A cantora Joss Stone, de vestido vermelho, canta no palco -  (crédito: Anna Moneymaker/GETTY IMAGES- 30/11/2022/ AFP)

A cantora Joss Stone, de vestido vermelho, canta no palco

crédito: Anna Moneymaker/GETTY IMAGES- 30/11/2022/ AFP

 

Dois anos após sua apresentação no Breve Festival, a britânica Joss Stone retorna a Belo Horizonte no próximo domingo (22/9), com o show da turnê “Ellipsis". Tendo visitado todos os países do mundo – incluindo a Coreia do Norte – com a ambiciosa “Total world tour” (2014 a 2019), ela não esconde que o Brasil é um de seus lugares favoritos.

 


Com composições na trilha sonora de novelas como “Da cor do pecado”, “Como uma onda” e “Caminho das Índias”, a cantora de soul e R&B é conhecida do público brasileiro. Nesta quinta (19/9), ela será uma das headliners do Rock in Rio. Nessa passagem pelo país, irá ainda a São Paulo e Ribeirão Preto.


Em 2012, Joss Stone esteve pela primeira vez na capital mineira. Em 2022, ela surpreendeu os mineiros ao cantar em um casamento no Inhotim e ser vista caminhando pela Savassi, na região Centro-Sul de BH.


Na entrevista a seguir ao Estado de Minas, a britânica relembra o início da carreira, em 2003, aos 16 anos, com o lançamento do álbum “The soul sessions”, diz ainda sentir nervosismo quando sobe ao palco e fala sobre sua recente relação com a maternidade. Ela é mãe de Violet, de 3 anos, e Shackleton, de 1.

 

Numa vinda anterior ao Brasil, você disse que subir ao palco é sempre assustador. Isso foi há quase 10 anos. Hoje em dia você ainda se sente assim?
Totalmente! Honestamente, não acho que isso vai embora algum dia. Acho que é porque o que estou fazendo depende muito de como estou me sentindo. É diferente a cada vez. Se eu estivesse subindo ao palco para fazer algo que fosse ser igual à noite anterior, eu ficaria tipo: "Ok, vamos fazer de novo."

 

 

Mas não é assim. É como se cada parte de você estivesse em um novo dia. Às vezes você se sente muito energizado, muito animado, sente que conhece todas as suas letras e se sente superconfiante. Mas, na maioria das vezes, você começa a se questionar. É raro ter dias em que você não está com medo, embora eu já tenha tido alguns. Quando subo ao palco, preciso sentir, às vezes, milhares de pessoas ao mesmo tempo e captar essa energia coletiva para decidir o que elas precisam. Nem sempre eu sei. Alguns públicos não te dão nada. Nesses dias, eu me sinto completamente apavorada, é assustador e desconfortável.

 

No Brasil as pessoas estão sempre empolgadas para te ver.
No Brasil nunca é assim. Eles me dão o maior apoio. A América do Sul é muito assim, com pessoas apaixonadas, cheias de amor e que não têm medo de sentir.

 

Como você mantém sua criatividade e autenticidade ao longo dos anos em uma indústria que está sempre mudando?
A coisa mais importante a se fazer é ignorar a indústria. Como artista, a razão pela qual somos criativos é porque estamos tentando ser nossas versões mais autênticas. Se você começa a seguir as normas da indústria ou do que está em alta, deixa de lado o seu propósito inicial. Espero que as pessoas gostem do que crio e se divirtam com isso. E se não gostarem, eu não posso mudar quem sou. Só posso ser o melhor de mim que consigo ser.

 

 

Você parece estar em um momento da carreira em que faz o que quer, sem a pressão por sucesso. Sempre foi assim?
Sempre fui assim. Só que agora estou mais velha e um pouco mais confiante em manter minha posição. Quando eu era mais jovem, era como se estivesse presa no oceano, sendo empurrada pelas ondas. Foi assim que me senti quando era mais nova, com todo mundo orquestrando meu mundo. Eu não era uma garota feliz. Embora estivesse me divertindo pensando "Ah, eu sou uma cantora, isso é divertido”, por outro lado, eu estava muito irritada na maior parte do tempo, porque estava cantando músicas que eu não gostava.

 

Estavam me dizendo o que vestir, o que eu tinha que fazer. Eu odiava sessões de fotos, odiava ter que fazer vídeos. Foi um tempo de inquietação para mim. Agora não me sinto mais assim. Se faço um vídeo, é porque quero, porque é algo divertido para mim. As sessões de fotos ainda não são minha coisa favorita, mas levei tempo para aprender a tornar essas partes da minha vida mais agradáveis.

 

No ano passado você afirmou que planeja se afastar dos palcos por um tempo para se concentrar em cuidar dos seus filhos. Esta pode ser sua última vez no Brasil por um tempo?
Não. Não planejo me afastar. Espero nunca ter dito isso, porque isso é besteira. Planejo fazer menos. E já estou fazendo isso. Neste ano minha turnê foi dividida em quatro momentos de duas semanas. Isso não é muito tempo. Então fiz muito, muito menos.

 

 

O que realmente quero fazer agora é estar com meus filhos. Quero cantar, preciso cantar, é quem eu sou. Se eu não fizesse isso, acho que seria uma pessoa muito sem paz, acho que não seria uma pessoa legal. Eu estaria sempre de mau humor. Ganho muita alegria com isso e sei que as pessoas também ficam alegres com o meu trabalho. Sinto que não posso perder essa parte de mim, mas ela pode ficar menor. Não precisa ser tão constante. Agora, sinto que sou mais mãe do que qualquer outra coisa. E isso é muito mais divertido.

 

Já fiz muitas coisas nesta vida. Fui a todos os países do mundo. Cantei com grandes pessoas. Tive muitos momentos criativos. Foi um tempo lindo, mas isso não se compara a ter meus filhos. É muito mais divertido criar pequenos humaninhos e abraçá-los. 

 

JOSS STONE EM BH
Domingo (22/9), no BeFly Hall (AV. Nossa Sra. do Carmo, 230 - Savassi), às 20h. Ingressos a R$ 950 (cadeira premium) e R$ 650 (cadeira), R$ 450 (arquibancada; inteira), à venda pelo Sympla e na bilheteria local.