Lá se vão 37 anos desde que os então estudantes universitários Thedy Corrêa, Carlos Stein e Sady Homrich lançaram a faixa “Camila, Camila”, no álbum “Nenhum de Nós”. Era a estreia do trio homônimo ao disco que começava a chamar a atenção em festas e eventos da capital gaúcha com covers de Paralamas do Sucesso, Talking Heads, King Crimson e David Bowie.


“Foi engraçado, porque essa música (‘Camila, Camila’) não estourou de uma vez. Ela foi ficando conhecida aos poucos”, lembra Thedy Corrêa, vocalista da banda, que posteriormente incorporou os músicos Veco Marques e João Vicenti, morto em março deste ano, em decorrência de câncer no rim.


“Lançamos o disco em 1987. ‘Camila, Camila’ foi tocando um pouco em cada cidade, subindo para Santa Catarina, Paraná e depois para o Sudeste. Mas ninguém da banda sabia que ela estava ganhando popularidade. Então, lá para o final de 1988, quando gravamos nosso segundo disco, foi que tivemos a real noção de que a música tinha estourado.”

 




“Camila, Camila” não só ganhou popularidade, como virou uma espécie de grito de socorro de muitas meninas – e também alguns meninos – que sofriam violência na época, conforme escreveu o jornalista Marcelo Ferla na biografia “Nenhum de Nós: A obra inteira de uma vida”.


Na sequência, a banda lançou “Cardume” (1989), que tinha no lado B nada menos que “Astronauta de mármore”, versão que o Nenhum de Nós fez para “Starman”, de David Bowie. Os dois hits lançados em intervalos pequenos alçaram os gaúchos ao estrelato, e o resto é história.

 


É para comemorar essa história que eles desembarcam na capital mineira para se apresentar no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes nesta sexta-feira (20/9). Os ingressos estão esgotados.


O repertório, que evidentemente contará com “Camila, Camila” e “Astronauta de mármore”, contemplará todos os outros 15 discos de inéditas lançados até 2020, ano em que a banda lançou seu último álbum.


“Buscamos colocar canções que não tocávamos há muito tempo, para dar uma dinâmica nova ao show, fazendo com que ele seja completamente diferente do que estamos acostumados a fazer”, ressalta Thedy. Além disso, levar a apresentação para o palco de teatro dá um caráter mais intimista para a performance da banda, garantindo uma troca mais direta com a plateia.

 


O Nenhum de Nós, aliás, foi uma das primeiras bandas de rock a apostar nesse formato de show, quando gravou de maneira independente o álbum “Acústico ao vivo”, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.


“Era uma época em que ninguém usava o termo ‘acústico’. A MTV, por exemplo, se referia a esse formato como ‘unplugged’”, lembra Thedy.


Para o próximo ano, o Nenhum de Nós não vislumbra nenhum disco novo. A ideia é retomar com shows de “Feito em casa” (2020), que não puderam ser realizados por causa da pandemia, e se adequar à nova formação com quatro integrantes. “Desde o ano passado, estamos lidando com a ausência do João Vicenti, que infelizmente se tornou definitiva agora em março. Então, estamos procurando recriar algumas coisas sem mexer naquilo que ele também criou”, diz Thedy.


Despedida precoce 

 

João Vicenti Vieira dos Santos era gaiteiro e tecladista da banda Nenhum de Nós desde 1994. Ele morreu no último dia 26 de março, aos 58 anos, vítima de câncer no rim. Dois meses antes, os integrantes do Nenhum de Nós fizeram uma campanha para pedir doações de sangue ao músico, que passava por tratamento contra a doença. Nascido em São Gabriel (RS), o gaiteiro era filho do folclorista Lídio Vieira dos Santos. Foi um inovador do rock brasileiro ao introduzir o acordeom nas melodias do rock.

 

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NENHUM DE NÓS – 37 ANOS DE CARREIRA

Nesta sexta-feira (20/9), às 21h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos esgotados.

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