Depois de alguns meses fechada para reformas, a Casa da Ópera de Ouro Preto foi reaberta ao público em 15 de dezembro do ano passado. Desde então, o espaço tem mantido uma agenda regular de atividades artísticas, com crescente reapropriação por parte da população local. Com o intuito de potencializar esse movimento, a produtora Planeta Cultura e Sustentabilidade criou o projeto Encontros na Casa da Ópera, que tem início neste sábado (14/9) e segue até o final do ano.

 




A ideia é promover uma série de ações em torno deste que é considerado o mais antigo teatro da América Latina em funcionamento, inaugurado em 1770. Neste mês de setembro, a Casa da Ópera abriga uma programação musical e de artes cênicas que começa amanhã, com a apresentação do multi-instrumentista e compositor uruguaio Pablo Vares, que está radicado no Brasil desde 2012. Ele vai desfilar sua fluência com a música flamenca e com o handpan – instrumento comumente definido como uma “escultura sonora”.

 

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No dia 27, quem se apresenta é o saxofonista Chico Amaral, acompanhado por Magno Alexandre (guitarra), Pablo Souza (baixo) e Lincoln Cheib (bateria). Ele vai mostrar repertório baseado em seu mais recente álbum, “Canções brasileiras”, em que promove a releitura instrumental de clássicos da MPB, de compositores como Villa-Lobos, Milton Nascimento, Vinicius de Moraes e Edu Lobo, entre outros.


Valorização da diversidade

 

Fechando a programação, o ator Jonas Bloch ocupa o palco da Casa da Ópera no dia 29, com o espetáculo “Delírio”, construído a partir de textos do poeta Manoel de Barros. No monólogo, estão presentes o humor, a poesia, o surrealismo, o amor pelo Pantanal, lendas e o léxico próprio do autor homenageado. Os dias 24 e 25 estão reservados para apresentações de artistas locais. “O que se buscou valorizar na construção da programação é a diversidade”, diz o sócio-diretor da Planeta Cultura e Sustentabilidade, Antônio Caeiro.

 

 

Responsável pela curadoria, ele salienta que o intuito é também possibilitar múltiplos encontros, do público com os artistas e destes com o espaço em que vão se apresentar. Todas as atrações são gratuitas. Essa programação corresponde à primeira fase do projeto, que se desdobra em ações educativas e no registro audiovisual das ações que engloba.


Personagens e memórias

 

Produtora executiva do Encontros na Casa da Ópera, Rayssa Amaral explica que uma parceria da Planeta Cultura e Sustentabilidade com a Casa do Professor de Ouro Preto gerou o projeto de educação patrimonial Ouro Preto, Meu lugar, pelo qual contadores de histórias vão levar um pouco da memória da cidade para os alunos da rede pública de ensino. Os coletivos Hora do Conto e Conte Comigo vão apresentar o espetáculo “Estação das histórias – O que é que Ouro Preto tem?”. A dupla Olívia Coelho e Ingrid Ribeiro leva às crianças e adolescentes o “Estação de histórias – Ouro Preto, meu lugar”.

 


“A proposta é destacar, por meio da oralidade, personagens locais, folclóricos ou históricos, como Efigênia Carabina, Bené da Flauta e outros. Vamos promover esses encontros com os alunos na Casa da Ópera. Os espetáculos de narração de histórias também vão para alguns distritos de Ouro Preto, como Cachoeira do Campo e Santa Rita”, diz.


Registro audiovisual

 

Rayssa explica que uma terceira fase Encontros na Casa da Ópera corresponde ao registro audiovisual de todas as ações que o compõem. “Vamos pegar depoimentos de pessoas que têm relação com a Casa da Ópera, como o Vicente Gomes, que é músico e gestor do espaço, e também os artistas que vão se apresentar e que já se apresentaram por lá, para que compartilhem com os mais novos suas experiências”, pontua.


Caeiro observa que esses registros também vão contribuir para a preservação da memória da Casa da Ópera e da própria cidade. “Há muito das artes cênicas brasileiras, por exemplo, impregnado nas paredes e na história desse lugar. Nosso propósito é gerar, a partir deste projeto, documentários e minidocumentários que tratem dessa memória”, diz.


História preservada

 

A Casa da Ópera de Vila Rica foi construída pelo coronel João de Souza Lisboa dentro da tradição arquitetônica luso-brasileira. Sua localização, no Largo do Carmo, não lhe dá grande destaque entre o casario vizinho.

 

O teatro custou 16 mil cruzados a Souza Lisboa e foi concluído em 1969, um ano antes da inauguração. Fascinado pelas artes cênicas, o construtor e proprietário da Casa da Ópera (foto) recebeu, desde o início, apoio do Conde de Valadares, governador da capitania, e de seu secretário, o poeta Cláudio Manoel da Costa.

 

Enquanto viveu, Souza Lisboa esteve à frente do espaço, contratando atores em Sabará e no Tijuco, relacionando nomes de personalidades influentes – intelectuais, militares, políticos – que pudessem prestigiá-los e se empenhando em fazer do espaço uma referência em cultura.


“ENCONTROS NA CASA DA ÓPERA”
Apresentações a partir deste sábado (14/9) até o próximo dia 29, na Casa da Ópera (Rua Brigadeiro Musqueira, 104), em Ouro Preto. Todas as atrações têm entrada gratuita, sujeita à lotação do espaço.

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