Rafael Zimerman participa da ONG Stand With Us, que luta contra o extremismo e o antissemitismo 

 -  (crédito: Acervo pessoal)

Rafael Zimerman participa da ONG Stand With Us, que luta contra o extremismo e o antissemitismo

crédito: Acervo pessoal

 

 

Entre janeiro e maio de 2023, Rafael Zimerman sofreu duas tentativas de assalto a mão armada em São Paulo, sua cidade natal. Por questões de segurança, ele, então com 27 anos, decidiu recomeçar a vida em Israel, país que já havia visitado várias vezes. Cinco meses após sua chegada naquele país, Zimerman nasceu de novo. Para tal, teve que se fingir de morto.

 


Ele estava no festival Tribe of Nova, ao Sul de Israel, que em 7 de outubro de 2023 foi atacado pelo Hamas.

 

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O chamado Massacre de Simchat Torá matou 1.160 mil israelenses – 364 estavam na rave. Detonou a guerra hoje em curso que, 11 meses mais tarde, já tirou a vida de 41 mil pessoas em Gaza. Cento e uma pessoas sequestradas, entre israelenses e estrangeiros, permanecem desaparecidas.

 

 

 

 


Zimerman voltou a São Paulo três semanas após a tragédia, no último voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Em dezembro, fez a primeira palestra. “Desde que tudo aconteceu, entendi que precisava falar”, afirma ele, que vem a Belo Horizonte nesta quarta-feira (18/9) participar da 3ª Bienal do Livro Judaico.

 

Debates

 

De amanhã (17/9) a quinta-feira (19/9), o Instituto Histórico Israelita Mineiro estará de portas abertas para o público com uma série de atividades. Celebrando os 40 anos do próprio instituto e os 60 da Federação Israelita do Estado de Minas Gerais, o evento vai oferecer uma série de debates em torno da cultura judaica.

 


O escritor Jacques Fux, seu pai, o advogado e professor Samuel Fux, e a escritora e psicanalista Ana Cecília Carvalho, recentemente eleita para a Academia Mineira de Letras, debatem o tema “A figura do pai na literatura judaica”. Em 2023, os Fux lançaram o livro “Meu pai e o fim dos judeus na Bessarábia”. Haverá também feira de livros, com cerca de mil títulos de obras judaicas.

 


Outros convidados para encontros são Ariella Segre, judia italiana sobrevivente do Holocausto que se naturalizou brasileira; o rabino Sany Sonnenreich, mais conhecido como Rav Sany, muito popular graças a sua presença na TV e nas redes sociais; e Carlos Reiss, coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba.

 


Duas exposições serão apresentadas ao longo do evento. “Ledor Vador: Sementes e frutos da comunidade judaica em Belo Horizonte” acompanha a jornada da colônia na capital mineira. Já a mostra “Unindo vozes contra a violência de gênero”, idealizada pela Organização Feminina do Ministério das Relações Exteriores de Israel, apresenta obras de 14 artistas. Foi criada a partir da tragédia de 7 de outubro.

 

Engajamento

 

Ao retornar ao Brasil, Rafael Zimerman passou a integrar a organização não governamental Stand With Us.
Desde 2018 no país, a ONG, com sede em Los Angeles, combater o extremismo e o antissemitismo por meio da educação.

 

Ranani e Bruna, os brasileiros mortos durante ataque do Hamas

 

De volta ao Brasil, Zimerman foi vítima de situações extremas. “Depois do 7 de outubro, o antissemitismo aumentou cerca de 1000% no país”, diz ele, que sofreu um ataque numa festa, quando um jovem, ao saber quem ele era, “começou a dizer que queria a morte de todos os judeus em São Paulo”. Também houve quem dissesse que o que ele havia passado era mentira.

 


Zimerman relata ao Estado de Minas o que ocorreu: “Estava na festa, que era muito próxima à Faixa de Gaza, quando vi o ataque com mísseis. Saí de lá com meu amigo (Ranani Glazer, brasileiro) e a namorada dele (Rafaela Treistman) e chegamos até um bunker, bem pequeno, no meio da estrada.”
O abrigo comportava cerca de 15 pessoas. No final do ataque, havia 40.

 


“Os terroristas entraram no bunker com gás, granada de estilhaços. Atiraram, jogaram coquetéis molotov. Fiquei fingindo de morto durante horas.”

 

Cicatrizes

 

Zimerman carrega nas costas e na barriga as marcas das granadas de estilhaço. Nove daquelas 40 pessoas sobreviveram. Zimerman e Rafaela estão entre elas. Glazer, não.

 

“É importante viajar, visitar lugares e escolas para que as pessoas entendam a história de um brasileiro que sobreviveu a um ataque terrorista. Nossa luta tem de ser por uma vida melhor, pois numa guerra, ninguém ganha”, conclui Zimerman.  

 

3ª BIENAL DO LIVRO JUDAICO

De terça (17/9) a quinta-feira (19/9), das 10h às 22h, no Instituto Histórico Israelita Mineiro (Rua Pernambuco, 326, Savassi). Entrada franca. Ingressos devem ser retirados na plataforma Sympla.

 

PROGRAMAÇÃO


Terça (17/9)


17h30: Relato de Ariella Segre, sobrevivente do Holocausto


18h30: Painel “Educação e resistência no Holocausto”, com Luciane Fernandes, Nanci Nascimento e Sarita Sarue


20h: Lançamento do livro “O halo âmbar”, de Fernando Dourado Filho

 

Quarta (18/9)

 

17h30: Palestra “Escritores judeus na literatura brasileira”, com Lyslei Nascimento


18h30: Palestra “Antissemitismo nos dias atuais e a Shoá”, com Carlos Reiss, coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba


20h: Palestra com Rafael Zimerman, sobrevivente do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023

 

Quinta (19/9)

 

18h30: Painel “A figura do pai na literatura judaica”, com Jacques e Samuel Fux e Ana Cecília Carvalho


20h: Palestra “A riqueza dos valores milenares judaicos”, com rabino Sany