John Knox (Michael Keaton) é um assassino frio e calculista, que tem episódios de alucinações e perda de memória -  (crédito: Diamond/divulgação)

John Knox (Michael Keaton) é um assassino frio e calculista, que tem episódios de alucinações e perda de memória

crédito: Diamond/divulgação

 

Michael Keaton tem 73 anos e uma carreira consagrada em Hollywood em filmes como "Batman", "Beetlejuice", "Jackie Brown", "Spotlight" e "Birdman". O que leva um astro desse porte a atuar em uma produção independente de baixo orçamento e que certamente não terá uma fração da repercussão de outras grandes produções em que ele trabalhou?


 

Só Keaton pode dizer, mas dá para supor que ele está buscando, nesse estágio da carreira, fazer trabalhos de qualidade e mérito artístico. No caso de "Pacto de redenção", em cartaz em Belo Horizonte, Keaton foi além e também dirigiu o filme.

 

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É apenas a segunda vez que Michael Keaton dirige um longa-metragem, e em ambos ele foi o protagonista. O primeiro foi o drama "Má companhia", de 2008, em que o ator interpretou um assassino de aluguel que liquida o marido violento de uma mulher vítima de abuso. Curiosamente, em "Pacto de redenção", Keaton novamente interpreta um matador.

 

 

Ele faz John Knox, um assassino que começa a experimentar episódios de alucinações e perda de memória. Ele vai a um especialista e descobre que sofre de um tipo raro de demência e tem apenas algumas semanas até perder totalmente a memória. A condição prejudica o "trabalho", e Knox comete um erro terrível durante a execução de um criminoso.


A história vira uma corrida contra o tempo. Knox é um homem solitário e que abandonou a esposa, Ruby, e o filho, Miles, vividos por Marcia Gay Harden e James Marsden, respectivamente. Ele só tem a companhia de uma garota de programa polonesa, Anne, papel de Joanna Kulig. Ele quer se redimir dos infortúnios que causou e fazer algo de bom antes de "partir".


A coisa se complica quando Miles surge pedindo ajuda ao pai para resolver uma situação criminal envolvendo a filha adolescente. "Pacto de redenção" se transforma num intrincado thriller policial que mistura crimes forjados, perícia forense e um plano minucioso que precisa ser levado a cabo por um homem que está perdendo a memória.


James Marsden


Para variar, o título em português, "Pacto de redenção", é enganoso e perde de goleada para a sutileza do original, "Knox goes away", ou "Knox se vai". Não há pacto algum, já que Knox está sozinho nessa. E a palavra redenção dá a entender que o personagem tem algum tipo de surto de bondade, enquanto Keaton faz um assassino frio e calculista, que só muda de atitude porque sabe que tem pouco tempo de consciência.

 

 

Michael Keaton não foi o único astro do cinema que topou trabalhar em "Pacto de redenção". Al Pacino faz uma participação especial como um amigo de Knox no mundo do crime, e James Marsden, famoso por trabalhos em "Sonic", "X-Men" e "Westworld", tem um papel grande como o filho de Knox.


"Pacto de redenção" é um filme cheio de boas ideias, mesmo que algumas não sejam levadas a cabo de maneira totalmente convincente. Há sequências e personagens que parecem jogados na história de uma forma aleatória, prejudicando a fluidez da narrativa.

 


Já algumas cenas, como a da execução que dá errado, são bem-feitas e mostram que Keaton tem talento como diretor. Enfim, "Pacto de redenção" não vai mudar o cinema e nem se propõe a isso. Mas é um item raro no cinema atual, um filme feito para adultos.


“PACTO DE REDENÇÃO”
Direção de Michael Keaton. Com Michael Keaton, Ray McKinnon e Joanna Kulig.

Em cartaz nas redes Cineart, Cinemark e Cinépolis.