Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos dedicaram turnês a repertórios de álbuns da Legião Urbana -  (crédito: Leo Aversa/divulgação)

Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos dedicaram turnês a repertórios de álbuns da Legião Urbana

crédito: Leo Aversa/divulgação

 

 

 

Belo Horizonte foi a cidade escolhida para o encerramento da turnê “As V estações”, na qual Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá executam repertórios dos álbuns “As quatro estações” (1989) e “V” (1991), da Legião Urbana, banda da qual foram, respectivamente, guitarrista e baterista. O grupo encerrou as atividades em 1996, após a morte do cantor e compositor Renato Russo.

 

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A dupla passou pela cidade com o show em março deste ano, retornou em julho, no festival Prime Rock Brasil, e se apresenta neste sábado (14/9), às 22h, no BeFly Hall. Dado e Bonfá estarão acompanhados por André Frateschi (vocal e bateria), Mauro Berman (direção musical, baixo e teclados), Lucas Vasconcellos (guitarra e violão) e Pedro Augusto (teclados).

 

 

Ter BH como ponto final da turnê foi coincidência de agenda, mas Dado ressalta a conexão com a cidade. “Belo Horizonte sempre esteve junto de nós, desde que tocamos no DCE da UFMG, bem no início da Legião Urbana, em 1985 ou 1986. Existe essa sintonia com a cidade, onde, aliás, tenho familiares”, diz.

 

O show desta noite é o mesmo de março, em termos de estrutura e repertório, que contempla “Meninos e meninas”, “Pais e filhos”, “Metal contra as nuvens”, “Vento no litoral” e “O teatro dos vampiros”, entre outras canções.

 

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A turnê “As V estações” se insere na sequência que teve início em 2015, quando Dado, Bonfá e os músicos que os acompanham circularam com o show que resgatava o repertório do primeiro álbum da Legião, lançado em 1985.

 

Em 2017, houve a turnê celebrando os dois títulos seguintes na discografia da banda, “Dois” (1986) e “Que país é este?” (1987). Depois de “V”, ainda vieram outros dois álbuns de inéditas, “O descobrimento do Brasil” (1993) e “A tempestade” (1996), antes da morte de Renato Russo.

 

 

Não há previsão de turnê calcada nesses dois últimos trabalhos, informa Dado Villa-Lobos. O impasse se deve ao litígio com Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, sobre o uso do nome Legião Urbana e a execução das músicas.

 

“Essa questão judicial com o herdeiro, não tenho mais saco para isso. A gente já ganhou em todas as instâncias, não usamos a marca Legião Urbana, é Dado e Bonfá. Estamos celebrando as nossas vidas. Foi uma sorte chegarmos onde chegamos com essas canções. Se os ventos mudarem, quem sabe?”, diz o guitarrista.

 

Vinte e sete anos após o fim da Legião, a obra da banda segue sustentando as turnês que Dado, Bonfá e companhia têm realizado há quase uma década, extensas e bem-sucedidas. O guitarrista atribui o caráter atemporal desse trabalho à linguagem “no fundo simples, mas universal” das composições.

 

“Ali somos nós falando das nossas vidas de uma forma lírica e com pegada rock'n'roll. É uma fórmula que ficou na memória e no coração das pessoas”, considera.

 

Melancolia

 

Na década de 1980, o rock era essencialmente contestador, mas a música da Legião trazia elementos de melancolia, com temas que abordavam o amor e a fraternidade, comenta Dado. Para ele, havia algo de “erudito” na forma como Renato Russo escrevia e cantava.

 

“A música é imprescindível na vida das pessoas, Mozart dizia isso há 300 anos. A conexão é imediata. É magia, não tenho outra palavra. Quando as pessoas se conectam, é de verdade.”

 

O cenário musical mudou muito ao longo dos últimos 30 anos. Dado não distingue muitos ecos do que a Legião fez nos dias atuais, mas considera que o legado permanece nas próprias canções.

 

“O que ficou foi o repertório com o qual até hoje as pessoas se identificam. 'Faroeste caboclo' permanece atual, 'Que país é este?' também está aqui, no momento presente”, ressalta.

 

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A sintonia e o caráter desbravador da geração roqueira dos anos 1980 – que inclui Titãs, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho, entre outras bandas – também são fatores responsáveis pela perenidade do que se produziu naquela época, aponta.

 

“Estávamos pensando a música de uma determinada forma e tínhamos voz. Isso abriu portas e gerou uma reação em cadeia. Veio o hip-hop, veio o funk e tudo o mais que compõe o atual cenário musical. A gente estava ali, saindo de uma represa ditatorial, o fluxo aconteceu e agora a autovia do pop está aberta. Tem artistas de hoje venerando e cantando músicas nossas, isso é maravilhoso, é uma bênção. É uma magia que eu, pelo menos, não esperava jamais”, destaca.

 

Exílio e Stones

 

Fora do tributo à Legião Urbana, Dado prossegue com seu trabalho solo. Ele está finalizando o álbum que começou a ser produzido durante a pandemia, com a colaboração de Kassin, e pretende lançá-lo em 2025.

 

“São canções mais alternativas, mais rascantes, estranhas, com pegada cinematográfica, misturando o eletrônico com o acústico. Estava pensando num título, talvez se chame 'Exílio no meu bairro', em alusão ao 'Exile on main street', dos Rolling Stones”, adianta.

 

O guitarrista também cria trilhas para cinema, séries de TV e streaming. “Meu plano é estar no estúdio, que é meu escritório. Fazer música é um bálsamo para mim”, conclui.

 

“AS V ESTAÇÕES”


Com Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e banda. Neste sábado (14/9), às 22h, no BeFly Hall (Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Pista: de R$ 190 a R$ 380. Cadeira superior prata: de R$ 120 a R$ 240. À venda na plataforma Sympla e na bilheteria do BeFly Hall.