História e crenças se confundem quando se trata da Guerra de Tróia. O evento narrado por Homero na “Ilíada” ganha contornos mitológicos ao descrever o conflito que separou não apenas gregos e troianos, mas os próprios deuses do Olimpo.

 

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Escrita por volta do ano 750 a.C, “Ilíada” é uma das obras fundadoras da literatura ocidental. O poema épico relata os 10 anos de embate após o rapto de Helena, rainha de Esparta, por Páris, príncipe troiano.

 



 


Criada em 1999 no Paraná, a companhia Iliadahomero se dedica à encenação na íntegra de textos do autor grego. Neste sábado (14/9), o ator Daniel Dantas e a atriz Letícia Sabatella vão apresentar os cantos I e XX da “Ilíada”, com entrada franca, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.


Ligação narrativa

 

Octavio Camargo, fundador da companhia e diretor do espetáculo, explica a importância de unir os dois cantos na mesma apresentação. “Eles são fortemente interligados. No Canto I, Aquiles, principal personagem da ‘Ilíada’ e maior dos guerreiros gregos, tem um desentendimento com Agamemnon e decide não participar mais da Guerra de Tróia”, diz.

 


“Já no Canto XX, ele volta ao combate após a morte de Pátroclo. Nesse sentido, ambos os cantos têm o nexo narrativo focado na ausência e presença de Aquiles na guerra”, completa.

 


De origem divina, Aquiles, filho do rei Peleu e da nereida Tétis, se tornou um dos mais formidáveis heróis gregos. Sua influência na Guerra de Tróia é constantemente explorada na “Ilíada”, cuja narrativa parte já do meio daquele conflito.

 

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No Canto I, declamado por Daniel Dantas, o deus Apolo envia praga devastadora que atinge o acampamento grego devido à recusa do comandante Agamemnon em devolver a prisioneira troiana Criseida ao pai, sacerdote do deus do Sol. Para renunciar a Criseida, o comandante exige que a prisioneira de Aquiles, Briseida, lhe seja dada em compensação.

 


Insultado pelo pedido, o semideus se retira da guerra. Sem o seu principal guerreiro, o Exército grego sofre inúmeras baixas. A ira de Aquiles se estende até o Canto XX, quando, enfurecido pelo assassinato de seu amigo Pátroclo pelos troianos, ele decide voltar ao campo de batalha.

 


“O canto do Daniel, por ser o início do poema, é caracterizado pelo tom de contação de história. O meu é carregado de ação”, explica a atriz Letícia Sabatella.

 


“As pessoas geralmente acreditam que a minha parte é mais delicada, quando, na verdade, é um dos cantos mais violentos da narrativa. No Canto XX, vemos muito da bestialidade de Aquiles. Magoado e enfurecido, ele sai para vingar a morte de Pátroclo”, detalha Sabatella.

 

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Daniel e Letícia ocupam o palco em momentos distintos. A peça é encenada em formato de monólogo e a dupla interpreta diversos personagens no decorrer das respectivas falas. Recursos como a luz contribuem para o público diferenciá-los. O deus Netuno, por exemplo, recebe iluminação em tons de azul, enquanto Aquiles surge sob a luz amarela.


Oralidade

 

“A ‘Ilíada’ é um épico, o primeiro gênero literário do Ocidente, caracterizado pela poesia que deriva de uma atenção oral. Assim, todos os cantos da obra são escritos de forma que haja alternância entre narração e discursos diretos dos personagens. Esse gênero de escrita é chamado de rapsódia”, comenta Octavio Camargo.

 


A apresentação faz parte do Acessa BH, festival com foco em inclusão e acessibilidade cuja programação se encerra em 29 de setembro. “Ilíada de Homero – Cantos I e XX” terá interpretação em libras e audiodescrição.

 


“ILÍADA DE HOMERO – CANTOS I e XX”


Peça com Daniel Dantas e Letícia Sabatella. Sábado (14/9), às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Entrada franca, com retirada de ingressos na bilheteria do teatro a partir das 18h, no dia do espetáculo. Promoção do Festival Acessa BH.


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

 

OUTRAS ATRAÇÕES

 

>>> FLUTUAR E GEISA FELIPE

 

A Flutuar Orquestra de Flautas, com regência de Alberto Sampaio, se une à solista Geisa Felipe em concerto que faz ode à brasilidade. Músicas de Tom Jobim, Milton Nascimento, Edu Lobo e Chico Buarque serão apresentadas com arranjos inéditos neste sábado (14/9), às 20h, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda no site feabh.byinti.com.

 


>>> MANHÃS MUSICAIS

 

O pianista Eduardo Hazan se apresenta domingo (15/9), às 11h, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). O repertório da série “Manhãs musicais” reúne Villa-Lobos, Liszt, Mozart e Chopin. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), no site feabh.byinti.com.

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