O interesse de um grupo de artistas e pesquisadores independentes em investigar, criar, apresentar e difundir artisticamente a máscara como elemento cênico em suas diversas formas de expressão motivou a criação, em 2019, do Coletivo Através das Máscaras. Formado por Lucas Prado, Mariana Nolaço, Paloma Mackeldy, Tchely Baquara e Rafael Protzner, o grupo promoveu, em setembro de 2022, o festival Mascarada – Encontro de Máscaras.

 




A partir desta quarta-feira (4/9), diversos espaços de Belo Horizonte se tornam palco para a segunda edição do evento, agora realizado em parceria com o grupo Teatro Público. A programação gratuita, que segue até domingo (8/9), inclui teatro, dança, performance, cinema, exposição e oficinas. Sob o tema “Tradição e contemporaneidade em diálogo”, o festival procura abrir espaço para a celebração e a reflexão sobre a arte da máscara.

 


Elemento de grande representatividade no teatro, a máscara também aparece em danças típicas, festejos e rituais. A proposta de curadoria para o 2º Mascarada, a cargo de Luciana Araújo e Rafael Bottaro, ambos do Teatro Público, volta seu olhar para a tradição, no sentido da valorização da memória, da história e das identidades culturais. Ao mesmo tempo, busca um diálogo com o contemporâneo, na medida em que é por meio da reinvenção que a tradição se mantém.

 


Essas balizas orientaram a montagem da programação, que traz desde apresentação de folias de reis até performances individuais. Uma novidade é a presença de grupos e artistas do Norte e Nordeste do país, segundo Luciana, que, além da curadoria, também está na coordenação geral do evento. “Pensando no tema desta edição, fomos procurar manifestações tradicionais e aí focamos nessas regiões do Brasil, onde essas expressões populares têm uma presença muito significativa”, diz.

 


Participam grupos e artistas de Manaus (AM), Mazagão Velho (AP) e de três cidades cearenses – Fortaleza, Quixerê e Crato –, que dividem a programação com as atrações locais. A curadora aponta que a cultura do reisado, muito presente em cidades cearenses, dialoga de forma estreita com as folias de reis de Minas Gerais.

 


“Fomos buscar mascaramentos que estão relacionados às manifestações tradicionais brasileiras e à arte contemporânea. Isso está expresso em performances, filme e numa exposição que reúne cerca de 80 máscaras confeccionadas por Fernando Linares, que tem 40 anos de pesquisa e é nosso mestre”, diz.

 


Oficinas

Nesta quarta, na abertura do 2º Mascarada – Encontro de Máscaras, a Funarte-MG abriga duas oficinas – “Múltiplas peles: experimentos performáticos”, conduzida por Tamira Mantovani (BH), e “As máscaras de São Tiago”, ministrada por Jozué da Conceição Videira (Mazagão Velho/AP). Ambas ocorrem das 13h30 às 16h30 e serão reeditadas diariamente, até o fim de semana. Às 15h, a atriz belo-horizontina Idylla Silmarovi apresenta, na praça Sete, a performance “Monumento à guerrilheira”.

 


Às 19h, será exibido no Teatro da Biblioteca Pública Estadual o documentário “Folias de Minas”, realizado pelo Iepha/MG, seguido de apresentação da Folia de Reis Estrela do Oriente, às 20h. A programação do primeiro dia do festival se encerra com a abertura da exposição “Segunda natureza”, de Linares, às 20h30, também na Biblioteca Pública. Na próxima quinta-feira (5/9), o Teatro Francisco Nunes recebe o espetáculo “Quadro de todos juntos”, do grupo Pigmalião Escultura que Mexe (BH), às 19h30.

 


No mesmo dia, mais cedo, às 17h, acontece, na Funarte-MG, o encontro “Prosa, café e máscara” com o grupo Teatro Público e a trupe Teatro & Cidade. A programação da sexta-feira (6/9) traz a performance “O corpo desembestado de adivinha a diva”, de Matheus Silva (BH), na Praça Sete, às 17h, e o espetáculo de dança “As cores da América Latina”, da Cia. Panorando (Manaus/AM), no Teatro Francisco Nunes, às 19h30.

 


Agenda na Funarte

No sábado (7/9), a programação, toda concentrada na Funarte-MG, segue com a oficina “Máscaras de São Tiago”, com Jozué da Conceição e Juliana Lemos, às 14h. A dupla amapaense conduz, na sequência, às 17h, mais uma edição do “Prosa, café e máscara”, com foco na festa de São Tiago, tradicional em Mazagão Velho (AP). À noite, às 19h30, Raíssa Guimarães apresenta a peça “Selvage(ria)”.

 


No domingo (8/9), o público poderá acompanhar a performance “Bicho alumbroso nas entranhas do encanto”, com a Trupe Motim (Quixerê/CE), às 11h, no Parque Municipal. Outra roda de conversa “Prosa, café e máscara”, sobre máscaras tradicionais no contexto do Festival Internacional de Máscaras do Cariri, com Diane de Jade (Crato/CE), está prevista para as 17h, na Biblioteca Pública Estadual, onde Vanéssia Gomes (Fortaleza/CE) encerra a programação, com a apresentação da performance “Cicatriz”, às 19h, no Teatro.

 


Seleção por edital

Assim como na edição inaugural, o 2º festival Mascarada – Encontro de Máscaras reservou espaço para grupo ou artista selecionado por edital na programação. A curadora convidada, a atriz Joyce Malta, escolheu dois espetáculos, mas os responsáveis por um deles acabaram declinando da participação. Restou “Selvage(ria)”, de Raíssa Guimarães.

 

"Nossa ideia inicial era selecionar um número maior de espetáculos, mas neste ano tivemos um recurso limitado, via Lei Municipal de Incentivo à Cultura. De qualquer forma, queremos manter esse chamamento para as próximas edições, porque é uma forma de entrarmos em contato com trabalhos que não conhecemos”, diz.


2º FESTIVAL MASCARADA – ENCONTRO DE MÁSCARAS DE BELO HORIZONTE
A partir desta quarta-feira (4/8) até o próximo domingo (8/9), na Funarte-MG, Teatro Francisco Nunes, Parque Municipal, Biblioteca Pública Estadual e Praça Setembro. Todas as atividades e espetáculos têm entrada gratuita.

 

 

 

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