Com uma programação que valoriza a produção artística de pessoas com deficiência, começa nesta quinta (5/9) a 4º edição do festival Acessa BH. Serão 25 dias com agenda de teatro, dança, música, cinema, performances, residência artística, rodas de conversa, intervenções urbanas e oficinas. Além de Minas Gerais, há atrações vindas de outros cinco estados.

 




Com exceção do concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais com o maestro João Carlos Martins, nesta sexta-feira (6/9), no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes, toda a programação é gratuita. Além do Palácio das Artes, o 4º Acessa BH ocupa o Centro Cultural Unimed-BH Minas, Funarte-MG, Palácio da Liberdade, Sesc Palladium e Teatro Raul Belém Machado. Todas as atrações oferecem recursos de acessibilidade.

 


Idealizadora e curadora do festival, Laís Vitral diz que o Acessa BH recebe, com frequência, contatos espontâneos de grupos, artistas e público de todo o Brasil. “É um festival que inspira outros eventos acessíveis na cidade e no restante do país. Assistimos, cada vez mais, a manifestações de artistas cobrando essa cultura do acesso.”

 


Daniel Vitral, que também é idealizador e curador do Acessa BH, explica que a arte DEF é aquela pensada e produzida por artistas e outros profissionais com deficiência, como produtores, técnicos e consultores. Ele diz que a arte DEF não só nega a normatização do corpo sem deficiência, como afirma o potencial político e estético do corpo com deficiência.

 


“Temos uma programação diversificada, reunindo artistas com e sem deficiência em diversas linguagens, em um ambiente acessível e acolhedor. Temos espetáculos inéditos, estreias e encontros artísticos únicos. E é muito importante reforçar: o Acessa BH é um festival para todos”, afirma. Laís aponta que a programação tem 13 espetáculos inéditos na capital mineira, sendo que três deles são estreias nacionais.

 

 

A atriz, diretora, dramaturga e produtora cearense Jéssica Teixeira participa da programação com o solo "Monga"

Camila Rios / divulgação


“Traços”, de Bruno Pimenta e Oscar Capucho (MG), “Eu vi uma flor no deserto”, de Dudu Melo e João Bosco Veras (MG), e “Monga”, de Jéssica Teixeira (CE), são as estreias, que Laís inclui entre os destaques da programação. Ela também chama a atenção para o encontro inédito da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais com o maestro João Carlos Martins, que vai atuar tanto como regente quanto como pianista. “Vai ser a primeira vez que o Acessa BH ocupa o Grande Teatro do Palácio das Artes”, pontua.

 


A curadora destaca também a montagem “Azul”, da Artesanal Cia. de Teatro (RJ), premiada como melhor espetáculo infantil pelo 18º Prêmio APTR de Teatro 2024 e que aborda o autismo. “Tem também a 'Ilíada de Homero – Cantos I e XX”, com Letícia Sabatella e Daniel Dantas. Letícia veio a público no ano passado falar do diagnóstico tardio de autismo que teve. E acho que merece a atenção a programação de filmes, com três longas e quatro curtas focados na cultura surda”, cita.

 


Segundo ela, o Acessa BH promoveu, ao longo de seu percurso, a aproximação de grupos e artistas com o festival e entre si, o que gerou alguns frutos para esta quarta edição. “O grupo A Corda em Si (SC) e a companhia Dança sem Fronteiras (SP) integraram a programação on-line em 2022, que foi uma edição híbrida. Se conheceram, descobriram afinidades e nos propuseram uma residência artística para este ano, que vai resultar numa apresentação inédita conjunta”, diz.

 


Os dois grupos também vão apresentar espetáculos próprios. A Corda em Si chega com “LivreMente”, apresentação musical feita na total escuridão, em que o público entra de olhos vendados em um teatro adaptado para o acesso de pessoas com deficiência visual, com marcações táteis. Jéssica Teixeira, artista múltipla que atua em diversas frentes, é outro nome que já construiu e vem construindo uma relação estreita com o Acessa BH.

 


Na edição passada, Jéssica apresentou o espetáculo “E.L.A.” e chega agora com o solo, “Monga”, que tem como mote a mexicana Julia Pastrana (1834-1860), conhecida como a “mulher gorila”, devido a uma condição genética rara. “Ela foi uma artista exímia, cantora, bailarina, e era muito inteligente, poliglota, mas isso ficou à margem; Julia é lembrada pelo aspecto físico. Em 'Monga', ela é um gatilho para que eu fale sobre energia vital, humanidade e comunhão”, diz a artista.

 

Jéssica explica que “E.L.A.” e “Monga” – obra que passeia pela seara do terror psicológico com doses de humor – integram uma mesma construção. “Tudo faz parte de uma pesquisa continuada. São dois espetáculos de uma vida inteira. Não posso dizer que estudei e ensaiei durante um determinado tempo; tudo vem sendo traçado desde a infância, com a percepção do meu corpo e o olhar sobre os outros corpos”, afirma a artista.

 


FESTIVAL ACESSA BH
A partir desta quinta-feira (5/9) até 29/9, no Centro Cultural Unimed-BH Minas, Funarte-MG, Palácio das Artes, Palácio da Liberdade, Sesc Palladium e Teatro Raul Belém Machado. Entrada gratuita, exceto para o concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais com o maestro João Carlos Martins, que tem ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Programação completa no site.

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