Osman Lins escreveu "Lisbela e o prisioneiro", que virou filme lançado em 2003 pelo diretor Guel Arraes -  (crédito: Acervo de família/reprodução)

Osman Lins escreveu "Lisbela e o prisioneiro", que virou filme lançado em 2003 pelo diretor Guel Arraes

crédito: Acervo de família/reprodução

 

 

O projeto Letra em Cena desta terça-feira (10/9) vai lembrar o centenário do escritor pernambucano Osman Lins (1924-1978). Com mediação do curador José Eduardo Gonçalves, o evento contará com a presença do jornalista e escritor Hugo Almeida, doutor em letras pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador da obra de Lins.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 


O autor pernambucano estreou em 1955 com o romance “O visitante”. Publicou cerca de 30 livros – entre eles, “Lisbela e o prisioneiro”, adaptado para o cinema por Guel Arraes em 2003, e “Avalovara”, seu livro mais aclamado.

 

 

 


Lins começou a escrever em jornais aos 17 anos. Chamou a atenção com sua literatura, mas foi praticamente esquecido depois de morrer aos 54 anos, vítima de câncer generalizado.

 


“Estamos comemorando o centenário dele, mas Osman viveu pouco mais da metade desses 100 anos. Hoje, é pouco conhecido fora da mídia. Seus principais livros estão fora das livrarias”, lamenta Hugo Almeida.

 

Montagem mineira de "Lisbela e o prisioneiro" levou para o palco o humor refinado de Osman Lins

 

Lançado em 1973, “Avalovara” se encontra esgotado, assim como outros títulos de destaque do autor, como “A rainha dos cárceres da Grécia” e “Nove, novena”.

 


No entanto, Almeida destaca que a efeméride do centenário reavivou o interesse pela obra de Lins. O volume de ensaios “Guerra sem testemunhas”, esgotado desde 1974, será reeditado pela Universidade Federal de Pernambuco.

 


“Trata-se de um ensaio sobre o escritor, sua condição e a realidade social. Para mim, é um livro essencial para quem escreve e lida com literatura”, afirma o pesquisador. Além disso, o volume com a correspondência entre Osman Lins e Hermilo Borba Filho será publicado em breve pela Hucitec.

 

 

Jornalista e pesquisador Hugo Almeida

Hugo Almeida, convidado do projeto Letra em Cena nesta terça-feira (10/9), vai lançar livro de ensaios sobre a obra de Osman Lins

Acervo pessoal

 


Em novembro, o próprio Hugo Almeida lançará o livro de ensaios “A voz dos sinos – O sagrado, a mulher e o amor na obra de Osman Lins”, pela editora Sinete. O volume reúne suas descobertas em mais de duas décadas de pesquisa.

 


“Ele é um escritor tão bom quanto os maiores do Brasil, como Machado de Assis, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos”, afirma.

 


Osman Lins manteve coerência estética e ética em sua trajetória, destaca Almeida. “As principais obras dele, 'Avalovara' e 'A rainha dos cárceres da Grécia', foram escritas durante a ditadura. Não se intimidou, disse tudo lá, às vezes por meio de metáforas”, destaca.

 


“Osman era original na arquitetura e estrutura dos livros, nunca se repetia, sempre inovava. Dizia que o acaso estava excluído da obra dele. Tudo era pensado, planejado, nada é gratuito. Cada obra é diferente, mas há continuidade. Vou falar sobre essas diferenças também”, adianta.

 


O legado de Osman Lins segue relevante para as novas gerações de leitores e escritores. “Quem ainda não leu deve ler, porque encontrará grandes surpresas. Não apareceu escritor tão grande quanto ele no Brasil, e não sei se algum dia aparecerá”, garante Almeida.

 


O evento desta noite contará com a leitura do conto “A partida” pelo ator Odilon Esteves. Nele, Osman Lins narra sua relação com a avó, Joana Carolina, que o criou após a morte da mãe, quando tinha apenas 16 dias. 

 

LETRA EM CENA


O pesquisador e escritor Hugo Almeida discute a obra de Osman Lins. Mediação: José Eduardo Gonçalves. Nesta terça-feira (10/9), às 19h, na biblioteca do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Entrada franca, com retirada de ingressos na plataforma Sympla.