A peça “O caso”, estrelada por Otávio Muller e Letícia Isnard, com direção de Fernando Philbert, estreou no ano passado no Rio de Janeiro, seguiu para temporada em São Paulo e depois hibernou por quase um ano. Há aproximadamente um mês, a montagem foi retomada numa turnê que começou por Curitiba e chega agora a Belo Horizonte, com apresentações neste sábado (14/9) e domingo, no Teatro Sesiminas.

 




“Semana passada, depois da retomada do espetáculo, eu e Letícia nos sentamos um do lado do outro no avião e começamos a bater o texto, e aí foi como Bebeto e Romário ou essas grandes duplas de ataque do futebol, a bola vai para frente, é uma troca permanente, muito legal. Estamos muito irmanados”, diz Muller.

 


Letícia segue na mesma toada: “Depois de uma pausa de quase um ano, ensaiamos duas semanas e o jogo veio, de outra maneira, mas veio. Parece que a gente não parou. Estamos mais confortáveis na interação um com o outro, porque vamos pegando intimidade”.

 


A trama da peça gira em torno de Arnaldo (Otávio Muller), que procura uma psiquiatra (Letícia Isnard), alegando sofrer de um distúrbio desconhecido: é tomado por uma sensação inarredável de desinteresse por absolutamente tudo e todos ao seu redor. Ele acha tudo muito chato e não consegue prestar atenção em nada que as pessoas dizem. A psiquiatra, por sua vez, intrigada, tenta de todas as maneiras decifrar a patologia. Quando crê que começa a entender o que se passa, o caso toma um novo rumo.

 


Otávio Muller disse que não hesitou em aceitar o convite para a encenação. “A possibilidade de voltar a fazer teatro, que eu não fazia há muito tempo, me animou bastante. No primeiro semestre, fiquei gravando na Globo, seis a oito cenas por dia, às vezes com 40 figurantes. De repente, você tem um texto bom, uma colega de cena maravilhosa, duas cadeiras e está tudo resolvido. Isso é parte da magia do teatro, você fazer seu trabalho com pouco em termos de estrutura”, diz.


Magia do encontro

O ator destaca que o encontro presencial com o público é outra parte da magia e, no que tange a “O caso”, é particularmente emblemático. “Estar de fato com alguém é algo que parece não existir mais. A pessoa está ali com você, mas ansiosa para mandar uma mensagem de WhatsApp ou ver o Instagram. O celular está no nosso bolso, deveríamos ter controle sobre ele, mas o que acontece é o contrário. Vai dando um desespero, uma ansiedade e, na esteira disso, vem o tédio. É um pouco disso que a peça fala”, aponta.

 


Letícia Isnard também põe na conta do avanço tecnológico essa espécie de desinteresse coletivo patológico pelas pessoas e pelas coisas reais, palpáveis. Ela destaca o “salto quântico” que se vive com o advento e o desenvolvimento da internet. “É uma mudança estruturante na humanidade, e a gente não está sabendo lidar com isso, está todo mundo ansioso, confuso, com dificuldade de concentração, dificuldade de aprofundar o pensamento. A dificuldade de escuta acho que já vem de há mais tempo, mas está agravada neste momento”, afirma.

 


A atriz pontua que o quadro que o texto de Mougenot pinta é sério, mas ressalva que “O caso” é uma comédia que vai do riso crítico à ironia mordaz, com diálogos rápidos impregnados de um humor cáustico. “Esse texto é muito interessante, tem camadas, nuances, então dá para fazer uma farra em cima”, diz.

 

“O CASO”
Texto: Jacques Mougenot. Direção: Fernando Philbert. Com Otávio Muller e Letícia Isnard. Neste sábado (14/9), às 20h, e domingo (15/9), às 18h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Ingressos para o setor 1 a R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), setor 2 a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) e setor popular a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Classificação etária: 12 anos.


Outros espetáculos

>>> “SCARLET”

Reconhecido ator de comédias, Fernando Veríssimo tem se voltado para novos gêneros teatrais. No monólogo “Scarlet”, sobre relacionamentos contemporâneos, ele prova que o drama também está na sua veia.

 

O espetáculo volta ao cartaz pela terceira vez neste ano, com apresentações nesta sexta-feira (13/9) e sábado (14/9), às 20h, e domingo (15/9), às 19h, no Teatro Marília (Av. Prof. Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia). Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia) e estão à venda no Sympla.


>>> RODADA DUPLA

A companhia de teatro Sala 43, de Juiz de Fora, apresenta no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro), dois espetáculos de repertório: a comédia “Dom Quixote”, neste sábado (14/9), às 20h, e no domingo (15/9), às 19h, e o infantil “O homem do casaco verde”, no domingo (15/9), às 16h.

Livremente inspirado no “Dom Quixote” de Cervantes, o espetáculo traz uma versão atualizada da história. Já a peça infantil “O homem do casaco verde” é uma história sobre respeito, amizade e amor, que tem como protagonista o irreverente Ziritonífrio (Davi Vidal), que vive no mundo das histórias esquecidas. Para ambas, os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) e estão à venda no site Eventim.


>>> “BOTANDO PILHA”

O humorista Carioca apresenta nesta sexta-feira (13/9) seu novo solo, “Botando pilha”, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro), às 21h. Os ingressos para a plateia 1 custam R$ 90; plateia 2, R$ 70 e plateia 2B, R$ 50 (valores de inteira), à venda no site Eventim.

 

Conhecido por seu humor ácido e seu talento para criar figuras hilárias, Carioca chega com a promessa de apresentar ao público quatro novos personagens. Não estão descartados, entre uma esquete e outra, a execução de números musicais. No sábado (14/9), o humorista leva o solo para Betim, em única apresentação no Teatro Monte Carmo (Av. Juiz Marco Túlio Isaac, 1.119, Centro), com ingressos a R$ 80 (inteira), R$ 40 (meia) e R$ 60 (ingressos solidário, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível), à venda pelo Sympla.

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