia Helena Galvão, a atriz Beth Zalcman interpreta uma tecelã à procura de sua ancestralidade feminina, enquanto entrelaça fios. Pensamentos e lutas de Joana d'Arc, Hipátia de Alexandria, Marguerite Porete, Helena Blavatsky, Harriet Tubman e Simone Weil conduzem a narrativa.

 

Nesta sexta (6/9) e sábado, às 20h; domingo (8/9), às 19h; no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, Centro). Ingressos à venda por R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), na bilheteria ou pelo site Sympla.


>>> “BOI LUZEIRO”

O conjunto mineiro formado por Anna Luiza Magalhães (voz e percussão), Daniel Morais (voz e percussão) e Militani de Souza (voz, violão e viola) apresenta o show “Embaixada do sol”, nesta sexta-feira (6/9), a partir das 19h, no Espaço Real Fantasia (Rua Cravinas, 710, Esplanada). No repertório, canções autorais que transitam pelo coco, maracatu, samba, folia de reis, carimbó e congado. Entrada franca.


>>> “COM A LICENÇA DE CRUZ E SOUSA”

Espetáculo virtual de Luscas Gonçalves que apresenta e investiga os poemas simbolistas do poeta catarinense Cruz e Sousa. Nesta sexta-feira (6/9), às 20h30, no canal de YouTube do Piccolo Teatro Meneio (youtube.com/live/eNIgCwQ3DII).

 


>>> JOVEM ORQUESTRA DE OURO BRANCO

A Jovem Orquestra de Ouro Branco se apresenta neste domingo (8/9), às 11h, no Teatro Feluma (Alameda Ezequiel Dias, 275, Centro), às 11h. O programa contempla compositores ingleses da primeira metade do século 20. Entre eles, Peter Warlock (1894-1930) e Ralph Vaughan Williams (1872-1958). Ingressos à venda por R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), na bilheteria ou pelo site Sympla.