Um dos pioneiros da soul music brasileira, Hyldon, de 73 anos, vai comandar o baile no Rock in Rio no próximo sábado (21/9), às 17h. Estarão com ele no palco o cantor Claudio Zoli e a Banda Black Rio – será a quarta apresentação de Hyldon no festival.
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“Será muito legal, com uma hora de baile. Vou fazer o revival das minhas músicas. Aliás, vamos fazer um pouco dos melhores momentos de cada um”, afirma o cantor, compositor, produtor e guitarrista.
Autor de clássicos, vários artistas gravaram canções de Hyldon. Como fez o Jota Quest, cuja versão de “As dores do mundo”, lançada em 1995, chamou a atenção dos jovens para o soulman. E também Paula Toller e Kid Abelha, com “Na rua, na chuva, na fazenda”.
“Graças a essas gravações, tenho um público bastante variado”, comenta Hyldon. No último dia 7, ele chamou a atenção no Festival Coala, em São Paulo, dividindo o palco com Sandra de Sá. “Foi muito bacana”, diz.
Hyldon agora está lançando “Aconteceu em Geribá” (ONErpm), o primeiro single de seu disco só com faixas inéditas que chegará às plataformas musicais em 2025.
Composta em 1977, a canção só foi finalizada este ano. Hyldon a criou em Búzios, no litoral fluminense, para onde se mudara, desencantado com a indústria fonográfica. Conta que havia trocado de gravadora e foi avisado de que o disco “Nossa história de amor” não seria divulgado nas rádios.
“Fiquei bravo, acabei largando tudo e me mudando para a Praia de Geribá. Lá, montei a Geribanda e compus a primeira parte. Agora, 50 anos depois, fiz a segunda parte e estamos lançando nas plataformas digitais.” A canção ganhou novo significado, garante.
“Estou feliz com minha obra, vivendo o momento de reconhecimento do meu trabalho. Fui convidado para participar de dois importantes festivais este ano, o Coala e o Rock in Rio”, comenta.
Hyldon pertence à geração de “feras” do soul nacional. Trabalhou com os amigos Tim Maia (1942-1998) e Cassiano (1943-2021). De seus discos participaram Azymuth, Dominguinhos, Robson Jorge, Evinha e o gaitista Maurício Einhorn, entre muitos outros.
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Lançou canções que se tornaram clássicos, como “Na, chuva, na rua, na fazenda”, “As dores do mundo”, “A sombra de uma árvore” e “Acontecimento”.
Em 2009, seu álbum “Soul brasileiro” contou com participações de Carlinhos Brown, Chico Buarque, Zeca Baleiro, Roberto Frejat, Jorge Vercillo, Carlinhos Vergueiro, Dalto, Tunai e Carlos Dafé.
“Muita gente gravou músicas minhas, como Tim Maia, Wanderléa, Golden Boys, Wanderley Cardoso e Jerry Adriani. Antes de gravar meu primeiro disco, também produzi Odair José, Erasmo Carlos e Wanderléa”, lembra.
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Hyldon prepara um documentário que se chamará “As dores do mundo”. “Há um ano venho fazendo entrevistas e filmando shows”, revela, orgulhoso de várias canções suas fazerem parte de trilhas sonoras do cinema, nos filmes “Carandiru”, “O homem do ano”, “Paraíso perdido” e “Cidade de Deus”.
“Ser um dos pioneiros da soul music brasileira muito me honra. Naquela época, a gente fazia música com influência americana, mas com toque brasileiro”, enfatiza. Influenciado por Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, Hyldon confessa: “Meu primeiro ídolo foi Little Richard”.
Aretha Franklin, Ottis Redding, Temptations, Diana Ross & Supremes, Marvin Gaye e Ray Charles foram outras influências.
Em 1976, ele lançou o LP “Deus, a natureza e a música”, considerado obra-prima do soul nacional. Ali, Hyldon mesclava soul, gospel e música brasileira, com arranjos da Orquestra de Cordas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro Waltel Branco. O trabalho contou ainda com as bandas Azymuth e Black Rio.
“Em 1981, gravei o álbum “Sabor de amor” pela Continental. Foi um trabalho muito legal, agora estão relançando este disco”, informa. Os trabalhos mais recentes dele foram “Soul, samba rock” (2020) e “Parceiros” (2022).
“O próximo só terá inéditas com a pegada do soul e muito suingue. Vou soltar alguns singles antes, ‘Aconteceu em Geribá’ é o primeiro. O álbum se chama, provisoriamente, Geribanda, nome da banda que criei em Búzios”, conclui.