Longa mostra Silvio Santos (Rodrigo Faro) em um dos momentos mais dramáticos de sua vida 
 -  (crédito: Imagem Filmes/divulgação)

Longa mostra Silvio Santos (Rodrigo Faro) em um dos momentos mais dramáticos de sua vida

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FOLHAPRESS  - “Silvio” estreia nos cinemas do país nesta quinta-feira (12/9) com o ator e apresentador Rodrigo Faro interpretando Silvio Santos.

 


Ator, diretor e produtores afirmam que tentaram levar às telas um Silvio humano, que ninguém nunca viu. Para mostrar a pessoa, Senor Abravanel, em vez do apresentador e dono do SBT, escolheram um momento de sua vida do qual ninguém sabe realmente tudo o que aconteceu.

 

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O período escolhido, 30 de agosto de 2001, cobre as quase oito horas que Silvio passou sob a mira de uma arma em sua casa, em São Paulo. Quem a empunhava era o rapaz que, dias antes, manteve sua filha Patricia Abravanel sequestrada durante uma semana, até o pagamento de resgate de R$ 500 mil.

 

 


Dois dias após a libertação de Patricia, o criminoso, Fernando Dutra Pinto, foi encontrado num flat por policiais. Conseguiu fugir, deixando ali quase R$ 460 mil. Na fuga, ele matou dois policiais.

 

 

 


Ferido e com medo de ser morto, Fernando invadiu a casa do apresentador, e os dois ficaram ali, cercados pela polícia e pela mídia. O sequestro só terminou com a presença do então governador Geraldo Alckmin, que deu garantia de proteção a Dutra, que se entregou.

 

 

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Ator Johnnas Oliva diz que o sequestrador Fernando Dutra não teve "chance à educação, à cultura, a uma empatia"

Imagem Filmes/divulgação

 

A questão que “Silvio” suscita é: o quanto aquilo que é mostrado na tela chega perto do que realmente aconteceu? Os diálogos do filme reproduzem muito do que foi realmente dito por Silvio e os policiais quando tratavam da negociação para que Dutra se entregasse. Mas as conversas dentro da cozinha da casa, entre sequestrado e sequestrador, isto é, o grande recheio do filme, nasceram no roteiro.

 

Morto no presídio: tortura?

 


E o que foi dito ali não tem mais como ser averiguado. Silvio Santos nunca deu detalhes do sequestro e morreu no último 17 de agosto. Dutra morreu na cadeia, cinco meses após sua prisão. A polícia diz que a morte foi causada por uma parada cardíaca, enquanto ONGs que defendem os direitos humanos afirmam que ele morreu por ferimentos de tortura e negligência médica, sem comprovação.

 

 

 


Alguns episódios da vida de Silvio, desde garoto, são contados em flashbacks. Outros atores personificam Silvio criança e jovem, e Rodrigo Faro tem, em algumas dessas voltas ao passado, a chance de interpretar Silvio em ação, no palco, com seu vocabulário característico e frases que acabaram se tornando bordões. Mas o desafio do ator estava nas cenas tensas na cozinha, durante o sequestro, ele diz.

 


“Fiz o trabalho inverso do que normalmente um ator faz. A gente partiu do exagero e foi diminuindo, tirando a caricatura, até chegar a uma prosódia natural”, afirma Faro. “Não tinha sentido algum fazer o Silvio com aquela maneira de falar na TV, aquele Silvio que todo mundo gosta de imitar. Durante o sequestro, é um Silvio acuado, com medo, preocupado com a vida dele, com a família dele.”

 

Duas personas

 

Dirigido por Marcelo Antunez, o longa tem roteiro assinado por Anderson Almeida e Newton Cannito. Durante as filmagens, Faro precisou se concentrar em separar o que ele chama de “pessoa jurídica”, que é o apresentador de televisão, e a “pessoa física”, o empresário Senor Abravanel.

 


“No set, em alguns momentos, Marcelo precisava insistir comigo e berrar: ‘Menos Silvio! Mais Senor!’. Foi um grande desafio”, conta Faro.

 

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O episódio do sequestro trouxe uma situação inédita para os negociadores do Gate, o Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar de São Paulo. Pela primeira vez, a negociação foi travada com o sequestrado, não com o sequestrador, porque Silvio ganhou a confiança do criminoso.

 

“Daí vem a genialidade, a inteligência emocional, a sabedoria, o poder de persuasão desse cara que transforma a situação”, diz Faro.

 

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Para chegar a esse ponto, o filme avança na ficção e vai construindo uma suposta relação em que o sequestrador reconhece empatia em Silvio, que exerce influência quase paternal sobre o criminoso, interpretado por Johnnas Oliva.

 

Galãzinho educado

 

Além de visitar o bairro onde o rapaz morava, o culto evangélico e lugares que Dutra frequentava, o ator conseguiu comprar em um sebo a biografia do sequestrador, de tiragem esgotada.

 

“Ele é um desses meninos que não têm chance à educação, à cultura, a uma empatia, a um olhar afetuoso. Ele era querido, um galãzinho para as meninas, que o adoravam. E era muito educado, tanto que no filme a gente não usa termos como mano e palavras ligadas à bandidagem”, diz Johnnas.

 


Para tentar potencializar a tensão entre Silvio e Dutra, Faro e Oliva decidiram passar todo o período de filmagem separados. Eles se encontraram apenas nos momentos de gravação.


“Foi ótimo para aumentar a tensão. Depois das filmagens, nos tornamos amigos”, conta Oliva.

 

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A morte recente de Silvio Santos deve aumentar o potencial de bilheteria do filme, que já tinha data de lançamento marcada há meses.

 


“Tudo o que aconteceu nas últimas semanas fez com que esse filme ganhasse uma atmosfera de emoção, de saudade. Era inicialmente uma homenagem para ser feita em vida, mas Deus não quis assim”, conclui o ator Rodrigo Faro.

 


“SILVIO”


(Brasil, 2024, 112 min. De Marcelo Antunez, com Rodrigo Faro, Johnnas Oliva, Vinicius Ricci, Polliana Aleixo, Marjorie Gerardi, Adriana Londoño, Paulo Gorgulho e Duda Mamberti) – Estreia nesta quinta-feira (12/9) em salas dos shoppings BH, Boulevard, Cidade, Contagem, Del Rey, Diamond, Itaú, Minas, Monte Carmo, Norte, Partage Betim, Pátio Savassi, Ponteio e Via.