Publicada no Estado de Minas, a ilustração "Genocídio em Gaza" também foi exposta no Museu de Arte Contemporânea de Teerã, no Irã -  (crédito: Quinho/EM)

Publicada no Estado de Minas, a ilustração "Genocídio em Gaza" também foi exposta no Museu de Arte Contemporânea de Teerã, no Irã

crédito: Quinho/EM

 


Quinho, chargista do Estado de Minas há quase três décadas, é um dos finalistas do Prêmio Vladimir Herzog, um dos mais importantes do jornalismo no Brasil. Natural de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira, o artista tem uma trajetória marcada por conquistas em premiações nacionais e internacionais, como o Salão de Humor de Piracicaba, o Troféu HQMIX e o The European Newspaper Awards.

 

 

Desta vez ele concorre na categoria arte, com uma charge que retrata o sofrimento da população civil, incluindo crianças, em meio ao conflito entre Israel e Palestina, que se estende desde outubro do ano passado. Inicialmente publicada no Estado de Minas, a ilustração denominada “Genocídio em Gaza” também foi exposta no Museu de Arte Contemporânea de Teerã, no Irã.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 


Segundo ele, participar da premiação ao lado de outros grandes nomes do traço, como Bennet e Cau Gomez, já é motivo de grande honra. "Ficar nessa seleção, entre tantos nomes, é algo muito honroso. Estar na final já é um grande reconhecimento e uma grande felicidade", diz.

 

 

Quinho destaca a relevância de sua indicação em um momento em que o conflito entre os dois países está prestes a completar um ano. Para o artista, a charge tem um papel fundamental na denúncia de injustiças e na sensibilização do público. "É preciso lançar uma luz sobre o que está acontecendo na Palestina. Todos os dias, mães se despedem aos prantos dos filhos assassinados. O Ocidente precisa abrir os olhos para o que está acontecendo ali e os governos devem começar a promover alguma atitude em relação a isso”, avalia.


Ele completa: "A charge é uma linguagem muito moderna, que comunica de maneira direta. A imagem tem esse poder de atrair a atenção do leitor para temas urgentes. Para mim, é de extrema importância trazer esse teor para as minhas ilustrações.”

 

 

Na ilustração finalista do prêmio é possível ver uma nuvem de fumaça sobre uma cidade formando as figuras de um soldado e de uma criança. Segundo o chargista que esteve no Oriente Médio no ano passado, o massacre de civis, especialmente de crianças, é um dos aspectos mais chocantes da guerra.


“Recebemos uma quantidade imensa de imagens, vídeos e relatos de lá, e é como se estivéssemos vivendo dentro daquele campo de guerra, sentindo todo o drama daquela população. Não tem como não se sensibilizar diante das imagens que vemos”, relata. Foi a partir de uma dessas imagens que Quinho criou a ilustração.


Processo criativo

 

O artista conta que seu processo criativo é uma tarefa criteriosa, que busca sempre trazer uma visão equilibrada dos fatos. "Antes de criar uma charge, procuro me informar bastante, porque essa é uma forma de levar informação ao leitor. Tenho muita responsabilidade em relação a isso. Procuro, na medida do possível, acertar no ponto de vista do bom senso e evitar qualquer tipo de preconceito estrutural”, detalha. “Nunca estou totalmente satisfeito com o meu trabalho. Espero continuar assim, sempre buscando me aperfeiçoar e aprender mais. Isso me mantém motivado.”


Criado em 1979 em memória do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado pela ditadura militar, o prêmio tem como objetivo laurear trabalhos que defendem a democracia e os direitos humanos. Quinho já venceu o prêmio em 2020, ao lado de outros 109 cartunistas no projeto Charge Continuada. O resultado final desta edição será anunciado em 10 de outubro e a cerimônia de premiação acontece no dia 29 do mesmo mês, em São Paulo.