"Cordel do amor sem fim ou A flor do Chico" será encenado de hoje a sexta, no Teatro Marília, e traz canções de Milton, Bethânia, Caetano e Jessé

crédito: Ricardo Romero/Divulgação


O espetáculo “Cordel do amor sem fim ou A flor do Chico”, da Cia. Os Geraldos, de Campinas (SP), tem rodado o país desde 2021, mas somente agora chega a Belo Horizonte, com apresentações nesta quarta-feira (25/9) e também na quinta e na sexta (26 e 27/9), às 20h, no Teatro Marília. A montagem reúne artistas que têm em comum o trabalho com o teatro popular: o diretor mineiro Gabriel Villela, a dramaturga baiana Cláudia Barral e o grupo do interior paulista, cuja trajetória é pautada por esse universo.

 


Atriz da companhia, Paula Guerreiro diz que o espetáculo representa a realização de dois sonhos da trupe, justamente no que diz respeito a trabalhar com Villela e com Cláudia. Ela conta que Os Geraldos são “apaixonados” pelo texto.

 

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“Começamos a trabalhar a nossa versão de 'Cordel' no fim de 2019. Estávamos com a peça pronta no começo de março de 2020 e, inclusive, convidamos Cláudia para assistir ao ensaio geral, mas cinco dias depois chegou a pandemia. Guardamos tudo em caixas e só fomos estrear em outubro de 2021”, diz, acrescentando que se trata de uma dramaturgia contemporânea, mas que pode ser encarada como um clássico, comparável às obras de Shakespeare.

 

 

O outro sonho, ela destaca, era trabalhar com Villela, pela convergência de interesses sobre a cultura popular. “Há muito tempo que o perseguimos. Apresentamos esse texto, que Gabriel não conhecia, e acho que ele foi fisgado por entender os elementos dessa dramaturgia e também pelo vínculo com os interesses da companhia, trabalhando uma estética popular e o canto, porque se interessa muito por trilhas executadas ao vivo”, diz.


Comédia e tragédia

 

Ela pontua que “Cordel” é entremeado por canções de Milton Nascimento, Bethânia, Caetano e Jessé, entre outras. Paula destaca que o encontro com Villela acabou, na verdade, gerando dois espetáculos. “Ele queria fazer o 'Ubu Rei' (escrita pelo francês Alfred Jarry), então, o que aconteceu foi que montamos o 'Cordel' com a promessa de mantermos a parceria para, em seguida, trabalhar com essa outra peça”, conta.

 


A história de “Cordel” apresenta três irmãs que vivem em Carinhanha, uma cidade do sertão baiano, às margens do Rio São Francisco. A mais nova das moças, às vésperas de seu noivado, apaixona-se por um viajante no porto, um acaso que muda o rumo de todas as personagens da trama, que versa sobre espera, tempo e amor, de acordo com Paula.


A atriz destaca, no enredo, uma virada dramática, que Aristóteles chamava de “peripécia”, que faz com que o espetáculo oscile entre a comédia e a tragédia, o que provoca uma comoção muito clara. “A força dessa virada causa o que as grandes obras da dramaturgia universal são capazes de causar, isso nos deixou enlouquecidos, parecia que estávamos lendo um 'Romeu e Julieta' brasileiro, atrelado à nossa cultura popular. O texto é inspirado em histórias que Cláudia ouviu em cidades do interior baiano, onde viveu.”


“CORDEL DO AMOR SEM FIM OU A FLOR DO CHICO”
Com a Cia. Os Geraldos. Nesta quarta-feira (25/9), quinta (26/9) e sexta (27/9), sempre às 20h, no Teatro Marília (Av. Professor Alfredo Balena, 586 – Santa Efigênia). Entrada gratuita, com retirada prévia de ingressos pelo Sympla.