Edu Lobo terá no palco a companhia dos músicos Mauro Senise (saxofone e flautas), Cristóvão Bastos (piano), Jurim Moreira (bateria) e Sidiel Moreira (contrabaixo) -  (crédito: NANA MORAES/DIVULGAÇÃO)

Edu Lobo terá no palco a companhia dos músicos Mauro Senise (saxofone e flautas), Cristóvão Bastos (piano), Jurim Moreira (bateria) e Sidiel Moreira (contrabaixo)

crédito: NANA MORAES/DIVULGAÇÃO

 


Gostar de palco, só mais recentemente, na maturidade. “Quando comecei, não gostava. Achava que não tinha que ir para o palco. Os equipamentos eram horrorosos, apitavam. Não era um lugar de prazer, ainda mais porque minha vida sempre foi concentrada em composição. Mas hoje em dia eu gosto”, diz Edu Lobo.


Com 81 anos recém-completos (em 29 de agosto), o cantor, compositor, instrumentista e arranjador carioca celebra a vida e a carreira em apresentação única, neste sábado (21/9), no Palácio das Artes. A base é “Edu Lobo – Oitenta” (Biscoito Fino), álbum duplo com 24 canções, lançado no apagar das luzes de 2023.

 

 


O repertório reunido para este trabalho não é inédito. Mas houve momentos na garimpagem do material em que Edu redescobriu sua própria produção, iniciada em 1965. Ele ouviu sua extensa discografia para encontrar canções pouco ou nada conhecidas – metade das selecionadas vem da prolífica parceria com Chico Buarque.

 


“Não tenho o hábito de ouvir meus discos. Tenho uma visão muito crítica, acabo não gostando, vendo os defeitos. Mas foi muito importante ouvir músicas que nem me lembrava. Foram discos que há 30, 40 anos não ouvia. Então houve a vantagem de poder escolher (cada canção) com um ouvido diferente”, afirma Edu.


Mudança na letra

 

A ideia era sair do óbvio, tanto que a única canção conhecida – a valsa “Beatriz” (1982), da trilha do espetáculo “O grande circo místico” – só entrou porque Chico havia feito no ano passado uma mudança na letra, dando sua versão definitiva. Nos versos “Será que é divina/A vida da atriz” a palavra vida foi substituída por sina.


Edu não queria fazer o disco sozinho. Convidou quatro cantores de diferentes gerações – Zé Renato, de 68 anos; Mônica Salmaso, de 53; Vanessa Moreno, de 37; e Ayrton Montarroyos, de 29 – para dividir os vocais. “É um disco de compositor, não tem a concepção de sucesso. Grande parte das pessoas que me acompanham não conhecem as músicas.”

 


O time de oito bambas que o acompanharam no estúdio foi escolhido a dedo: Carlos Malta e Mauro Senise (saxofone e flautas), Cristóvão Bastos (piano e arranjos), Paulo Aragão (violão), Kiko Horta (acordeom), Jorge Helder (baixo), Jurim Moreira (bateria) e Marcelo Costa (percussão). Três deles o acompanham em BH: Bastos, Moreira e Senise. O contrabaixista Sidiel Moreira está no lugar de Helder, atualmente em turnê com Caetano e Bethânia.


Mas disco é disco, palco é outra coisa. Edu tem plena consciência do que seu público espera. Nunca deixa de cantar “Upa, neguinho” (1966, lançada no álbum “Edu e Bethânia”) e “Ponteio” (1967, parceria com Capinan que lhe deu o primeiro lugar no Festival de Música Popular Brasileira da Record), dois de seus maiores sucessos.


Edu se considera atualmente um melhor cantor do que no início de sua trajetória. “Agora minha voz está no lugar, interpreto do jeito que gosto. Uma coisa que não acontece com todo mundo. E que, quando o tempo vai passando, você vai perdendo (o tom). Acho que não perdi, meu timbre melhorou. Com certeza minha voz é mais grave, o que é normal de acontecer, mas acho mais legal.”


Ele tem sua discografia completa no computador. E é por meio dele que costuma ouvir música. Clássica, de preferência. “Tenho um prazer enorme em ouvir música. Tenho um aplicativo em que você pode pedir gravação com partitura. Peço uma grande gravação, seja com Karajan ou Bernstein como regentes, e ouço coisas belíssimas. É muito bom, faço isto a vida inteira, desde que passei a estudar música, a entender a linguagem musical. No Brasil não tem loja com quantidade enorme de partituras, mas hoje em dia você consegue pela internet.”


Desde sempre, Edu Lobo se diz compositor e não cantor. Mas não pensa em um álbum de inéditas, pois o momento é de “Oitenta”. “Já gravei muita coisa, vamos ver o que acontece.”

 

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Quando há uma encomenda, a história é diferente, ele diz. “Sempre fui absolutamente fã de encomendas, pois é motivo para começar a trabalhar. Não tenho essa coisa de inspiração, de vir a ideia. Isto não acontece comigo. Quando tem um projeto, é muito melhor. Se tem personagens (dada a sua coleção de trilhas, como os de “Dança da meia-lua”, “O grande circo místico”, “O corsário do rei” e “Cambaio”, todas com Chico) eu penso neles o tempo inteiro.”


E tem que ter data para entregar, Edu completa. “Se alguém fizer a proposta do melhor musical da minha vida, com o melhor acerto financeiro possível, eu digo: ‘Tá. Tenho que entregar quando?’. Se me falarem no dia que quiser, sabe quando vou começar? Nunca. Prazo é fundamental na vida de todo mundo”, afirma.


EDU LOBO


Show neste sábado (21/9), às 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Ingressos: Setor 1 – R$ 420 e R$ 210 (meia); Setor 2 – R$ 320 e R$ 160 (meia); Balcão – R$ 220 e R$ 110 (meia). À venda na bilheteria e no eventim.com.br