Em "Desenhos são como sementes debaixo de tudo" a artista visual peruana radicada em Minas Gerais Nydia Negromonte apresenta uma série de trabalhos que tecem um diálogo entre passado e presente através da utilização de materiais e procedimentos explorados por ela em diferentes fases da vida.

 




A mostra, em cartaz até 24 de novembro na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, é fruto de uma imersão da artista em quatro volumes da coleção didática “O pequeno cientista”, escritos por Elza de Moura e Maria Dondina. As obras fizeram parte da infância de Nydia e agora inspiram novas criações.

 

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Os livros convidam as crianças a responderem a perguntas didáticas por meio de desenhos. Fato que despertou na artista uma conexão imediata com seu próprio trabalho atual, já que desde a graduação, em 1989, na Escola de Belas Artes da UFMG, ela vem explorando essa ferramenta como forma de expressão artística.


Tridimensionalidade

 

Nydia conta que, ao revisitar os livros, percebeu que seu trabalho já vinha, de forma intuitiva, respondendo às questões propostas ali. "Achei muito bonito que o livro pedia para responder com desenhos e percebi que várias das experiências eu já vinha respondendo no meu próprio trabalho. Isso me fez mergulhar ainda mais nesses livros", afirma a artista.

 

 

Com curadoria de Mariana Leme, na exposição o desenho ocupa papel central. Entre os elementos recuperados, destacam-se o uso de fio de cobre, utilizado nos anos 1990 para, segundo ela, "desenhar no espaço", e o algodão, que também aparece em um trabalho de 2015. Nydia Negromonte explica que a exposição tem o desenho como estrutura central, mas não se restringe ao papel como suporte. A tridimensionalidade também aparece, embora sempre ancorada na ideia de desenho.


Olhar do espectador

 

A exposição ainda apresenta colagens da série “Fabulação”, criadas em 2019, nas quais Nydia utiliza fotografias de arquivo familiar para criar narrativas visuais. "As colagens dialogam com os demais trabalhos da exposição de forma direta ou indireta, muitas vezes evocando elementos dos livros, mas sem serem literais. Há uma conexão profunda com a ideia de observação e ressignificação", explica a artista.

 


Negromonte ainda destaca a importância da observação como operação central na sua prática artística. "O cientista observa, verifica, anota, experimenta, testa – todos esses verbos são igualmente aplicáveis ao universo das artes plásticas”, diz.


Segundo Nydia Negromonte, todas as obras são criações abertas, onde o espectador desempenha um papel ativo na construção de significados. "Quem cria detém uma parte do que a obra pode vir a dizer, mas o espectador acessa a obra de diversas outras maneiras", finaliza a artista.


“DESENHOS SÃO COMO SEMENTES DEBAIXO DE TUDO”
Exposição de Nydia Negromonte. Abertura nesta quinta-feira (19/9), na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244 – Lourdes). Em cartaz até 24 de novembro. Visitação: de terça-feira a sábado, das 10h às 20h; e domingos e feriados, das 11h às 19h. Entrada gratuita.

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