Desde 2020, um grupo de 29 pesquisadores de diversas instituições de ensino do Brasil tem se dedicado ao estudo dos nomes próprios. Fundado por Eduardo Amaral, professor de letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Observatório Onomástico acaba de publicar livro que reúne textos de estudos desenvolvidos por integrantes do grupo de pesquisa.

 



Desde o início da humanidade, o ato de nomear pessoas, lugares e sentimentos foi uma maneira de organizar o mundo e expressar pertencimento. Essa prática, exclusiva da espécie humana, remete a aspectos culturais e sociais, sendo um campo que pode ser analisado sob diferentes perspectivas.


Os primeiros registros de estudo de nomes próprios, conhecido como onomástica, remontam ao Antigo Egito. No Brasil, esta é uma área de pesquisa relativamente recente, com os primeiros estudos surgindo na segunda metade do século 20.

 

 

Amaral relata que o interesse pela onomástica tem crescido nos últimos anos. Segundo o professor, esta é uma área de pesquisa relevante para a sociedade. Composto por especialistas de todas as regiões do país, o livro “Os nomes próprios no Brasil: contribuições do Observatório Onomástico”, publicado pela editora Pontes, contempla também a diversidade do território nacional.

 

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“É um grupo interinstitucional, nós temos professores, pesquisadores e estudantes de todas as regiões do Brasil, de vários estados. Fizemos uma chamada e cada um contribuiu com pesquisa relacionada ao tema que está desenvolvendo dentro desse grupo. Como a gente tem pesquisadores de vários lugares e com temas diferentes, o livro reflete essa diversidade também”, explica Amaral.


Ele organizou a obra com a ajuda das professoras Maria Sipavicius Seide, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, e Gabriele Cristine Rech, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

 

Indígenas

 

A obra é dividida em três partes. A primeira é uma introdução sobre os estudos de nomes que vêm sendo feitos no país. A segunda reúne estudos sobre temas como a origem de nomes de restaurantes e sobrenomes de imigrantes portugueses. Nessa parte também é encontrado um texto sobre as mudanças dos nomes na língua de sinais (libras).


A última parte traz pesquisas que incluem a análise de nomes indígenas no Mato Grosso do Sul, além de um debate sobre as questões de gênero na nomeação de escolas públicas.

 

 

O professor destaca que, além de revelar traços linguísticos e sociais, o estudo dos nomes evidencia as diferenças entre países de língua portuguesa, como Brasil, Portugal, Angola e Moçambique.


"Há grande diversidade de nomes estudados atualmente, que mostram um pouco das nossas características sociais e linguísticas, além dos aspectos que nos diferenciam de outros países", afirma.


Os resultados das pesquisas têm sido apresentados internacionalmente, em países como Espanha e Finlândia. Durante a entrevista ao Estado de Minas, Amaral estava em viagem à Alemanha para iniciar um projeto de pesquisa na Universidade de Bielefeld. Com a publicação do livro, o grupo busca ampliar a visibilidade dos estudos onomásticos.


“OS NOMES PRÓPRIOS NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DO OBSERVATÓRIO ONOMÁSTICO”
• Observatório Onomástico
• Organizadores: Eduardo Amaral, Márcia Sipavicius Seide e Gabriele Cristine Rech
• 281 páginas
• Editora Pontes
• Preço: R$ 66

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