Os atores Fernando Oliveira e Francis Severino são os palhaços Mulambo e Risoto, que atuavam como Doutores da Alegria pelo Instituto Ha-Ha-Ha -  (crédito: Lina Mintz / divulgação)

Os atores Fernando Oliveira e Francis Severino são os palhaços Mulambo e Risoto, que atuavam como Doutores da Alegria pelo Instituto Ha-Ha-Ha

crédito: Lina Mintz / divulgação

 

Integrantes do Instituto Ha-Ha-Ha desde sua fundação, Fernando Oliveira e Francis Severino – respectivamente o “palhaços doutores” Mulambo e Risoto – estavam desenvolvendo uma ação no Hospital das Clínicas, em 2015, quando conheceram Matheus, um garoto cego ali internado, em tratamento. Apesar da deficiência visual, ele acompanhava a dupla com atenção e empolgação pelos leitos e corredores do centro de saúde.

 


Certo dia, ao final do trabalho, Matheus os seguiu até a porta do elevador. “Por instinto eu perguntei: 'Vamos fugir daqui?'”, conta Oliveira . “Ele respondeu: 'Esse é meu sonho!'. A partir desse momento, todas as nossas intervenções no hospital, duas vezes por semana, foram em torno desse imaginário. Criamos planos de fuga com Matheus, simulamos e treinamos. Até que chegou o dia da alta e, junto com a mãe e o corpo clínico do hospital, simulamos a fuga, sem ele saber que, na verdade, estava recebendo alta.”


O episódio é o ponto de partida do espetáculo “Sirene!”, que estreia neste sábado (21/9), no Teatro Raul Belém Machado. Com mais de 10 anos atuando juntos como palhaços em espaços públicos, Mulambo e Risoto se apresentam pela primeira vez num teatro.

 

 


A direção é de Lenine Martins e a dramaturgia é assinada pelos próprios artistas, sob supervisão de João Filho. “Logo quando teve a 'fuga do hospital', escrevi um conto sobre o episódio, uma história inventada, nada documental, relatando como foi. Nessa história, cavamos um túnel que sai no Parque Municipal, só que, quando estão saindo do túnel, os palhaços ouvem uma sirene e são presos”, recorda Oliveira.

 


Equipe

 

Esse conto é a base da dramaturgia, o que faz do espetáculo uma continuação do episódio ocorrido em 2015. “Para compor a equipe, convidamos pessoas que, em algum momento, já estiveram conosco. Lenine foi nosso professor na escola de teatro; João Filho foi contemporâneo nosso de formação e já atuou com o Francis no espetáculo 'Quintal'; já fizemos aulas com Chaya Vasquez, responsável pela concepção e execução da trilha sonora; Mariana Blanco já fez vários figurinos para a gente”, diz.


Tanto Oliveira quanto Severino têm formação em artes cênicas e acumulam experiências isoladas nos palcos, mas não como a dupla Mulambo e Risoto. “Tivemos participações em cenas curtas, mas espetáculo mesmo, este é o primeiro para teatro”, diz o primeiro. Em sua carreira, sempre estiveram em ruas, praças, parques, hospitais e comunidades da capital e do interior do estado, a bordo de projetos como o Palhaços Sem Porteira, pelo qual visitam locais em situação de vulnerabilidade social e distritos de cidades do interior.

 


Oliveira não considera, no entanto, que “Sirene!” inaugure nova fase na vida artística da dupla. “Acho que é um novo lugar dentre os vários pelos quais já passamos, então é chegar e tomar conta dele. É um lugar de atuação possível de explorar, com tudo o que o teatro permite, e acessar cada vez mais novos públicos e novos encontros, o que é o mais importante pra nós: produzir encontros de qualidade através da arte”, afirma.


Hoje com 15 anos, Matheus – que segue em tratamento – ainda mantém contato com os palhaços doutores Mulambo e Risoto e fará uma pequena participação em “Sirene!”, por meio de um vídeo gravado para o espetáculo, tocando saxofone. “A ideia é dar continuidade à história e homenagear essa criança – hoje adolescente – que tanto nos inspirou e nos ensinou. E, a partir da nossa vivência, mostrar para o público o quanto o riso é importante em todas as situações da vida e o quanto a imaginação pode nos mover. Trabalhar cotidianamente em hospitais com a palhaçaria nos faz perceber como a arte é essencial em prol da vida e esperamos poder levar essa nossa vivência para o espetáculo”, diz Francis Severino.

 

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“SIRENE!”


Espetáculo com os palhaços Mulambo e Risoto, neste sábado (21/9), às 19h30, e domingo (22/9), às 17h30, no Teatro Raul Belém Machado (Rua Leonil Prata, s/nº, Alípio de Melo). Ingressos gratuitos, mediante retirada pelo Sympla ou na bilheteria do teatro, a partir de duas horas antes da apresentação.


Outros espetáculos

 

CARROÇA DE MAMULENGOS

Referência do teatro de bonecos, a Carroça de Mamulengos leva ao CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários), a partir deste sábado (21/9), a “Mostra Carroça de Mamulengos – Três gerações de arte brincante”. Até 20/10, o público poderá prestigiar três espetáculos da companhia: “História de teatro e circo”, “Janeiro” e “O babauzeiro”. As apresentações ocorrem aos sábados e domingos, às 11h e às 16h. Em 19/10 e 20/10, as apresentações serão às 11h e às 15h. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e estão disponíveis no site do CCBB-BH e na bilheteria do centro cultural. A programação completa, que inclui oficina e palestra, está disponível no site.


ACESSA BH

Com direção de Clóvis Domingos, Dudu Melo e João Bosco Veras apresentam, dentro da programação do Festival Acessa BH, o espetáculo “Eu vi uma flor no deserto”, neste sábado (21/09), às 20h, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). A montagem consiste em um encontro entre teatro e dança que convida o público a uma reflexão sobre a solidão, a incomunicabilidade e a passagem do tempo. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados a partir de uma hora antes da apresentação, na bilheteria do Palácio das Artes (um par por pessoa).

 

“BUFFET ESCASSO”

O comediante Carlos Nunes volta ao cartaz com “Como sobreviver em festas e recepções com buffet escasso”, neste sábado (21/9), às 21h, e domingo (22/9), às 19h, no Teatro Santo Agostinho (Rua dos Aimorés, 2.679, Lourdes). Criada há 24 anos, a montagem debocha de uma parcela da sociedade que está sempre se valendo de pretextos para beber e comer. Nunes narra fatos típicos que ocorrem em ambientes de festas e ensina alguns truques para que a plateia não passe por situações desagradáveis ou constrangedoras nessas ocasiões. Ingressos a R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda no Sympla e na bilheteria do teatro, a partir de uma hora antes do início do espetáculo.