Eventos culturais são eficazes para revitalizar e homenagear espaços urbanos ameaçados pelo esquecimento e pela depredação. E foi justamente isso o que inspirou Fabiana Pinheiro a idealizar e criar o Sapucaí Festival, cuja segunda edição ocorrerá neste sábado (21/9) e domingo (22/9), na Rua Itambé, no Bairro Floresta.

 




“Ver essa região histórica de Belo Horizonte sendo pouco ocupada ou depredada me deixava muito triste. Então, eu quis mesmo transformar o festival nessa mola propulsora de desenvolvimento criativo e econômico para a cidade” afirma Fabiana.


O evento, que acontece durante o dia, oferece programação gratuita, diversa e destinada a todos os públicos. Neste ano, além da mudança de local devido às obras na Rua Sapucaí, a edição terá o tema “Legado do Jazz” e vai homenagear a cultura preta brasileira.

 

 
Pela manhã, no Arquivo Público de Belo Horizonte, haverá exibições de documentários e palestras ministradas por professores especializados em jazz, cultura negra e fotografia. As tardes serão dedicadas a exposição fotográfica sobre o movimento Black Lives Matter e apresentações musicais de bandas e DJs da capital.


O primeiro documentário a ser apresentado será o longa “Estrada natural”, do diretor mineiro Emerson Penha. O filme discute a decadência das linhas ferroviárias no Brasil, com foco na estrada de ferro Bahia e Minas, que ligava Araçuaí a Caravelas (BA) e foi erradicada em 1966.

 


A produção, que levou nove anos para ser concluída, reúne depoimentos de Adélia Prado, Milton Nascimento, Fernando Brant e outros mineiros impactados pela história da ferrovia, além de imagens restauradas do período em que o trem ainda circulava.


“O festival tem uma conexão direta com o nosso documentário, pois aquela região nasceu com o trem de ferro. E o filme fala dessa história de Minas Gerais, tendo uma das maiores conexões ferroviárias do mundo no passado e que foi arrancada do povo mineiro. Para nós, é importante reconhecer que a retirada da ferrovia também foi como se arrancasse um pedaço da gente, um pedaço da história”, explica Penha.

 


Sinatra e Jobim

 

O baterista e professor André Limão Queiroz também participa do festival. Nos dois dias de evento, ele fará homenagem ao músico Paulo Moura com o Cléber Alves Sexteto e se apresentará com o Izza Jazz Quarteto nos shows “Divas do jazz” e “Lendas do jazz”, que terá no repertório “Fly me to the moon” (Frank Sinatra e Count Basi), “Samba de uma nota só” (Tom Jobim), “Desafinado” (João Gilberto) e “All of me” (John Legend).


Um dos destaques musicais do festival é a apresentação do Juventino Dias Sexteto. O trompetista, um dos um dos vencedores do Prêmio BDMG Instrumental 2023, sobe ao palco neste sábado, às 18h, como o show “Afromineiro”.


Queiroz também vai ministrar a primeira palestra do festival, discutindo a contribuição de artistas como Laércio Vilar, Esdra “Neném” e Santiago Reyther para a música brasileira e destacando a influência da cultura preta em suas criações.


“Ser um músico envolve conhecer nossa cultura. Então, a minha intenção com os estudos é sempre adquirir conhecimento e poder ensinar outras pessoas. Minha pesquisa é sobre buscar as origens, mergulhar na discografia dos artistas, entender porque tocam de certa forma e destacar suas influências, numa arqueologia da música brasileira”, explica o baterista.


O Sapucaí Festival também terá um circuito gastronômico que homenageia a cultura alimentar ancestral de Belo Horizonte, com a participação de microempreendedores da gastronomia e bares da capital.

 

 

SAPUCAÍ FESTIVAL
Evento na Rua Itambé (no quarteirão entre a Avenida Assis Chateaubriand e a Rua Geraldo Teixeira da Costa), neste sábado (21/9) e domingo (22/9), das 10h às 20h30. Programação completa e horários em https://www.instagram.com/sapucaifestival/. Entrada gratuita.


* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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